sexta-feira, abril 30, 2010

O texto que fluiu

Saiu minha coluna mensal na ABERJE. O assunto? Conversas e os ingredientes essenciais à uma comunicação mais humana, eficaz e prazerosa. Na verdade, escrevi o texto depois de algumas reflexões sobre as dificuldades de relacionamento que acometem todos nós, dentro e fora do ambiente de trabalho. As palavras refletem exatamente não só meus pensamentos e questionamentos daquele instante, mas também minha crença na necessidade de resgatarmos valores essenciais para tornar nossas vidas mais felizes.
Ao acabar o texto, não sabia o que fazer. Fiquei na dúvida se publicava aqui no blog, onde me atrevo a falar de tudo o que sinto, ou na minha coluna mensal da ABERJE. “Falta conteúdo”, pensei. Não é um texto acadêmico, não tem dados concretos e é tão baseado no meu sentir que eu hesitei em publicá-lo no site da Associação. No dia de enviar a coluna, pedi a opinião de um amigo sobre o texto, meio tímida. Ele me encorajou a publicá-lo, julgou-o pertinente e eu enviei, ainda temerosa. Tratei até de sugerir alguma bibliografia que tem me inspirado muito nessas reflexões, “para dar peso”.
Para minha surpresa, recebi, até agora, cerca de 20 e-mails parabenizando o artigo e de forma tão efusiva e sincera que me fizeram refletir sobre os meus próprios pressupostos. É preciso ousar para inovar e contribuir para uma vida mais humana, mais satisfatória para nós mesmos e para os outros. Mas, enredada em minhas próprias armadilhas, custei a lançar minhas crenças genuínas na rede. A contribuição generosa de um amigo ajudou-me a decidir, mas as opiniões sinceras de outros tantos contribuiram com algo decisivo: a decisão de prosseguir nesse caminho que tem me dado tantos motivos para acreditar que podemos, de fato, alcançar o outro. Não podemos prescindir do outro em nossa jornada. Não podemos (ou não devemos?) caminhar sós. O compartilhar torna nossas pernas mais fortes e capazes levarem-nos mais longe. Agradeço, com muito amor, a todos os amigos, que, voluntaria ou involuntariamente, me ajudaram a acreditar mais em mim mesma, num momento em que reviso minhas apostas pessoais e profissionais.

*Por que é tão difícil escutar a si mesmo? Acabei de me fazer essa pergunta e escrevo em breve sobre isso a partir dessa experiência com o texto e com uma rápida incursão numa aula do curso de Biologia Cultural de Humberto Maturana e Ximena D'Ávila.

domingo, abril 25, 2010

Por Relações Sustentáveis

Afetamos sobremaneira a vida dos outros e somos afetados por eles. Não importa o tipo de relação que estabelecemos com os que nos rodeiam: amigos, professores, alunos, subordinados, chefes, colegas de trabalho, cônjuges, namorados, vendedores de pipoca, funcionários de banco: todos têm impacto em nossa vida e são impactados por ela. A medida desse impacto é que caracterizará a relação. E eu já estou aqui pensando em um gráfico que analise qualidade e continuidade do impacto, criando uma matriz de relações. Muito técnico? Talvez. No entanto, penso, de fato, que enquanto não nos dermos conta das verdadeiras consequências de nossas relações, estaremos contribuindo para despejar mais lixo emocional num mundo que já está poluído em demasia.
E isso é muito palpável. Eu, por exemplo, ando preocupada com as guimbas de cigarro. Fumo muito esporadicamente e, quando essa vontade eventual acontece de vir num engarrafamento, jogo a ponta pela janela. Sinto-me mal e imediatamente fico pensando naquele filtro de cigarro somado a tantos outros, que juntos demorarão cerca de cinco anos pra se desfazerem. Na rua, já não jogo no chão, mas no carro ainda não encontrei uma solução, senão a de não fumar mais no trânsito.
O mesmo acontece com as nossas relações. Se deprecio o meu filho, posso estar contribuindo para criar nele sentimentos e crenças a respeito de si próprio que, às vezes, exigem muita terapia para serem eliminados. Se desrespeito a pessoa que me atende no mercado ou no banco, estou lançando sobre ela e sobre quem está à volta um sentimento de desamor – sob a forma de desrespeito, intolerância, arrogância, entre outros – que, somado a outras ondas de vibração igualmente ruim, poluem emocionalmente o mundo em que vivo. Exatamente como a pequena guimba de cigarro.
Nada de novo, se pensarmos que alguém, há muito tempo, começou a falar “Faça aos outros apenas o que gostaria que fizessem a ti”, o que se transformou em sabedoria popular. E quem deseja para si o que deseja ao outro? Há pouco tempo, um dos meus filhos me disse que achava esse ditado “furado”. “Quem faz isso, de verdade?”, perguntou. “Se estou em uma partida de tênis, quero que o meu adversário perca e não eu”, acrescentou. Tive que pensar para responder que o fato dele querer ganhar era bom, mas não implicava em desejar o mal ao oponente; bastava pensar em jogar o melhor possível, a ponto de conseguir ganhar o jogo. Também disse que pensar dessa forma não é fácil. Muitas vezes, todos nós, sem nos darmos conta, estamos desejando que aconteça algo de mal com o outro em nosso benefício. É questão de consciência e de prática, mas não de auto-punição. Porque esse é um longo aprendizado.
Como as guimbas de cigarro, que muitos fumantes automaticamente jogamos no chão, nossos pensamentos e ações negativas em direção ao outro também somam-se a muitos outros que partem de outras pessoas, criando o lixo emocional que reveste o planeta. E o contrário também acontece. Toda vez que amamos alguém, sem demandar um retorno na mesma medida, simplesmente por amar, geramos um sentimento que se une a outros de igual sintonia criando uma força capaz de neutralizar um pouco desse lixo a que me refiro. É assim quando somos gentis, atenciosos e solidários, num movimento contínuo, vivo, que exige nossa atenção e presença constantes
Sacolas plásticas e latas de alumínio não são os únicos elementos recicláveis do Planeta. As emoções também são. Todas podem ser transformadas, recicladas. E há muita gente fazendo isso. Vejo pessoas que perdem seus filhos, fazendo de sua dor a propulsora de ações amorosas; outras que aprenderam a pedir desculpas para reparar erros cometidos; ou ainda aquelas que desenvolveram tolerância para não revidar com xingamentos e mau humor as atitudes corriqueiras do trânsito ou de atendentes de telemarketing. E por aí seguimos numa lista infindável.
Proponho, então, uma análise do impacto das relações. De todas. O objetivo é sempre eliminar e minimizar o potencial negativo da cada uma delas, evitando o “envenenamento” do meio emocional em que vivemos. E como falamos a partir de uma perspectiva individual, podemos ter a certeza de que, em todos os casos, no positivo e no negativo, seremos os primeiros a sentir os efeitos de nossas ações. Ainda que não percebamos. Por isso, cada vez mais, entendo os irmãos indígenas que pronunciam, na linguagem lakota, uma forma de saudação, Aho Mitakuye Oyasin, que significa “por todas as minhas relações”. Eles acreditam que nossa vida é determinada pelas relações que estabelecemos com os demais seres. Eu também!

sábado, abril 24, 2010

Xô, preguiça!

Preguiça. Às vezes gosto dela, às vezes não. Quando tudo o que se quer é relaxar depois de um dia intenso de trabalho, acho-a bem-vinda. Mas, quando ela apresenta-se pesada e quase impedindo a gente de se levantar da cama, não a vejo com bons olhos. E tenho reparado que ela nunca vem sozinha, acompanha-se de alguma frustração acumulada, desejos não-realizados, noites mal-dormidas, pensamentos confusos, pequenas decepções e tantas outras “coisinhas” de quem nem nos damos conta. Mas o fato é que ela está lá. E, justamente porque nem sempre consigo perceber que tipo de sentimento abriu a porta para que ela entrasse (sim, poque é preciso abrir a porta para essa senhora), é que tenho tanta dificuldade de mandá-la embora.
Só que ontem consegui encontrar dentro de mim uma forma de lidar com essa preguiça, que deve ter ganho outros nomes pelo mundo afora. Para alguns pode parecer tolo, mas está funcionando com um pequeno esforço. Fecho os olhos, deixando os pensamentos livres para passear em outro lugar que não a minha mente (numa espécie de meditação), e encontro um recanto de paz e alegria. Não é fácil, porque, para os acometidos de preguiça, melhor do que qualquer esforço, é encontrar a ajuda externa que não requer dispêndio de energia. Já experimentei isso também. E gostei. Receber ajuda amiga é sempre uma dádiva, mas não fortalece tanto quanto o esforço próprio de manter-se bem e ativo.
Ter a certeza de que, dentro de mim, há recursos suficientes pra lidar com “preguiças” inesperadas é muito bom. Permite que eu lance mão do poder inerente à minhas essência. Não me livra de novos ataques de preguiça ou de qualquer outro sentimento que dificulte o meu caminhar. Não há como permanecer imune. A certeza, no entanto, de que, com um pequeno esforço e alguma vontade, posso acessar uma parte de mim capaz de reagir, me deixa confiante. Agora, pouco mais de uma hora depois de acordar sem vontade de sair da cama, vou caminhar. E não contarei com o sol para me animar, mas com essa fonte de energia que está dentro de mim mesma. Bom dia pra você também!

sexta-feira, abril 23, 2010

Não é um simples smartphone...

Durante muito tempo, meus celulares eram básicos. O modelo mais barato que a operadora oferecia. Bastava falar. Até que alguém observou a simplicidade do meu aparelho e me questionou com um argumento meio bobo, do tipo: você não tem vergonha desse aparelho horrível? Confesso que não tinha, mas logo em seguida comprei uma aparelho mais sofisticado e, de lá pra cá, fui tendo modelos melhores até que as regras de fornecimento de aparelhos da operadora da empresa mudaram. E eu voltei ao tempo em que ao celular bastava a função voz.
Isso também passou! Em 2009, comprei meu primeiro smartphone. Fiz um novo plano, com outra linha, e fiquei conectada full time ao mundo virtual através de um BlackBerry Storm, cheio de deficiências, que o fabricante promete corrigir nos próximos aparelhos. Mas não importa, as mudanças que ele trouxe para minha vida foram inúmeras. Hoje, me dei conta de que ele não é um simples aparelho, mas uma companhia, ou melhor, uma forma de acessar pessoas com quem me relaciono em momentos em que eu estou fisicamente sozinha.
Às vezes, como no mundo real, não encontro mesmo com quem conversar virtualmente, mas, em outras, posso me dar ao luxo de estar virtualmente acompanhada, mesmo estando aparentemente sozinha. Troco ideias sobre a vida, mando fotos do que vejo naquele momento ou do que mobiliza minha atenção. Recebo fotos do que os amigos estão fazendo. Acompanho torneios esportivos, mudanças, refeições. É um movimento meio louco, para quem, há quatro anos, tinha apenas um celular que falava. Mas é gostoso.
Como tudo que é novo, não sabemos ainda os efeitos dessa tecnologia, mas posso garantir que me sentir acompanhada em momentos em que não gostaria mesmo de estar sozinha é muito bom. Há amigas reais que criticam, dizem que ele tira o meu foco e rouba o meu tempo, já tão escasso. Mas eu argumento: não vejo novela, dificilmente passeio em shoppings, faço compras no mercado sempre olhando pro relógio: então deixem-me com o BB. Levo-o pra tudo quanto é lugar, tuito (minha recente mania), mando e envio e-mails e recados. Fico com receio dessa dependência. Mas como o momento a curtir é o agora, curto minhas companhias. Algumas conhecidas no mundo real, outras não, mas já realmente queridas.
*** Uso real e virtual aqui com a conotação que a maioria das pessoas conhece, mas acho que esses conceitos carecem de revisão, urgente! Em breve, escreverei sobre o assunto.

quarta-feira, abril 21, 2010

Qual o seu modo de operar?

A simples pergunta me soa mal. Por que eu, que prezo a emoção, que conservo em mim a capacidade de chorar pelo azul do céu, pelo ir e vir das ondas do mar, pelo sorriso de uma criança, preciso me deter sobre algo tão objetivo? Resolvi insistir, para entender os sentimentos que a leitura de um texto desencadearam em mim. O desafio era observar minhas reações e refletir sobre o que percebia nesse processo de observação. Achei que fosse fácil, afinal, tratava-se de algo objetivo.
Enganei-me. Não há nada de fácil em observar-me como se estivesse do lado de fora de mim e perceber emoções e desconfortos. É como levantar o tapete da sala, depois de alguns anos escondendo a poeira do piso sob ele. Há muito o que limpar. Perceber meu “modo de operar” diante de um surto de emoção ao ler um artigo sobre redes sociais suscitou em mim uma reflexão sobre o meu modo de ser, de uma maneira tão profunda que eu pensei, inicialmente, em desistir. Detesto incômodos.
O artigo, na verdade, tratava de muitos assuntos, entre eles pensamento complexo, construção do conhecimento a partir do respeito à visão do outro e a inquietude da dúvida pela recusa em repousar em certezas. O tema me entusiasma. Acredito e experimento que todos os seres vivos compomos um grande organismo, onde cada parte conserva em si a capacidade de afetar o outro e de ser afetado por ele. É mais ou menos o conceito da ecologia profunda, mas, destituído de qualquer nomenclatura moderna, era o pensamento-chave de muitas culturas ancestrais, algumas destruídas pelo esquecimento da crença que fundamentava exatamente a sua existência. Mas nada disso justifica ou explica, de forma inteligível, o meu surto de emoção, com direito a choro e respiração acelerada.
Pensando sobre o meu modo de operar, percebo o quanto perco por não lidar bem com a pergunta, talvez por ignorar que tenho um modus operandi, como qualquer outro organismo. Entendo, que a emoção é importante e pretendo conservá-la eternamente, mas também sou dotada da capacidade de realizar, que exige um operar além da emoção. E quando digo além de, não afasto, de maneira alguma, o que é perpassado; carrego-o. Cada um tem seus conflitos e dificuldades, mas esse simples questionamento me confrontou com aquele que parece ser meu grande desafio: o de realizar.
Enquanto me detenho na emoção extrema diante de pensamentos e descobertas, afasto-me da necessidade de realização, como se pudesse transcendê-la. Não ainda. Preciso muito realizar para me sentir um ser humano mais pleno ou, numa visão mais espiritual, cumprir a missão da minha essência. Perceber todo esse processo, me faz ver com clareza onde o meu realizar se engasga. No meu caso particular, o esforço, percebo, deve ser o de integrar realização e emoção, alma e espírito, criança interna e adulto externo, entre tantos outros paradoxos que habitam dentro de mim. Ou será que em todos nós?

domingo, abril 18, 2010

O amor, sempre ele!

Fui a uma livraria, Excelente programa, pra mim. Tenho paixão por livros. Acabei na seção de livros de relacionamento, do tipo homens são de saturno e mulheres são de plutão. Peguei uma pilha desses títulos – cuja seção jamais imaginei tão extensa – e sentei-me no café. Tinha livro que ficava com vergonha de abrir e cheguei a olhar para o lado para ver se alguém reparava no teor dos títulos que repousavam à minha mesa. Alguns conteúdos beiravam o ridículo, na minha forma de ver, obviamente, porque alguns ali já estavam nas 5a edição e outra haviam sido traduzidos para outras línguas.
Mas havia coisas tão óbvias que eu me perguntei o tipo de pessoa que achava que aquelas dicas realmente ajudariam na conquista ou manutenção de um relacionamento. Outros títulos transcendiam o limite da obviedade, para criar ou reforçar paradigmas onde aqueles que desejassem relacionamentos maravilhosos e duradouros deveriam simplesmente se enquadrar. Minha vontade foi de jogar todos no lixo. Sério. Ou então fazer melhor: tentar escrever algo diferente.
Minha irritação vem do fato de eu acreditar que seja impossível seguir regras para construir relacionamentos duradouros. Quer dizer, há passos importantes, sim, mas, a meu ver, uma única lei: o amor. Não há como seguir esses manuais se não amamos primeiro a nós mesmos e depois ao outro. Parece conversa religiosa, mas é verdade. Se quer um relacionamento verdadeiro, escolha o caminho do amor, porque não há outro. E eu não falo só de homens e mulheres, mas de filhos, amigos, empregados. O passo-a-passo ditado pelos livros de auto-ajuda é lindo, mas não adianta de nada se não conseguimos abrir o coração ao outro.
E aí, sinto muito, até que me provem o contrário, não há regras. Há limitações, ensaios e erros de todas as partes, mas tudo passível de revisão e ajuste, quando o coração está aberto. Digo sempre que sou uma eterna aprendiz no assunto, cometo gafes, incomodo minhas amigas para falar de experiências absolutamente banais, fico na dúvida se falo ou não falo sobre o que sinto para outras pessoas... Enfim, ajo como muitos seres humanos do sexo feminino. Mas, quando vou pelo caminho do amor, qualquer erro é perdoável. Tenho aprendido a escutar a voz do coração, mais do que a da vontade e há horas em que ela grita tão alto que não há como ignorá-la.
Ainda assim, tenho muitos momentos de birra, onde não controlo a vontade e esperneio e choramingo dizendo – de formas variadas – quero porque quero. Nessa hora, o mais difícil não é pedir perdão a quem desejo manipular com minha vontades, mas a mim mesma, pelo sofrimento que causo à minha alma.
Por fim, acabei lembrando de um filme bobinho e divertido que vi uma vez, A Verdade Nua e Crua, onde o protagonista joga esses manuais de relacionamento no lixo para substitui-los por um cliché ainda mais simplista, semelhante ao da caça e do caçador. O que acontece no final? O amor. Totalmente piegas, mas, insisto, esse é o único sentimento porque nos podemos deixar dominar, sem medo. Falo do amor genuíno, claro; daquele que, com diferentes variações, preenche nossa existência e permite nossa evolução. E teimo tanto com isso porque estou certa de que esse é um sentimento revolucionário, capaz de mudar o mundo a começar por nós mesmos.

terça-feira, abril 13, 2010

O silêncio e as entrelinhas

"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."
A frase de Clarice Lispector me fez pensar sobre o quanto devemos desenvolver em nós a habilidade de ouvir o inaudível. Eu mesma escrevi sobre isso no último post, pois sei o quanto é importante estarmos abertos e disponíveis para perceber os sinais que vem do outro. Não importa o tipo de relacionamento: pessoal, profissional, familiar, novo, antigo; em todos haverá sempre o não-dito. Portanto, quem compreende o que o outro não consegue dizer transita com mais desenvoltura entre as diferentes relações que estabelece na vida.
Até aqui tudo certo, não fosse uma enorme vontade que acomete alguns de nós, humanos, mais precisamente, humanAs, de sacudir o outro e dizer: você pode ser mais claro? Ler nas entrelinhas cansa e exige uma isenção que nem sempre conseguimos, especialmente quando misturamos emoção à nossa arte de compreensão em desenvolvimento. Nesse minuto, quantas pessoas estarão perdendo noites de sono pensando no que o outro quis dizer e não disse? Muitas, provavelmente. Todas refazem em suas mentes telefonemas, encontros e reuniões, entre outros contatos, para tentarem detectar aquela mensagem que não foi falada. Exigem de si um grande esforço, que, muitas vezes, comprometido pelos pressupostos de cada um, torna-se inócuo.
Então, decidi mudar o discurso. Precisamos ouvir o silêncio, sim, como dizia Clarice; mas também precisamos aprender a falar com todas as letras e pingos. Não há necessidade de tanto desperdício de energia, quando pode-se simplesmente perguntar: “o que você quis dizer com isso?” E isso vale pro não-dito também. Se o outro não sabe, não consegue ou não pode falar, o que há de mal em perguntar: “o que essa testa franzida quer dizer?” Ou então: “por que você não me ligou mais?” A única ressalva que faço é que estejamos todos preparados pra respostas. Quem deseja clareza na comunicação com o outro não pode se sentir melindrado por respostas do tipo: “não liguei porque não estava com vontade de falar com você” ou “não ia dizer, mas já que perguntou, achei a apresentação do seu trabalho horrível”.

domingo, abril 11, 2010

Você está desperto? Qual é a sua turma?

Quando nos perdemos de nós mesmos? Muitas pessoas – eu inclusive – fazem a si mesmos essa pergunta em algum momento da vida. Vivemos anestesiados, esquecidos de quem somos, trabalhamos e nos relacionamos no modo automático. Padronizamos e processamos nossa existência por praticidade e produtividade. Não precisamos sequer pensar se estamos felizes, quando pautamos nossa vida por padrões tão sólidos que são repetidos por gerações antes de nós. Seguimos e sobrevivemos.
Felizmente, alguns de nós acordam. Por motivos diversos. Decepções, amores, desafios novos, fatos marcantes (felizes ou infelizes) ou uma flor que nasceu no jardim. Não há regra, nem importa o motivo, o importante mesmo é o despertar. Perceber-se vivo e poder apreciar tudo o que a vida nos oferta é o grande presente de quem acorda. E há tanto o que ver e viver. Não bastasse o espetáculo diário da natureza, há as pessoas de casa ou não, amigos ou não, conhecidos ou não. Todas nos oferecem experiências diferentes e insubstituíveis, capazes de nos impulsionar em direção a uma vida mais plena e consciente. Todos têm muito a ensinar e muito a aprender.
A beleza do despertar é tanta que a pergunta é inevitável: onde me perdi de mim? É uma pena que muitos de nós, por um misto de ignorância e acomodação, nos permitamos adormecer embalados por padrões familiares. Sim, porque mesmo na família, o que acreditamos ser a seiva de vida, pode se transformar em veneno, se não estivermos atentos. Ninguém é obrigado a carregar padrões e crenças de pais e professores pelo resto da vida se eles não contribuem com a sua plenitude. Mas quem nos ensina a desenvolver o amor-próprio? Quem nos ensina que amar mãe e pai prescinde de abandonar a si mesmo? Só nós podemos nos dar permissão para sermos nós mesmos. E não precisamos de outra deixa. Basta a nossa.
É exercício contínuo e abandonar crenças e valores de outrem pode ser doloroso, quando caminha-se há muitos anos pela mesma estrada. Fazer diferente traz o frescor do novo, em qualquer momento da vida, mas também aumenta os riscos, as inseguranças, as dúvidas. E somos humanos, cheios de fragilidade. Basta que alguém diga: você está fazendo tudo errado para que paremos. Diante da dúvida, pensamos se vale a pena prosseguir ou se somos realmente inadequados. Nessa hora, quem quer se manter desperto, deve procurar sua turma. E ela pode estar bem longe da sua amada família. Ou não. O certo é que, nos momentos em que a dúvida chega, e ela sempre vem, é preciso dar a mão a quem compartilha de nossas crenças. Assim fica mais fácil ultrapassar os momentos em que duvidamos de nós mesmos e mantermo-nos no caminho, bem acordados e vivos.

sábado, abril 10, 2010

"500 dias com ela" ou muitos dias com nós mesmos

Acabo de ver “500 dias com ela”. Achei que o filme inofensivo não atrapalharia meu sono. Enganei-me: não consigo dormir. Não entendo como aconteceu de eu ver esse filme no mesmo dia em que comprei um livrinho chamado “Homem Cobra, Mulher Polvo”. Comecei e terminei de ler o livro, e vi o filme em uma só tarde/noite. Depois dessa overdose de diferenças entre homens e mulheres, desencontros entre expectativas e realidades, encontro-me imersa em palavras como conflitos, desejos, destinos, coincidências, sincronias, verdades, mentiras, sentimentos. E aí escrever é o único remédio.
Rejeito rótulos com veemência, mas, paradoxalmente, sempre procurei viver de acordo com eles. E não posso dizer que não trazem felicidade. Hoje, acho que tudo é uma questão de escolha. Há pessoas que precisam de etiquetas para serem felizes; outras, não. Não há certo e errado. Quando acabei de ler o livro que classifica homens como cobras e mulheres como polvos, de forma superficial e, às vezes, engraçada, pensei nos meninos-homens-cobras que crescem à minha volta. Há fatos incontestáveis: tenho dificuldades em aceitar que eles têm que fazer uma coisa de cada vez, que não conseguem escutar o que falo se estiverem com a atenção em outra coisa e que exigem de mim que eu escute tudo o que falam quando estou lendo ou ao telefone (instintivamente sabem que eu sou polvo). E é óbvio que eu também os desagrado quando vou comprar um coisinha ali no shopping (destestam me acompanhar) ou quando vou deixar um deles na casa do amigo e, no caminho, entrego o livro emprestado da vizinha, passo no banco, no mercado e na farmácia. “Mas você não disse que ia só me levar na casa do fulano?” Eu respondo: “O que custa aproveitar que estamos no caminho pra fazer outras coisas?”
Mesmo diante dos fatos, vejo além das etiquetas. Vejo cada vez mais homens cruzando fronteiras e superando seus limites (e mulheres fazendo o mesmo). Não os meus cobrinhas, que ainda não têm a consciência de que essas diferenças existem, apenas intuem e agem por instinto. No entanto, pode ser que, mais maduros, sigam o exemplo de outros tantos cobras e, por vontade própria ou impelidos pelas demandas de outrém, percebam e compreendam as diferenças inerentes a cada gênero e procurem ir além na delicada zona dos relacionamentos. Afinal, já começaram a fazer isso em tantas outras área da vida. Superação e inovação parecem estar no DNA da geração dos meus meninos.
Mas o fato de ter visto hoje esse filme, que já peguei umas 10 vezes na locadora sem trazer pra casa, continua a me intrigar. Depois de ler o livro, relembrando rótulos biológicos e sociais que colocam mulheres na posição de caça e homens, na de caçador, fiquei com vontade de rejeitar alguns deles. E aí, vejo um filme em que, muitas vezes, os papéis estão invertidos, na forma como os conhecemos: o homem, por exemplo, sonha com uma relação estável e etiquetada, enquanto a mulher avisa tratar-se de um boa relação casual. Eis que, o que parecia ser uma quebra de paradigmas, enquadra-se, no final, quando a mulher decide render-se à formalidade de uma relação, só que com outra pessoa. Lembrei da Quadrilha, de Drummond, e fiquei me perguntando se é possível quebrar paradigmas tão fortes.
Também lembrei de algumas coisas que me parecem bem importantes no desenvolvimento dessa arte de se relacionar, com ou sem etiquetas, e resolvi listar:
1 – PRESENTE - Não há como ser feliz pensando no passado ou no futuro. Nada acontece nesses momentos. Tudo o que podemos desfrutar está no presente e é a ele que devemos nos ater, procurando estar presentes, aconteça o que acontecer.
2 – SENTIMENTOS - Ninguém pode saber o que está dentro do nosso coração e de nossa mente. Precisamos falar mais. Dizer o que sentimos, o que desejamos e o que pensamos. Isso vale especialmente para nós, mulheres, que temos uma imensa necessidade de falar. Algumas usam de eufemismos ou de artifícios como choros, caretas e indiretas. Acho que não é o melhor caminho. Quanto mais claras conseguimos ser, mais felizes ficamos conosco e mais chances temos de sermos compreendidas.
3 – FIDELIDADE - Nem sempre ousamos dizer em que acreditamos e o que queremos, acreditando que, se nos trairmos, estaremos contribuindo pra felicidade geral, inclusive a nossa mesma. Isso não funciona. Mais cedo ou mais tarde nos cobramos todas as vezes em que nos engamos e fazemos isso com juros e correções. Sejamos fiéis, portanto, a nós mesmos!
4 – EMPATIA – Quando me coloco no lugar do outro, sou capaz de compreendê-lo. É isso que eu preciso aprender a fazer com os meus cobrinhas. Ao invés de apontar as diferenças que existem entre eles e eu (a mãe), posso me colocar no lugar deles e procurar sentir o que sentem diante de uma criatura que vive sob comando de hormônios, com um humor que varia a cada semana. Assim, consigo respeitá-los e criar um espaço de convivência mais harmonioso.
5 – OUVIR – A gente mal escuta palavras, o que não dizer dos silêncios? Homens, por exemplo, não falam tanto, mas emitem sinais o tempo todo. Com atenção e disponibilidade, pode-se ouvir o audível e o inaudível.

Há muito mais, mas já consigo dormir. Reconhecer que há e sempre haverá muito o que descobrir nesse mundo cheio de rótulos me apazigua. Ainda que novas descobertas corram o risco de virar padrões, sempre haverá o novo. O mundo não para mesmo e viver ou não de acordo com os padrões já catalogados é uma questão de escolha. Quem sabe, também, de destino?

* Homem Cobra, Mulher Polvo é de autoria de Içami Tiba.
* 500 dias sem ela - Veja o trailer

quarta-feira, abril 07, 2010

Pensando na chuva (e além dela)!

Acabo de acordar. Ouço, da cama, os sons da natureza. Fecho os olhos. Com a casa em silêncio, escuto, além da chuva insistente, o balançar das folhas, o mar e, ao longe, um motor de carro que parece enguiçado em algum lugar. Ah, acabei de ouvir o que me parece um ônibus: eles não pararam, mas os meninos estão sem aula desde ontem. Daqui a pouco, encherão a casa com gritos, videogame, música eletrônica e televisão. Tudo ao mesmo tempo. Por isso, nem reclamo quando a luz acaba à noite. Se tiver fresquinho, como ontem, ainda corro o risco de redescobrir prazeres à luz de velas, como fazer cafuné em filho.
Meu dia, hoje, terá café com leite e chá, ao lado do computador, mas não consigo deixar de pensar nos desabrigados. Naqueles que ouvem os filhos chorarem sem ter como acalmá-los, nos que estão prestes a verem suas casa desabarem ou choram a perda de pessoas queridas. Também penso nos meus pais, ilhados em Guaratiba, um dos bairros do Rio que tiveram seus principais acessos interditados. Com ajuda de vizinhos, passaram a madrugada tentando minimizar os estragos da água que corre do morro em frente para sua casa.
Ninguém fala deles, mas também penso nos bichos. Ontem, na escuridão do Recreio dos Bandeirantes, vi um gato no meio da chuva, procurando um lugar seco para se abrigar. Podia tê-lo recolhido, mas, na hora, isso não me passou pela cabeça.
Pensar é muito pouco, eu sei. E, por isso mesmo, resolvi, entre um café e outro, convidar os amigos para ajudar com doações os desabrigados espalhados pelo Rio. Ainda é muito pouco, mas é o que consigo fazer agora e, talvez, um pouco melhor do que passar o dia embaixo do edredon, afogada em xícaras de chocolate, esperando a chuva passar.

*foto de @fernandamourao tirada em 7/4

segunda-feira, abril 05, 2010

Dourado aprendeu a conversar?

Não vi BBB. Quando passava pela sala de televisão e assistia a parte do programa com os meus filhos, ficava com a certeza de que qualquer coisa que eu pudesse fazer naquele momento seria mais produtiva. Isso até o dia do anúncio do vencedor. Naquela noite, estava angustiada com minhas questões existenciais e decidi ficar com os filhos, na sala de televisão, acompanhada do notebook. Mas já não era possível ficar alheia ao BBB. O twitter foi invadido por tweets sobre o programa e olhar para aqueles “brothers” que exibiam seus dramas pessoais, tirou o foco das minhas questões sobre a existência. Era tudo o que precisava naquele momento!
Emocionei-me com a vitória do Dourado, junto com os meninos. Eles viraram fã, fazer o que? Um deles foi aluno em uma academia; admiração inevitável! Mas quando os flashes do programa começaram a ser exibidos, eu comecei a rever minha opiniões sobre o Dourado. Fiquei impressionada com a evolução, ao longo do programa, desse homem, pouco afeito a conversas mais profundas, que demonstrava arrogância e dificuldade na forma de se relacionar, acostumado a se expressar no mundo do vale-tudo, onde palavras valem menos que a força bruta.
O isolamento inicial a que os colegas o submeteram provocou nele o instinto que o domina nas lutas. Imagino eu que em alguns momento ele deveria repetir pra si mesmo: “Aqui eu me basto”. E não fosse a atuação amorosa de alguns participante e a capacidade que ele teve de rever seu posicionamento reconhecendo a dor que ele se impunha, nada teria acontecido. Ele seria eliminado no primeiro paredão, talvez. Quando decidiu recuar e olhar pra si mesmo, também abriu-se à perspectiva do outro, com muita dificuldade, mas usando um recurso que também deve ter aprendido nos ringues: clareza na comunicação. Nos confrontos, não há espaço para meias-palavras. Dizendo o que sentia e pensava, da única perspectiva que lhe era possível, a sua própria, ele foi conquistando aliados e amigos e construindo relações possíveis e confortantes. Nada ali poderia ser unilateral, dava e recebia na mesma medida, num processo de troca constante.
Óbvio que se não tivesse dinheiro em jogo e que se houvesse a alternativa de sair da casa quando o incômodo acontecesse isso teria acontecido mais cedo com quase todos os participantes. Conviver é muito difícil mesmo, especialmente com pessoas cuja companhia não escolhemos. Mas o BBB tem regras e R$ 1,5 milhão pra quem consegue respeitá-las e sobressair-se.
Por isso admirei-me com a maneira como o atual vencedor adequou-se às pessoas, saindo de uma posição inflexível para outra mais acolhedora, revelando uma natureza que parecia não existir dentro do corpo esculpido pela prática do esporte. Achei bárbaro quando, a despeito de suas dificuldades em lidar com o diferente, ele acolheu uma crítica, dizendo simplesmente: “eu entendi”. Entender o ponto de vista do outro é tudo o que precisamos para viver de forma mais harmônica. Não é preciso concordar, mas ouvir e entender. Isso faz a diferença e foi essa disposição que fez de Dourado um vencedor.
Fiquei pensando na experiencia do confinamento. Talvez seja uma boa ideia para situações de conflito, quando não se consegue mais conversar. Imaginei-me confinada com os meus filhos adolescentes, sem televisão, computador. Nós e nós para resolvermos nossas questões e exercitar a difícil arte do diálogo. Acho que aprenderíamos muito. Talvez seja uma dica para exercitarmos o conversar e reduzirmos nossos conflitos. Confinados, não há como deixar para depois. Já decretei: nas próximas férias voltaremos a acampar. Será mandatório: sete dias pelo menos, sem tecnologia e com muita conversa.

domingo, abril 04, 2010

Maioridade do filho ou maioridade da mãe?

Há sentimentos que pegam a gente de surpresa. E isso é bom! Sinto que, quando acontecem, chacoalham nossas convicções, com maior ou menor força, mas sempre o suficiente para nos lembrar de que estamos vivos, em constante evolução. Eles parecem vir para nos fazer recordar que, assim como nenhuma folha de árvore é igual a outra, nenhum minuto de nossas vidas se repete, sendo, portanto, único. Foi isso que aconteceu hoje, dia em que meu filho mais velho completa 18 anos. Não pensei que fosse me sentir assim tão especial! A alegria era tanta que ele me perguntou: - “O parabéns é pra você ou pra mim?”
Não esperava, mesmo, essa emoção diferente! Ele está longe de ser independente, ainda definiu muito pouco em relação ao que quer da vida, mas, ainda assim, fez 18 anos. Já tirou título de eleitor, carteira de trabalho e vai se alistar no exército. Isso é pouco pra comemorar? Pra mim é muito! Simbolicamente, ele assume o comando da sua vida, pelo menos é assim que penso. Não sou mesmo afeita a gaiolas fechadas, porque sei que a liberdade é o que impulsiona a evolução e o amadurecimento. Não sonho em ter todos os meninos à minha volta para sempre. Desejo sim, que eles me amem e me aceitem com todas as minhas chatices, que sejam honestos consigo mesmos, que não haja culpas a forjar nossa relação, ou nenhum outra que eles construírem ao longo da vida.
É simbólico, mas, até então, achava que a vida dele ainda era minha, que seus erros (ou aquilo que julgo serem erros) eram meus. Hoje, não! Amo-o incondicionalmente, mas não assumo sua vida por ele. Faço parte de sua vida única e exclusivamente pelo amor maternal que é um sentimento sublime. E isso é, de fato, tudo o que se pode querer de uma mãe. Experimentando a vida, vai escorregar, inevitavelmente, como todos nós. Sempre que possível eu estarei por perto. Não para escorregar com ele, mas para amá-lo, ouvi-lo, acolhê-lo. Sou mãe e exercer esse papel, mesmo que na base da tentativa e erro, me faz muito feliz.
Nunca me enquadrei muito na lista que se apresenta quando resolvemos parir. Mas me esforcei muito. Talvez, por isso, não tenha muitas culpas. Sempre trabalhei, estudei, diverti-me e sonhei, enquanto era mãe. Comprei manuais com muitas regras que eu tentava seguir, afinal queria reduzir a necessidade de eles fazerem terapia mais tarde. Hoje sei que isso é impossível. Mas quando os filhos são menores, há que se ouvir de parentes, amigos e desconhecidos os itens da lista de como fazer pra criar filhos. Parece que as pessoas decoram o texto e repetem-o como se fosse sagrado. A gente sempre acha que está errando e até tenta fazer o que recomendam. Nem sempre dá certo, mas à sua volta dizem: o menino ainda não tem maturidade para pensar por si.
Em meu íntimo, sempre soube que bastava amar e dar liberdade para que eles encontrassem seu caminho. Consegui agir assim poucas vezes e talvez isso explique a minha alegria de hoje. O meu primeiro filho, agora, tem 18 anos. Estou livre, eu também, para amar do jeito que posso e vê-lo experimentar a vida como lhe aprouver. Eu estarei por perto. A base já está pronta, construída em colaboração, mas agora é por conta dele. Como sempre achei que teria que ser! E ninguém há de me cobrar: ele já alcançou a maioridade! Felicidades, filho!
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