quinta-feira, dezembro 31, 2009
Eu recebo, aceito e agradeço!
É que, para recebermos presentes, precisamos estar receptivos. Parece óbvio, mas não é. Há muitas pessoas que reclamam da vida, mas que jamais se abrem a mudanças. Muitas mesmo! A vida está sempre entregando presentes de todos os tipos, mas ainda escuto dizerem que a vida é injusta ou então que tudo que estão passando foi vontade de Deus. Sempre me pergunto o que Deus tem a ver com a desgraça alheia. Acredito que sejamos responsáveis pelo que nos ocorre pelo simples fato de que somos semelhantes à Divindade. E essa afirmação está na Bíblia e em muitos outros livros sagrados. Ora, se somos centelhas divinas, por que haveríamos de estar destinados à tristeza e ao sofrimento? Por que não somos capazes de, a qualquer momento, recriar nossa realidade?
Nesses últimos meses de 2009, aprendi – não sem um pouco de dor – que posso, de fato, criar a minha realidade. Modificando e rompendo com o que não me faz feliz, recebendo diariamente os presentes com que a vida me brinda. Mas pra isso é preciso coragem para descartar o que não me serve mais. As amarras e os pactos, muitas vezes feitos através de crenças e valores que não nos trazem mais felicidade ou que não combinam com a nossa essência, são o grande impedimento para a conquista de novos e melhores dias.
É claro que já li isso em muitos lugares e, se é simples assim, por que ainda duvido muitas vezes? Por que há dias em que olho pro céu e acho que tem algo errado comigo? Nesses momentos, se eu conseguir me acalmar, vou perceber que há uma sombra que me distancia de mim mesma e saberei dissipá-la. A sombra, assim como a luz, está em todos os lugares. Ao percebê-la, tenho o poder de transmutá-la e de voltar a me conectar comigo mesma.
Mas e os presentes da vida? Também descobri que preciso aprender a aceitá-los. Por que desconfiar de presentes preciosos só porque chegaram inesperadamente e sem programação? Muitas vezes, em função de muitas experiências e ensinamentos do passado, julgo-me inelegível ao que a vida me oferta e, sem perceber, rejeito o que recebo. Hoje, com muito esforço, começo a me achar digna de receber todos os ricos presentes a que tenho direito. E tenho certeza de que são muitos.
Aprendi que devo confiar no fluxo da vida e aceitar, receber e agradecer todas as bênçãos que recebo. Recebi muitos convites para um 2010 feliz, mas isso implica em romper com laços que já não tem nenhum significado, mantidos pelo hábito e pelo costume. Muitas vezes, tenho medo da renovação, mas quando reconheço esse sentimento, posso enfrentá-lo com a confiança de que há no Universo presentes preciosos reservados, não só para mim, mas para todos que se acreditam merecedores.
Então, esse é o meu convite à felicidade, nesse novo ano. Porque é preciso renovar sempre. Então, como naquela velha propaganda de desodorante, se um estranho lhe oferecer flores: RECEBA, ACEITE e AGRADEÇA.
domingo, dezembro 27, 2009
O que se pode esperar do outro?
Meu mp3 sumiu. Aliás, um fato totalmente compreensível para quem anda guardando celular em geladeira e procurando, pela casa, chaves que estão no bolso. Daí que as pedaladas na praia ganharam um sabor especial, já que, em vez de músicas e palestras, fico escutando minha própria voz, num engraçado colóquio comigo mesma. Às vezes, sucedem-se perguntas e respostas num diálogo interno divertido.
segunda-feira, dezembro 21, 2009
Tenda do Suor
sábado, dezembro 19, 2009
Completos ou complexos?
Estava pensando, hoje, nas características de um novo e dadivoso acréscimo ao meu rol de relacionamentos. Detive-me no atributo de compartilhar que faz essa pessoa conduzir a vida de uma maneira bem diversa de mim, mais dada à introspecção e às atividades solitárias. Ao dividir ideias, processos de aquisição de conhecimento, experiências e até um blog, que para mim, até então, era uma atividade pessoal, me parece que ela possibilita trocas que enriquecem sua caminhada, em todos os níveis da vida.Cheguei a me perguntar se uma pessoa assim não estaria, por vezes, fugindo de si mesmo e das revelações que a experiência profunda de seu espaço interno poderiam trazer-lhe.
A resposta é: não importa. O importante, penso, é a coragem de se expor, num processo cheio de riscos. Através do partilhar e do encontro com o outro, com certeza, ela obtém imagens de si que a fazem se perceber de forma diferenciada e acessar lugares recônditos de seus ser. Não existe certo ou errado nessa seara. A forma que escolhemos para viver algumas de nossas experiências de vida é propiciada pelos fatos/oportunidades com que nos deparamos, sendo, portanto, a reação que nos é possível diante deles.
O que me encanta, nisso tudo, e a razão deste post, é a capacidade de complementaridade com que somos brindados quando aceitamos o outro em nossa vida sem restrições. De alguma forma, ela, mais afeita a partilhas e eu, ainda aprendiz nessa história de trocas, encontramo-nos pela vida. E, de repente, processam-se novas descobertas, aprendizados e experiências que complementam nossos “viveres”. Deve ser por isso que tenho amigas tão diferentes de mim, o que algumas pessoas insistem em recriminar: “como você pode ser amiga de fulana?”. Complementamo-nos e, assim, transformamo-nos em pessoas mais fortes e inteiras.
O resultado desses encontros é sempre uma surpresa, um risco. Nunca sabemos o que vai nos acontecer quando trilhamos um novo caminho, mas de uma coisa tenho certeza: nunca mais serei a mesma pessoa! A transformação, quando nos deixamos “atravessar” pelo outro, é inevitável e, muitas vezes, inesquecível! Isso faz sentido, também, pra você?
domingo, dezembro 13, 2009
Relações e expectativas, sonhos e decepções
segunda-feira, dezembro 07, 2009
O voo dos pássaros
O passarinho se aproximou. Sua visão é meu deleite. Me aproximo lentamente para não assustá-lo e poder observá-lo bem de perto. Quero ver a cor das penas, o mover nervoso do pescoço e, em seguida, a imobilidade, quando ele também parece querer se apropriar da visão que tem de mim, ali tão perto. Os dois, imóveis, transformam o tempo. Frações de segundos são horas para quem sabe perceber a infinitude da instantâneo. Perdemo-nos, ele e eu, no instante.
sábado, novembro 28, 2009
Dando nome aos bois
Enviei o e-mail, falei o que desejava, mas fiquei com essa pergunta: por que me preocupar tanto com o outro a ponto de pedir autorização para uma ação tão corriqueira? Até porque o receptor da mensagem pode escolher entre ler ou não, responder ou não, de acordo com seus próprios interesses e desejos. O fato é que demorou alguns dias até eu ter a coragem de admitir que minha ação foi motivada, de fato, pelo receio de não ser aceita. O que eu queria dizer mesmo era: tenho medo de ser rejeitada! Reconheci que confundo aceitação com afeto e, ao confessar isso pra mim mesma, pude começar a tratar esse sentimento.
Acho até bonito: olhar a emoção de frente, reconhecê-la e, simplesmente, dizer que ela pode dar lugar a uma outra mais saudável. Lembrei-me da música: “nem mesmo Cristo agradou a todo mundo”. E nos relacionamentos, de todas as ordens e níveis, não é diferente. Agradamos ou não e isso nada tem a ver com afeto, pois mesmo os amigos mais queridos podem se aborrecer com minhas ideias e atitudes vez por outra.
Acessar esse sentimento foi como parar de mentir pra pessoa com que mais converso: eu mesma. E isso foi bom demais. Desde aquele dia, tenho procurado dar nomes aos bois, sem medo. E, é claro, que os bois são minhas emoções, invariavelmente enormes. Se sinto vontade de chorar ou rir, só pela evocação de um fato, procuro dentro de mim aquilo que realmente causa a dor e me surpreendo não só pelo reconhecimento da verdade desse sentimento, quanto pela responsabilidade que assumo por ele. Denominando-o, reconheço que ele me pertence, qualquer que seja sua origem. Raiva, medo, desejo, curiosidade, preguiça, carência, sentimento de posse e insegurança são alguns dos bois que nominei recentemente.
sábado, novembro 14, 2009
Eu e Clarice
Essa história começou com Água Viva, um livro envelhecido, há muitos anos na minha estante. Não sei o que me atraiu pra ele, este ano, mas, sem exagero nenhum, esse livro mudou minha vida. Já tinha um certo gosto pela autora, conhecia alguma coisa de sua obra, mas nunca tinha sido arrebatada dessa forma.
A partir da leitura de Água Viva, eu não leio mais Clarice, vivo Clarice, compartilhando com ela emoções tão fortes que me fazem, às vezes, adiar a leitura de um livro por uma semana, para adquirir alguma força para lidar com as emoções que ele suscita. Me dou então, sempre que estou assim, permissão pra escrever, pela urgência que sinto de não conter esse sentimento. Aí me espanto – para não usar a palavra assustar, que tenho evitado ultimamente porque não quero mais ter medo de nada. Não entendo muito como pode-se ler a si mesmo em outro (no caso, Clarice) de uma forma tão inteira e completa. Não, não há nada completo em Clarice, só uma imensa busca, um turbilhão de desejos e uma certa dor diante da vida.
Não sou profunda conhecedora de sua obra, mas posso me dizer uma profunda “sentidora”, porque sinto visceralmente o que escreve. Verdadeiramente. Uma vez li que a arte só cumpre sua função quando consegue atravessar as pessoas, então Clarice cumpre a sua, comigo: me atravessa, como nenhum outro escritor jamais o fez. Sinto-me, muitas vezes, em carne viva, exposta como nunca estive. E o pior é que eu gosto. Porque me enxergo, porque sinto e porque me concedo, por meio dela, permissões que jamais me concedi. Num movimento que me revira do avesso e, depois, me tranquiliza. Uma espécie de terapia literária, um encontro dela e de mim mesma. E que encontro!
quinta-feira, novembro 12, 2009
Compartilhando amor
Hoje acordei especialmente encantada com a vida. É um sentimento comum depois de um fim de semana na Aldeia do Sol. Penso em tudo o que aconteceu nesses dois dias e, por instantes, acho que sonhei. Olho as pessoas na rua e vibro amor; vejo o azul do céu e fico emocionada. Tudo bem, foi apenas uma vivência de fim de semana como tantas de que já participei. Chegamos às 9h da manhã no sítio em Sacra Família, Rio de Janeiro. Conversamos, tomamos café e seguimos para as práticas da manhã, que incluíam meditação e técnicas xamânicas de cura e autoconhecimento, que preparariam corpo e alma para o ritual da Tenda do Suor, no fim da tarde. Nada de muito novo pra mim, mas tudo muito fundamental.
quarta-feira, novembro 04, 2009
Relações virtuais... e especiais!
Mas ainda fico um pouco constrangida diante desses encontros e, por isso mesmo, resolvi escrever sobre eles. Meu constrangimento talvez se deva ao fato de que a minha geração assistiu ao boom das relações virtuais, vendo crescer a procura por salas de chat para relacionamentos virtuais de todo o tipo, que jamais seriam reais. Eu nunca fui adepta (é sério), mas ouvia as histórias com o preconceito inerente à minha educação conservadora.
Não é sem dificuldade que transito no meio virtual, mas, cada vez mais, vejo meus preconceitos caindo por terra. Aprendi com os meus meninos a usar o msn, que se transformou num excelente aliado profissional, por me facilitar o alcance a clientes e fornecedores de todos os lugares, e pessoal, por me permitir conversar com novos e velhos amigos que também estão por todo o Brasil (e, muitas vezes, fora dele). Depois veio o orkut, recentemente o twitter – responsável pelo ressurgimento deste blog – e o facebook (a que ainda não me afeiçoei).
Com toda essa modernidade, ainda resisto diante de relações que acontecem exclusivamente no meio virtual (e por meio dele). Mas há algumas que me surpreendem e fico achando, até, que o Divino anda operando também por meio virtual. Pela internet, emociono-me, espanto-me e vejo que minhas palavras fazem eco em algum ponto distante dessa teia invisível que é a vida.
Se me lembro dos conceitos dos irmãos indígenas, que entendem os seres vivos TODOS como integrantes de uma imensa rede, que nos unifica; virtual ou real, tudo isso faz sentido. E, aí, a tecnologia é só uma nova forma de ver o mesmo e uma coadjuvante nesse processo milenar de intrincadas relações. Já começo mesmo a concluir que não há mais fronteiras entre o real e o virtual. Temos, apenas, que mudar a forma de assimilar, ajustar o olhar.
Afinal, se “somos todos um”, ninguém será autossuficente a ponto de não precisar do outro e esses encontros (que, dizem, estão programados) podem, sim, aproveitarem-se da rede. Agora, diante desse cenário, não sei – e também não quero descobrir – como me expressar em 140 caracteres, como o twitter e o sms exigem! Sou prolixa demais!
terça-feira, outubro 27, 2009
Desconstruindo ilusões
Até nos contos de fadas vemos referência a esse sádico prazer humano, veja a história dos três porquinhos. Por isso vivemos a desconstruir. E esse processo nunca é indolor. Mas, além da dor, há que se ter o aprendizado, porque a dor por si só não nos garante dias melhores. Há inclusive o risco de se buscar uma nova ilusão para aplacá-la e lá vamos nós construir novos castelos. Hoje, quero sentir de verdade cada parede que cai, experimentar os sentimentos com a resignação de quem tem verdadeiramente muito o que aprender. Desejo enxergar a mim mesma sem véus, sofismas, prismas. Alcançar, se possível, algumas das faltas e desejos (porque outras, de tão fundas, requerem ainda um trabalho arqueológico de mim mesma) que me impelem a buscar ilusões.
O mundo é maravilhoso e nos atende em nossos desejos verdadeiros. Se antes buscava o inexistente e me comprazia achando-o possível, hoje busco a destruição de tudo em mim que se assemelha à casinha de palha do porquinho da história. Para aplacar essa dor, que me vem ondas, conto com uma ajuda linda desse imenso Universo, que pontua o meu caminho de anjos, amigos queridos ou queridos desconhecidos, que me ensinam pouco a pouco o que é viver. E eu gosto de cada etapa desse aprendizado! Mãos à obra!
quinta-feira, outubro 22, 2009
Porque contar parece com não morrer...
quarta-feira, outubro 21, 2009
Mais milagres: experiências que valem a pena e possibilidades
Lembrar-me de como me sentia há anos, me faz pensar que posso voltar a enxergar as coisas daquela mesma forma, já que ando me propondo mudanças, simplesmente porque preciso estar entusiasmada com o que faço para me sentir feliz. Talvez esteja me faltando coragem para enfrentar novos desafios, já que eles se apresentam todos os dias. Mas tudo isso pode ser revertido. Tenho que (e posso) buscar o que faça meus olhos brilharem. E, se não consigo fazer isso sozinha, tenho amigos que podem me ajudar.
Recordei-me, também de outra experiência, essa mais recente. Foi a POSSIBILIDADE de realização de um projeto, com que a vida me acenou. A proposta era bacana e parecia proveitosa. Tanto que achei que fosse uma alternativa a essa minha atual (e passageira!) falta de entusiasmo. Fiquei surpresa ao perceber que minhas expectativas não se realizaram. Preciso dizer que surpresa é a palavra que uso hoje, mas, a verdade é que, quando percebi que estava vivendo uma ilusão e que o mercado e mundo real funcionavam além dos meus sonhos, sofri e sofri e sofri. E não posso descrever aqui tudo o que me passou pela cabeça. Quantas vezes me achei incapaz, incompetente e tantos ins..... que, ao fim de uma madrugada sem dormir, eu estava um trapo emocional. E o pior, com a auto-estima no chão!
Mas, como todos os dias têm um novo amanhecer, o sol – sempre ele – trouxe a luz pros meus pensamentos. Consegui enxergar o outro lado de uma situação que me parecia indigesta. Vi as oportunidades que tive, os sentimentos que experimentei, a alegria e a emoção que cada passo daquela aventura me proporcionaram. Por conta da POSSIBILIDADE de realização de um novo trabalho, li livros que jamais lera, ouvi músicas que não conhecia (só pra espairecer enquanto curtia a preparação da proposta hehe), saboreei textos, escrevi muito... não, realmente, não há do que me lamentar. Vi que tudo tinha sido bom demais. Era só uma questão de ver, uma opção de viver. Aí compreendi que ser feliz é só, MESMO, uma questão de escolha.
terça-feira, outubro 20, 2009
Concerto Místico
domingo, outubro 18, 2009
"Blogar é ouvir a si mesmo"
sexta-feira, outubro 16, 2009
O sol iluminando novos lados
Há sempre uma forma diferente de se pensar sobre alguma coisa. Mas, muitas vezes, (aqui eu falo apenas por mim) fixo-me em uma das facetas da questão esquecendo de que há tantas outras e experimentando um sofrimento desnecessário. Muito comum, isso, pra mim! Mas estou aprendendo. Hoje posso me dizer mais consciente de muitas coisas que sequer sabia existir há menos de 10 anos. E com essa consciência, ainda muito pequena, consigo perceber coisas importantes através de acontecimentos banais.
quinta-feira, outubro 15, 2009
Capacidade de estar só e de amar
"A capacidade de estar sozinho é a capacidade de amar. Isso pode parecer paradoxal a você, mas não é. Essa é uma verdade existencial. Somente pessoas que são capazes de estar a sós e se sentirem confortaveis consigo mesmas, são capazes de amar, de compartilhar. De ir até o âmago da outra pessoa sem possuí-la, ou sem se tornar dependente do outro, reduzindo o outro a uma coisa, e sem ficar viciado no outro.
Permitem ao outro liberdade absoluta, pois sabem que se o outro for embora eles serão tão felizes como são agora. A felicidade deles não pode ser tirada pelo outro porque não foi dada pelo outro. Então porque eles querem ficar juntos? Isso não é mais uma necessidade, é um luxo! Eles apreciam compartilhar, possuem tanta alegria que gostariam de derramar sobre alguém.
Eles sabem como tocar a vida deles como um instrumento solo. O tocador de flauta solo sabe como desfrutar de sua flauta sozinho. E se ele chega e encontra um tocador de tabla solo, ambos irão gostar de ficar juntos e criar uma harmonia entre a flauta e a tabla." (Osho)
domingo, outubro 11, 2009
A beleza e a dor de crescer!
A infância que trago dentro de mim não é de todo ruim. Gosta de andar descalço, ri das coisas muito simples da vida e se emociona com um olhar carinhoso. E tudo isso é bom! Mas essa mesma criança faz birra quando é contrariada, por muito pouco se sente rejeitada e detesta limites. A lista de ambos os lados é enorme, mas se a vida consiste em aproveitar ao máximo as experiências que nos são proporcionadas, vou aproveitar o feriado para me esbaldar com o meu lado criança. Vou fazer brigadeiro, esquecer a dieta, comer pipoca com os meninos, andar descalço, brincar com a vida, fazer castelo de areia.
Depois, na terça-feira, retomarei meus esforços para encontrar o equilíbrio, fazendo com que esses meus dois lados coexistam pacificamente. Agora penso na minha infância, quando, tão séria, achava que tinha que salvar o mundo, tomando para mim uma responsabilidade muito maior do que aquela que deveria protagonizar. E todos achavam bonitinho, uma menina tão precoce! Talvez, por isso, hoje a adulta séria tenha que fazer birra e bater pé! Lei das compensações...
Mas não há de ser nada. Ainda há tempo para crescer, muito o que aprender e tenho só 42 anos.
terça-feira, outubro 06, 2009
A música religando tudo
Vi Throw Down your Heart (www.throwdownyourheart.com) porque estava muito cansada, adoro cinema e... aproveitei para passar um par de horas sentadinha curtindo um festival do IFC. O resultado foi pura emoção. O filme – um documentário bem dirigido e sensível – acompanha viagem do músico Béla Fleck pela África, onde tenta resgatar as origens pouco conhecidas do banjo. A jornada resultou na gravação de um CD com participações especiais de músicos talentosos, mas pouco conhecidos fora de suas aldeias.
O instrumento banjo não é muito popular entre nós, mas me emocionei ao ver a arte transpondo obstáculos como a cultura, a língua e a raça, estabelecendo relações onde só posso dizer que consigo enxergar a presença do amor. Não foi por acaso que o filme ganhou prêmios por aí.
Sem falar de Deus e de religiões, o filme me remeteu aos conceitos de irmandade que ouvimos em tantos discursos. Ver aquele homem branco – Béla é um típico americano em sua aparência – misturar-se a moradores de pequenas aldeias africanas e ser tratado como irmão, comunicando-se muitas vezes quase que exclusivamente através da música, renovou minhas crenças nas possibilidades de um mundo melhor. A música é um caminho. A arte é um caminho. E abrir o coração para as emoções é, para mim, o único caminho. Em Throw Down Your Heart, a música de Béla é a chave para a eliminação de fronteiras de todo o tipo.
É difícil escrever sobre esse filme sem deixar meu coração transbordar, mas me senti parte dele e parte importante do mundo em que estou inserida. De nada adianta ignorar as milhares de aldeias e raças com todos os seus problemas, mas com inestimável riqueza cultural . Eu sou parte de tudo e a prova disso vem através de situações como esse filme de Béla Fleck, que me chegou inesperada e felizmente.
Não há como ficar indiferente ao banjo de Béla, mas também é impossível manter a indiferença diante da africana, quase sem dentes, que faz de seu corpo e de sua boca uma verdadeira orquestra. Não dá pra ignorar homens que fazem da música uma tradição familiar e celebram com ela todos os momentos de sua vida e de seus familiares, do nascimento à morte. Impossível não se emocionar diante de pessoas para quem a música é tão vital quanto a farinha que faz o pão das refeições diárias.
terça-feira, setembro 29, 2009
Uma lição de amor
- A gente queria confraternizar com a família dele. Parece que ele tem um filho de três anos. A gente estaria disposto até a ajudar essa família no nosso instituto. Desde que eles no vejam também como pessoas normais. Nós somos trabalhadores, minha filha e minha esposa estavam ali cuidando do nosso negócio. Perdemos um filho, sabemos o que é isso. Ele foi mais uma vítima da sociedade. O que a gente procura é exatamente isso, tirar crianças da deliquência - explicou ele.
Para o professor, mesmo tendo ameaçado a vida de outras pessoas, inclusive a da própria mulher dele, Sérgio também foi uma vítima:
- A minha esposa foi vítima, dentro da nossa concepção. Mas aquele rapaz também foi vítima, ele foi levado à deliquência por conta do nosso modelo de sociedade. Acho que este rapaz é o resultado do desamor, de uma sociedade deturpada, equivocada, com políticos corruptos. O sustentáculo daquele garoto era a avó. Depois da morte dela a família se rompeu - disse ele, agradecendo o fato da mulher ainda estar viva:
- Deus deu tanto para a gente, que não podemos nos furtar de ajudar a quem precisa. Ele ainda deu mais um favor para a gente, na semana passada. Precisamos prestar conta disso. Não custa nada diminuir a dor alheia."
Instituto Fábio Garrido
O Instituto Fábio Garrido (veja o perfil do instituto no Orkut) foi criado em homenagem ao filho do casal, que morreu aos nove anos vítima de uma leucemia, diagnosticada um mês após bandidos invadirem a casa da família, no Vaz Lobo, e ameaçar a mãe dele com uma arma na cabeça. O instituto funciona em um sítio na comunidade Ilha de Guaratiba e atende 120 crianças. Em obras, pretende ampliar o atendimento para 200 crianças já no Natal. Os meninos e meninas terão atendimento de fisioterapia, ginecológico e pediátrico, três salas de dança, uma de inclusão digital e duas para reforço escolar. Será montado ainda um escritório para atendimento jurídico:
- A dificuldade de conseguir emprego muitas vezes leva os jovens para o crime. Vamos oferecer oportunidades para esses jovens e tentar incluí-los no mercado de trabalho - explica Garrido.
domingo, setembro 27, 2009
Com ou sem sol? A minha escolha...
Mas não foi sempre assim. Moro perto da praia há 12 anos e, nos primeiros dois anos, me senti um pouco culpada pelo meu bronzeado. Especialmente no inverno. Olhava para os homens de terno e para as mulheres de salto alto com que convivia durante a semana e me achava uma representante dos desocupados: uma pessoa que se dá ao luxo de passar os fins de semana à beira mar. Isso porque, na minha fantasia, as pessoas bem sucedidas deveriam sempre trabalhar mais do que o necessário, inclusive aos sábados e domingos. E eu, na época velejadora, estava sempre muito bronzeada com aquela aparência de quem não faz outra coisa senão ficar dourando ao sol.
Essa fantasia acabou! A vela também (pelo menos por enquanto)! Mas continuo bronzeada e não me permito mais ficar longe do mar. É lá que carrego e descarrego minhas energias e fico feliz quando o sol fura a barreira do filtro e me deixa um pouquinho mais queimada! É sinal de que a praia estava boa demais! Trabalho muito – e ás vezes fim de semana também – mas, quando posso, levo livros, papel e caneta, dispenso os amigos e fico ali, no sol, entre leituras e textos.
Mais do que exibir minha cor e meu modo de vida sem culpa, aprendi a respeitar as escolhas. Vejo com naturalidade a mulher que, feliz, tosta ao sol o dia inteiro (se usa filtro ou não, esse já não é um problema meu) e aquela que se afasta do sol pra manter a alvura da pele e evitar o envelhecimento precoce. São escolhas. Tão diferentes quanto as pessoas, que eu aprendi a respeitar para me sentir sempre no direito de exercer as minhas próprias escolhas. Sem culpas!
domingo, setembro 20, 2009
Ferreira Gullar na Bienal
Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também
quarta-feira, setembro 16, 2009
Abaixando a máquina (e a soberba)
O documentário despretensioso e heroico em sua produção (basta olhar a ficha técnica), premiado em festivais nacionais e apresentado em circuito tão alternativo quanto a sua produção, me fez pensar tanto que deixei a questão da ética jornalística de lado. Não há como dissociar os cidadãos “fotógrafos” dessa imensa rede global que compomos TODOS, necessariamente um/em conjunto, afetando e sendo afetados em cada um de seus nós, não importa a distância das conexões. Vários dos profissionais que gravaram seus depoimentos fizeram parte do início da minha trajetória como jornalista. De alguns, cheguei a conhecer sonhos e anseios, muitos dos quais compartilhava há quase 20 anos.
Sim, o documentário emociona pela exposição da nossa realidade carioca, através das lentes dos fotojornalistas e das escolhas que cada um faz diante do “objeto” de seu trabalho. Mas, para mim, essa não é a principal questão. O que importa, hoje, é reconhecer que faço parte dessa realidade – rede – composta de fotógrafos, jornalistas, marginais, intelectuais, costureiras, ambulantes, rios, animais e tudo o mais que tiver vida nesse planeta. O impacto das minhas atitudes faz grande diferença nessa rede, como a pedrinha pequena, capaz de alterar a superfície do lago. O que vi no documentário, certamente, é resultado das minhas atitudes e é aí que tudo isso me atravessa. É aí que há sempre o que mudar! Somos todos iguais, em algum ponto: bandidos e mocinhos!
terça-feira, setembro 08, 2009
Comunicando assim assim ou Pernil com purê de maçã
Mas aí é que surgem os dilemas. Primeiro, tenho que me policiar para não passar todo o tempo que tenho (e o que eu não tenho também) clicando numa infinidade de links – nem todos realmente interessantes – e lendo as piadinhas e comentários daqueles que sigo. Desconfio, que se contabilizar, acabo me perdendo alguma vezes numa sucessão de hiperlinks. Segundo, porque preciso do olho no olho, da voz com suas inflexões e de tantas outras coisas que compõem a nossa comunicação pessoal.
A praticidade dessa comunicação, tão direta quanto rápida, tem aspectos positivos, mas me pergunto se não contribui para acelerar ainda mais essa roda da vida que faz com que semanas, meses e anos passem tão rápido que mal nos damos conta. Eu, em franca experiência de mim mesma e dessa ferramenta de comunicação, ando meio acelerada demais. E dei para fazer coisas esquistas (rs). Ontem, deixei marido e filhos na mesa de jantar e fui pegar a câmera, não sem antes explicar: “é que fiz uma pequena enquete no twitter para decidir qual seria o acompanhamento do pernil e achei que seria bacana postar uma foto do prato pronto.” O estranho é que eles nem estranharam e ainda ajudaram na produção: tinha que mostrar o purê de maçã, sugestão escolhida e que fez o maior sucesso.
Mas tenho que me controlar porque, dentro em pouco, posso correr o risco de substituir papos por posts, de 140 caracteres, eventualmente linkados ao realvalor.blogspot.com.
quinta-feira, setembro 03, 2009
Quando vamos, de fato, dizer: BASTA!?
Transcrevo o depoimento do amigo jornalista, Roberto Ferreira:
“Ainda estou sob o impacto do que assisti hoje. Às duas da tarde, na Praça Cardeal Arcoverde, em Copacabana, bem em frente à estação do Metrô, vi uma mulher ter a garganta cortada por um ladrão armado de faca numa tentativa de roubo de celular.
Por sorte, o ferimento foi superficial, embora ela tivesse sangrado muito. Meia dúzia de seguranças do Metrô conseguiram, com muito custo, deter o assaltante.
A mulher falava ao celular, distraidamente sentada num banco da praça, quando foi surpreendida pelo ladrão. Foi uma cena sangrenta que você acha que só vai ver em filmes. Mas foi real.
Há muito tempo eu não atendo ligações no meio da rua. Se estiver perto de uma loja, eu entro e retorno a ligação. Ou espero que a pessoa deixe recado na caixa postal ou me ligue novamente. Se for importante e urgente, ela ligará de novo.
Façam o mesmo. É uma precaução mínima que pode salvar sua vida. Se aquele infeliz tivesse atingido a carótida da vítima, dificilmente ela teria sobrevivido.”
terça-feira, setembro 01, 2009
Prazo de Validade
Quanto a mim, renovei minha lista de ambições: a maior delas, agora, é ser mais tranquila e feliz. Mas também tem aquela ambição de só comer comida saudável (sem abrir mão da cerveja, claro!), de meditar diariamente, de sorrir mais... Vou parar por aqui porque não quero correr o risco de repetir as frases dos ppt de auto-ajuda; poderiam me cobrar direitos autorais (rs).
Mas o que mais tem me inquietado esta semana é notar a apresentação do prazo de validade de nossos corpos. Com 42 anos, tenho acompanhado – com alguma resistência – as evidências da passagem do tempo no meu corpo. Mas, ao longo desses dias, tenho observado muito o meu pai e constato o que a correria do dia-a-dia não me permitira constatar: o tempo dele está passando... E isso é totalmente natural! São 74 anos maravilhosos, que ainda se estenderão muitoooo, mas, como os anéis dos troncos das árvores, cada ano vai deixando uma pequena marquinha. Enquanto isso, seu espírito demonstra mais tranquilidade para lidar com situações que, anos atrás, pareciam inconcebíveis. Ainda bem que acredito...
(Antes que me perguntem: O meu pai colocou 3 stents e deve sair do hospital amanhã!)
domingo, agosto 30, 2009
O outro lado do enfarte / Um presente!
Qual o sentido de problematizar a vida se nada sabemos sobre o que vamos viver no próximo instante? Por que me preocupar com a agenda da semana, se nada me garante que não haverá algum súbito motivo na segunda-feira para cancelar todas as marcações?
Pronto! Lembrei-me, com a enfarte do meu pai, da fugacidade da vida, da necessidade de se viver apenas um momento de cada vez e da infinita beleza de cada instante. Sem saber, meu pai presenteou-me com algo de muito valor, ontem, no hospital: devolveu-me a alegria de viver! Hoje ao fazer café, peguei-me pensando na mágica que é colocar água quente no pó marrom para produzir uma bebida de que gosto tanto. E que me motiva a sentar e conversar com familiares e amigos... Naquele instante, percebi: isso que é viver. Quero estar verdadeiramente presente em cada momento em que me é possível exercitar o existir, com todas as suas intercorrências.
Obrigada, pai! Que toda a FORÇA existente no Universo, esteja com você agora, fazendo chegar ao corpo e ao espírito poderosa energia de CURA e de ALEGRIA, contrariando qualquer outra vibração que possa emanar de uma UTI.
quinta-feira, agosto 27, 2009
Indignação e revolta
quarta-feira, agosto 26, 2009
Tuitando pelo ciberespaço
Num grupo de discussão de profissionais de comunicação de que faço parte, o twitter tem sido assunto recorrente. Um dos último comentários refere-se a uma entrevista a José Saramago, feita pelo Diário Digital, em que o escritor afirma que o twitter "Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido."
Discordo. Para falar a verdade, o dinamismo que a comunicação alcançou hj me faz, entre outras coisas, levantar da cama (como agora) para escrever, ler e pesquisar. A possibilidade de interação e dé disseminação da informação com as novas mídias é fantástica e me assombra. A cada dia conheço novos cases de pessoas físicas ou jurídicas que, se comunicando de forma totalmente impensada há pouco tempo, alcançam uma audiência e, o melhor, um índice de resposta, antes totalmente inimagináveis. Outro fato que julgo imprtante: muitas vezes usam como recurso apenas seu capital intelectual. Mesmo considerando todos os percentuais de acesso à tecnologia, que ainda suscitam programas de inclusão digital, ouso dizer que a informação nunca se disseminou de forma tão democrática.
A dificuldade q se impõe, no entanto, é a capacidade de filtrar (como bem disse a Juliana). E isso vale tto para o receptor qto para o emissor da informação (que alternam seus papéis dianamica e continuamente). Não sou heavy user, mas acho q as possbilidades que essa nova ferramenta me abriu vão mto além do grunhido... Voltei até a escrever um blog, estimulada pela possibilidade de interagir com tantas pessoas e pelo sonho de provocar alguma reflexoes...
Vale a pena ler a última newsletter da Múltipla Comunicação sobre esse assunto.
sábado, agosto 22, 2009
Vida em qualquer idade
Ver o Serguei falar com empolgação de seus projetos, visitando o passado, mas falando de presente e futuro, me fez acreditar – definitivamente - que paixão e emoção estão ao alcance da vida em qualquer tempo.
Hoje, li em O Globo, no caderno Ela, e vi uma foto da Vera Barreto Leite, também conhecida como Vera Valdez, ex-garota Chanel. Com 73 anos, Vera é o centro de uma exposição no Rio sobre a Maison Chanel. Ela também faz uma volta ao passado – a convite do curador da exposição – mas vive intensamente o presente e tem planos para o futuro. Está ensaiando febrilmente um peça teatral que será apresentada no Oficina. Na inauguração da exposição, vestirá Chanel e entrará acompanhada pelos dois bisnetos.
Viva a vida! Sempre!