terça-feira, outubro 27, 2009

Desconstruindo ilusões


Meu dia hoje será dedicado à desconstrução. Há pouco tempo me perguntava porque sempre temos que desconstruir para reconstruir sobre os escombros. Me parece que eu entendo, agora. Não construímos sobre bases sólidas e vivemos a fazer castelos de ilusão, não importa o quanto já tenhamos vivido e aprendido. Não raro, nos apegamos a uma ideia confortável, que encobre providencialmente dores, faltas, carências, complexos, neuroses e, bingo, temos a base necessária para construção de um bonito, mas frágil, castelo.
Até nos contos de fadas vemos referência a esse sádico prazer humano, veja a história dos três porquinhos. Por isso vivemos a desconstruir. E esse processo nunca é indolor. Mas, além da dor, há que se ter o aprendizado, porque a dor por si só não nos garante dias melhores. Há inclusive o risco de se buscar uma nova ilusão para aplacá-la e lá vamos nós construir novos castelos. Hoje, quero sentir de verdade cada parede que cai, experimentar os sentimentos com a resignação de quem tem verdadeiramente muito o que aprender. Desejo enxergar a mim mesma sem véus, sofismas, prismas. Alcançar, se possível, algumas das faltas e desejos (porque outras, de tão fundas, requerem ainda um trabalho arqueológico de mim mesma) que me impelem a buscar ilusões.
O mundo é maravilhoso e nos atende em nossos desejos verdadeiros. Se antes buscava o inexistente e me comprazia achando-o possível, hoje busco a destruição de tudo em mim que se assemelha à casinha de palha do porquinho da história. Para aplacar essa dor, que me vem ondas, conto com uma ajuda linda desse imenso Universo, que pontua o meu caminho de anjos, amigos queridos ou queridos desconhecidos, que me ensinam pouco a pouco o que é viver. E eu gosto de cada etapa desse aprendizado! Mãos à obra!

quinta-feira, outubro 22, 2009

Porque contar parece com não morrer...

Há uma urgência em mim, agora. É a de escrever. Sou uma mulher de urgências. Cheia delas. Tantas são que às vezes esqueço todas, só para não ter que dar conta de tantas. Mas o fato é que andava sem vontade de escrever. Uma discussão na internet sobre blogs me fez pensar no porque de postar meus textos. Achei que esse meu aventado prazer de postar o que vejo e o que sinto era vão e de falsa motivação. Pensei, por dias, que meu desejo real talvez não fosse o de me experimentar ou me conhecer. Que a motivação, que eu pensara ser tão genuína e pura, fosse talvez a mera exposição do ego e por aí foram se enveredando meus pensamentos.
Mas a vida não exige tanto de nós e, felizmente, hoje, ao retornar para o grupo de meditação que frequentei durante anos, me veio a resposta. Bem que me disseram que “quando conseguimos nos conectar a nossa essência, abrimos uma porta para uma conexão maior” e nos conectamos com tudo a nossa volta. A resposta veio em forma de música, que, parafraseada, ficaria assim: "Porque contar/blogar parece com não morrer, é igual a não se esquecer que a vida é que tem razão".
E a vida tem razão mesmo. É só deixar ela acontecer.
Tenho aprendido muito nos últimos meses e, quando apuro minha conexões, vou aprendendo com mestres de todas sorte e recebendo, com imensa gratidão, os muitos presentes que a vida me oferta. São tantos, que às vezes duvido da generosidade do Universo e reclamo. Faço questão de não entender os sinais e dou algumas cabeçadas desnecessárias na vida. Sim, mas com tudo isso, escrever é necessário. Assim, elaboro meu aprendizado e no compartilhar aprendo muito mais do que me seria possível sozinha. Tenho lembrado de uma frase que escuto do meu mestre de reiki há pelo menos uns 5 anos: “não desperdice nenhuma oportunidade de crescimento.” E esse blog é uma delas.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Mais milagres: experiências que valem a pena e possibilidades


Sei que a vida está cheia de “pequenos milagres” que a gente não se dá ao luxo de perceber, mas aquele dia da pedalada, pra mim, teve um sabor especial. Lembrei de experiências importantes. E pude avaliá-las tão melhor. Recordei-me, por exemplo, de um momento especial da minha vida, há bem mais de 10 anos, em que tinha tanto prazer trabalhando numa empresa que, quando chegava, me sentia como um raio de sol a iluminar aquele meio tão burocrático. Na época, eu era a única profissional de comunicação naquele lugar. Descobria o universo da comunicação corporativa e me apaixonava por tudo o que conhecia. Não por acaso, o serviço transcorria maravilhosamente bem, era elogiado e reconhecido. Uma mudança de diretoria interrompeu bruscamente o trabalho, depois de alguns anos, mas, até hoje, tenho um carinho especialíssimo por aquela empresa (e por suas pessoas), onde aprendi tanto e onde me sentia como um raiozinho de sol.  
Lembrar-me de como me sentia há anos, me faz pensar que posso voltar a enxergar as coisas daquela mesma forma, já que ando me propondo mudanças, simplesmente porque preciso estar entusiasmada com o que faço para me sentir feliz. Talvez esteja me faltando coragem para enfrentar novos desafios, já que eles se apresentam todos os dias. Mas tudo isso pode ser revertido. Tenho que (e posso) buscar o que faça meus olhos brilharem. E, se não consigo fazer isso sozinha, tenho amigos que podem me ajudar.
Recordei-me, também de outra experiência, essa mais recente. Foi a POSSIBILIDADE de realização de um projeto, com que a vida me acenou. A proposta era bacana e parecia proveitosa. Tanto que achei que fosse uma alternativa a essa minha atual (e passageira!) falta de entusiasmo. Fiquei surpresa ao perceber que minhas expectativas não se realizaram. Preciso dizer que surpresa é a palavra que uso hoje, mas, a verdade é que, quando percebi que estava vivendo uma ilusão e que o mercado e mundo real funcionavam além dos meus sonhos, sofri e sofri e sofri. E não posso descrever aqui tudo o que me passou pela cabeça. Quantas vezes me achei incapaz, incompetente e tantos ins..... que, ao fim de uma madrugada sem dormir, eu estava um trapo emocional. E o pior, com a auto-estima no chão!
Mas, como todos os dias têm um novo amanhecer, o sol – sempre ele – trouxe a luz pros meus pensamentos. Consegui enxergar o outro lado de uma situação que me parecia indigesta. Vi as oportunidades que tive, os sentimentos que experimentei, a alegria e a emoção que cada passo daquela aventura me proporcionaram. Por conta da POSSIBILIDADE de realização de um novo trabalho, li livros que jamais lera, ouvi músicas que não conhecia (só pra espairecer enquanto curtia a preparação da proposta hehe), saboreei textos, escrevi muito... não, realmente, não há do que me lamentar. Vi que tudo tinha sido bom demais. Era só uma questão de ver, uma opção de viver. Aí compreendi que ser feliz é só, MESMO, uma questão de escolha.

terça-feira, outubro 20, 2009

Concerto Místico

Recebi esse convite e achei interessante. Para quem gosta, fica a opção FREE.


domingo, outubro 18, 2009

"Blogar é ouvir a si mesmo"

Esse exercício de escrever e blogar é um dos meus maiores prazeres atuais. Mas não é só isso, tem funcionado como uma terapia, revelando partes desconhecidas de mim. O processo não é fácil, porque, se há momentos em que me alegro por simplesmente existir, há outros em que a dor de viver é tão grande que nem sei como suportar. Mas, quero me explicar bem aqui: esse não é um movimento propiciado pelo blog, mas um modus vivendi.
Os conflitos entre o “ser ou não ser” me acompanham desde a infância. É o meu “jeitinho”. A diferença é que, agora, com essa história de blog, eu me permito registrar os meus diálogos internos. E mais, mesmo correndo o risco de as minhas palavras não interessarem a ninguém, ouso e desejo compartilhar. Tenho amigos queridos – do mundo real e do mundo virtual – que fazem o mesmo. E quando leio seus posts - alguns me deliciam -, vejo que não é fácil conquistar leitores ou suscitar comentários.
Mas números não são tudo. Um amigo postou no twitter que “é bom ter público, mas o melhor em blogar é poder ouvir a si mesmo”.  É verdade. Tenho tido umas dores de alma. Se é que se pode chamar de dor essa existência revelada, essa perda da proteção da pele curtida, que nos torna muito sensíveis a tudo o que existe na vida. Hoje, cheguei ao ponto de fechar um livro, porque a emoção não cabia em mim. Não era tristeza. Era um transbordar em forma de choro convulsivo, que me deixa sem saber o que fazer. Não sei se saio correndo ou se fico. Das duas formas, sinto isso que nem sei se é dor.
Ás vezes, também me sinto só. Quisera pode falar na rua, pra qualquer amigo, que a minha existência está dolorida hoje e ser perfeitamente alcançada. Não, não seria. E falo por experiência. Poderia dizer que estou à flor da pele, um termo mais banalizado nas músicas e poesias que eu acho que deve traduzir o mesmo sentimento. Mas já experimentei: não deu muito certo. Mas escrever tem dado certo. Até a amenizar esse sentimento de solidão, o ato de blogar tem me ajudado. Algumas vezes, nas ondas da rede, alguém me alcança e aí ocorre, numa troca profícua e gostosa, o que alguém já chamou de “uma pequena epifania”.
Nesses encontros, me percebo singular e comum e me conforto, no eco que escuto do outro. Quando consigo expressar o que não entendo, começo a compreender alguma coisa. E quando consigo traduzir, a ponto de ecoar em alguém, a emoção que me assusta e me faz rir, estou vivendo uma vida mais plena e caminhando lentamente na direção de mim. Se ninguém entende ou atende, apuro os ouvidos e escuto a mim mesma!

sexta-feira, outubro 16, 2009

O sol iluminando novos lados



Há sempre uma forma diferente de se pensar sobre alguma coisa. Mas, muitas vezes, (aqui eu falo apenas por mim) fixo-me em uma das facetas da questão esquecendo de que há tantas outras e experimentando um sofrimento desnecessário. Muito comum, isso, pra mim! Mas estou aprendendo. Hoje posso me dizer mais consciente de muitas coisas que sequer sabia existir há menos de 10 anos. E com essa consciência, ainda muito pequena, consigo perceber coisas importantes através de acontecimentos banais.
Belo “nariz de cera” para dizer que, quando fui a praia pedalar hoje, aproveitando o fato de que não tinha que levar as crianças à escola, pensei por uns intantes o quanto a vida era chata me obrigando a ir trabalhar. Olhava o mar que estava sereno e lindo, sentia o sol queimando a minha pele, via a areia ainda vazia e aí me dei conta de que, na verdade, estar ali para uma pedalada de pouco mais de 1 hora era um grande presente da vida.
Pensei em tantas pessoas que eu conhecia que não poderiam ter esse prazer, apreciar aquela vista, sentir o vento gostoso da orla. Naquele instante, deu-se um pequeno milagre. Deve ter iluminado meu rosto, porque senti como se um pouco daquela luz do sol tivesse tomado meu corpo e me pareceu que dele saía uma luz gostosa e brilhante. Rsrs Metáfora, sim, mas não duvido da energia do sol! E me senti, de fato diferente. Era uma alegria que me transbordava e que fazia estranhos me cumprimentarem e receberem de volta o meu sorriso. Estava integrada com as pessoas, com a praia, com o sol.
Podia simplesmente ter me lamentado pelo dia maravilhoso que estava perdendo, por não poder ficar na praia com os meninos. No entanto, quando vi diferente tudo mudou. E – sei que é piegas demais –, literalmente, vi a luz. Caramba, perdi a conta de quantas vezes sofro por me esquecer de que há sempre uma forma diferente de encarar uma experiência. Mas acho que estou aprendendo, gradativamente, alguma coisa. E isso me faz muito feliz. Não fosse assim, não teria conseguido enxergar, numa simples pedalada a beira-mar.
Ah, e isso continua. O pequeno milagre teve desdobramentos que eu vou contando aos poucos...

quinta-feira, outubro 15, 2009

Capacidade de estar só e de amar

Demorei anos para entender Osho. Detestei os primeiros textos a que tive acesso, mas com o passar do tempo, eles foram me ajudando a enxergar questões importantes da vida por um ângulo diferente daquele que me fora ensinado. E isso foi libertador. Recebi hoje esse texto... é sempre bom lembrar que o nosso eixo central está em nós mesmos.
"A capacidade de estar sozinho é a capacidade de amar. Isso pode parecer paradoxal a você, mas não é. Essa é uma verdade existencial. Somente pessoas que são capazes de estar a sós e se sentirem confortaveis consigo mesmas, são capazes de amar, de compartilhar. De ir até o âmago da outra pessoa sem possuí-la, ou sem se tornar dependente do outro, reduzindo o outro a uma coisa, e sem ficar viciado no outro.
Permitem ao outro liberdade absoluta, pois sabem que se o outro for embora eles serão tão felizes como são agora. A felicidade deles não pode ser tirada pelo outro porque não foi dada pelo outro. Então porque eles querem ficar juntos? Isso não é mais uma necessidade, é um luxo! Eles apreciam compartilhar, possuem tanta alegria que gostariam de derramar sobre alguém.
Eles sabem como tocar a vida deles como um instrumento solo. O tocador de flauta solo sabe como desfrutar de sua flauta sozinho. E se ele chega e encontra um tocador de tabla solo, ambos irão gostar de ficar juntos e criar uma harmonia entre a flauta e a tabla." (Osho)

domingo, outubro 11, 2009

A beleza e a dor de crescer!


“Você é uma criança!” Escutei a frase na semana passada, do meu professor de canto, dono de uma sensibilidade e afeto enormes. Não era uma crítica, mas eu me apressei em responder: “Já sou uma mulher!” Ele retrucou dizendo que essa era a prova de que era uma criança, os adultos não precisam dizer que o são. Brincamos um pouco com a questão, mas a frase ficou na minha cabeça. Porque, de fato, tenho resistido a crescer em algumas coisas, mas PRECISO.
A infância que trago dentro de mim não é de todo ruim. Gosta de andar descalço, ri das coisas muito simples da vida e se emociona com um olhar carinhoso. E tudo isso é bom! Mas essa mesma criança faz birra quando é contrariada, por muito pouco se sente rejeitada e detesta limites. A lista de ambos os lados é enorme, mas se a vida consiste em aproveitar ao máximo as experiências que nos são proporcionadas, vou aproveitar o feriado para me esbaldar com o meu lado criança. Vou fazer brigadeiro, esquecer a dieta, comer pipoca com os meninos, andar descalço, brincar com a vida, fazer castelo de areia.
Depois, na terça-feira, retomarei meus esforços para encontrar o equilíbrio, fazendo com que esses meus dois lados coexistam pacificamente. Agora penso na minha infância, quando, tão séria, achava que tinha que salvar o mundo, tomando para mim uma responsabilidade muito maior do que aquela que deveria protagonizar. E todos achavam bonitinho, uma menina tão precoce! Talvez, por isso, hoje a adulta séria tenha que fazer birra e bater pé! Lei das compensações...
Mas não há de ser nada. Ainda há tempo para crescer, muito o que aprender e tenho só 42 anos.

terça-feira, outubro 06, 2009

A música religando tudo


Quando vi a programação das mostras de filmes dedicados à música no Festival do Rio fiquei com dor de cotovelo. Havia filmes que eu sequer sabia que foram lançados sobre artistas cuja obras gostaria de conhecer melhor. E olha que leio os segundos cadernos de vez em quando... Não consegui ver, mas estão devidamente anotados para o circuito ou a locadora. Mas acabei lembrando de um filme que vi acidentalmente em NY, que me arrebatou.

Vi Throw Down your Heart  (www.throwdownyourheart.com) porque estava muito cansada, adoro cinema e... aproveitei para passar um par de horas sentadinha curtindo um festival do IFC. O resultado foi pura emoção. O filme – um documentário bem dirigido e sensível – acompanha viagem do músico Béla Fleck pela África, onde tenta resgatar as origens pouco conhecidas do banjo. A jornada resultou na gravação de um CD com participações especiais de músicos talentosos, mas pouco conhecidos fora de suas aldeias.
O instrumento banjo não é muito popular entre nós, mas me emocionei ao ver a arte transpondo obstáculos como a cultura, a língua e a raça, estabelecendo relações onde só posso dizer que consigo enxergar a presença do amor. Não foi por acaso que o filme ganhou prêmios por aí.

Sem falar de Deus e de religiões, o filme me remeteu aos conceitos de irmandade que ouvimos em tantos discursos. Ver aquele homem branco – Béla é um típico americano em sua aparência – misturar-se a moradores de pequenas aldeias africanas e ser tratado como irmão, comunicando-se muitas vezes quase que exclusivamente através da música, renovou minhas crenças nas possibilidades de um mundo melhor. A música é um caminho. A arte é um caminho. E abrir o coração para as emoções é, para mim, o único caminho. Em Throw Down Your Heart, a música de Béla é a chave para a eliminação de fronteiras de todo o tipo.

É difícil escrever sobre esse filme sem deixar meu coração transbordar, mas me senti parte dele e parte importante do mundo em que estou inserida. De nada adianta ignorar as milhares de aldeias e raças com todos os seus problemas, mas com inestimável riqueza cultural . Eu sou parte de tudo e a prova disso vem através de situações como esse filme de Béla Fleck, que me chegou inesperada e felizmente.

Não há como ficar indiferente ao banjo de Béla, mas também é impossível manter a indiferença diante da africana, quase sem dentes, que faz de seu corpo e de sua boca uma verdadeira orquestra. Não dá pra ignorar homens que fazem da música uma tradição familiar e celebram com ela todos os momentos de sua vida e de seus familiares, do nascimento à morte. Impossível não se emocionar diante de pessoas para quem a música é tão vital quanto a farinha que faz o pão das refeições diárias.
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