quarta-feira, setembro 16, 2009

Abaixando a máquina (e a soberba)

Ultimamente, minhas impressões da vida têm me levado ao extremo da dor. Acredito sim que, em alguns momentos, um pouco de dor é preciso para produção de mudanças, mas, como os fatos me impressionam pela via da emoção, ando mesmo muito exposta: à flor da pele, como se costuma dizer. Um desses bons fatos a cutucar minha alma dolorosamente foi o filme “Abaixando a Máquina: Ética e Dor no Fotojornalismo Carioca”, de Guillermo Planel, que assisti na última reunião do curso JPPS, na UFRJ.
O documentário despretensioso e heroico em sua produção (basta olhar a ficha técnica), premiado em festivais nacionais e apresentado em circuito tão alternativo quanto a sua produção, me fez pensar tanto que deixei a questão da ética jornalística de lado. Não há como dissociar os cidadãos “fotógrafos” dessa imensa rede global que compomos TODOS, necessariamente um/em conjunto, afetando e sendo afetados em cada um de seus nós, não importa a distância das conexões. Vários dos profissionais que gravaram seus depoimentos fizeram parte do início da minha trajetória como jornalista. De alguns, cheguei a conhecer sonhos e anseios, muitos dos quais compartilhava há quase 20 anos.
Sim, o documentário emociona pela exposição da nossa realidade carioca, através das lentes dos fotojornalistas e das escolhas que cada um faz diante do “objeto” de seu trabalho. Mas, para mim, essa não é a principal questão. O que importa, hoje, é reconhecer que faço parte dessa realidade – rede – composta de fotógrafos, jornalistas, marginais, intelectuais, costureiras, ambulantes, rios, animais e tudo o mais que tiver vida nesse planeta. O impacto das minhas atitudes faz grande diferença nessa rede, como a pedrinha pequena, capaz de alterar a superfície do lago. O que vi no documentário, certamente, é resultado das minhas atitudes e é aí que tudo isso me atravessa. É aí que há sempre o que mudar! Somos todos iguais, em algum ponto: bandidos e mocinhos!

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