sábado, novembro 10, 2012

Gente grande!


Dizem que quem é grande não chora. Não é meu caso! Cresci, mas sou capaz de verter lágrimas por conta de uma simples flor, ou por causa de um mal-entendido qualquer. Choro solto, como sempre chorei. Sem que, nem porque, me derreto. Não sou comedida. Não é da minha natureza. Se gosto, vou fundo e desconfio (muito) das restrições. É por isso que resisto quanto posso às dietas. Gosto de muito.
Mas há algo pior, que pensava não afetar gente grande. São as gafes! Cometo gafes infantis, daquelas típicas dos pequenos que se esquecem filtrar o que dizem. Não é sempre, mas há momentos em que as palavras saltam de mim e quicam como aquelas bolas de borracha. Quando me dou conta, tão quicando em algum lugar, quando não em mim. E tem mais coisa que me faz esquecer que cresci, e que já até envelheço: o brilho nos olhos. Não consigo difarçar quando algo me encanta. E me encanto com as coisas mais simples: uma poesia, uma cor, uma palavra, um sorriso, um olhar... É assim, mobilizo-me e meu olhar não me poupa e, se insatisfeito de brilhar, transborda, umedece como a me desafiar, revelando-me sem pena.
E ainda há coisas que poucos sabem, especialmente quando percebem os meus arroubos. É que não tenho mais medo. Não me encolho pelos cantos, nem espero que alguém venha me empurrar para que eu siga meu caminho. Ganhei pernas. Corro ou caminho, do jeito que posso e na direção que quero. Volto quando é preciso e, alguma vezes, vou além: lanço-me em distâncias mais ousadas, correndo riscos enormes diante de jornadas que jamais pensei empreender.
Virei essa coisa meio disforme: alma de criança, pernas de adulto, num corpo que não me deixa esquecer que o tempo passa. Um conjunto desconcertante de risos e choros, erros e acertos, que parece querer sempre aprender mais alguma coisa. E o mais estranho é que tenho um orgulho enorme desse descompasso. E dessa coragem de seguir, mesmo que às vezes não saiba exatamente para onde.  

segunda-feira, novembro 05, 2012

Quem é esse cara?

Roberto Carlos diz “Esse cara sou eu”, e parece que a música está na novela da Globo, com uma estrofe assim “O cara que pensa em você toda hora, Que conta os segundos se você demora, Que está todo o tempo querendo te ver, Porque já não sabe ficar sem você”. Pronto, quero um cara desse pra mim! Eu e mais um monte de gente! Mas esse cara existe? E é ele mesmo que você quer? Um amigo sentenciou: “estou farto de mulheres da sua idade querendo viver paixões adolescentes. Esse homem que vocês querem não existe.”
Eu fiquei cheia de perguntas:

  • Esse cara existe? 
  • Paixões adultas são diferentes das paixões adolescentes? 
  • Mulheres queremos mesmo esse cara que “já não sabe ficar sem você”? 
  • Em se tratando do “cara”, sabemos o que queremos? 
  • Se não sabemos o que queremos, como reconhecer “o cara”? 

Não tenho respostas, mas tenho algumas ideias a respeito dos “caras” ou das "caras" que cada um cria pra si. Sim, porque cada um enxerga aquilo que quer, com base em seu próprio e único sistema de crenças, valores, códigos, estruturas e tudo o mais que constitui um ser humano. Se assim é, posso – embora não devesse – projetar em outros humanos essa minha realidade única e fazer sapo virar príncipe e vice-versa num piscar de olhos, ou melhor, com um simples beijo, como no conto de fadas. Alguém duvida?
Nessa hora, e pra mágica do conto de fadas funcionar direitinho, esqueço que o humano em quem projetei tudo o que queria (e às vezes o que não queria) também tem sua própria forma de ver o mundo e de enxergar as pessoas com quem se relaciona e aí, “o cara que pensa em você toda hora” acaba indo embora.
Estou longe de entender esse intrincado jogo de projeções que faz o viés de muitas relações, mas me arrisco a dizer que todas as vezes em que procuro me afastar dos “sonhos e projeções” para enxergar o humano, fico mais feliz. Quando consigo ver as dificuldades e o que pode parecer, pra mim, limitação, percebo também os esforços para me alcançar. Quando permito-me mostrar como sou, posso expressar meus desejos, aumentando as chances deles se realizarem. Quando tento compreender além das palavras, sinto-me mais compreendida. E, sim, depois de tanto olhar para o outro na tentativa de enxergar o que ele traz consigo de único e genuíno; depois de, pelo menos tentar, despir-me de máscaras, jogos e acessórios emocionais que não me traduzem; é bem natural que apareça “O cara que pensa em você toda hora, Que conta os segundos se você demora, Que está todo o tempo querendo te ver, Porque já não sabe ficar sem você”, como canta o Rei. Se for esse o (meu) desejo!


domingo, novembro 04, 2012

Conversando com a fonte interior


Perguntei pra Fonte: “Minhas curas passam necessariamente por ti. És remédio, elixir, renovação. Por que me afasto então? Por que me desequilibro e busco ajuda ao meu redor, se tudo o que preciso é me voltar para ti?”

A Fonte respondeu, incrédula: “O que está acontecendo? Estás tão próxima de mim. Por que não me sentes? Abre os olhos e enxerga até o que não queres ver. Assim poderá ser quem teme ser. Poderá fluir. Veja quem é você. Onde está agora? Não se permita não me sentir, porque eu fluo naturalmente em você. Você está prejudicando o seu sentir com o que não é essencial. Tira a roupa rápido. Esses momentos de dúvida são sempre de enfrentamento. Olhe-se no espelho e pergunte-se: Quem sou? O que sou? O que desejo? Ame-se incondicionalmente sob o risco de não amar mais ninguém. Adore-se. Respire intensamente, no dia a dia. Seja ele qual for. Faça tudo o que fizer amorosamente. Você é amor!
Retorne ao núcleo, se necessário. Para me sentir, para se sentir. O seu trabalho, a sua família: tudo isso é você. Viva tudo com alegria e amor, com equilíbrio, experimentando e respeitando as pessoas, amando a tudo e a todos. Não dê espaço para nenhum sentimento diferente. Na dúvida, viva. Pense e aja! Sob pena de não prosseguir. Eu amo, eu amo, eu amo! Eu sou, eu sou, eu sou!”
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