sexta-feira, maio 31, 2013

Desejos, experiências e conquistas

Alheio a tudo, ele segue seu curso...
A vida tem seu fluxo e absolutamente nada acontece por acaso. O que, a princípio, pode parecer uma experiência ruim, pode ser exatamente o que a gente precisa pra evoluir, andar pra frente, virar páginas, enxergar a vida com todas as suas possibilidades. Recuar, estancar ou avançar são opções individuais, feitas de acordo com as condições pessoais de cada um.”
Postei essa reflexão no Facebook, porque me esqueço com frequência de que a vida é processual e quando me percebo, aqui e ali, reclamando (no meu caso, chorando seria mais adequado, porque sou chorona demais) de algumas experiências, preciso me lembrar de que tudo passa. O caminho do meio é sempre uma busca. Falamos do desapego, mas esquecemos que isso inclui não tentar reter o que é bom, porque as boas experiências também são finitas e, tanto quanto aquelas que não apreciamos, têm a sua função em nossas vidas. Com isso em mente, fica mais fácil viver. Tudo passa sempre.
E essa mesma tecnologia que me permite compartilhar reflexões, maravilhosamente propicia também interações que promovem novas e producentes reflexões e aqui estou a escrever pensando num comentário que fala das “experiências desnecessárias”. Parei pra pensar no que é desnecessário e imediatamente me veio a imagem de um rio, correndo com seu fluxo, em seu leito. Nem ele pode evitar as pedras: às vezes, abraça-as, sem estardalhaço; mas, outras, choca-se produzindo espirros de água, para depois seguir seu curso normalmente. Penso que somos assim. Se a experiência acontece, é porque ainda não podemos evitá-la, precisamos senti-la para aprender algo que nos falta e seguir nosso fluxo de vida.
Há algumas que procuramos, guiados por nossos desejos ou caprichos, alheios às advertências do senso comum ou da nossa própria sabedoria interior. Não conseguimos evitar e, de novo, penso que seja porque ainda temos algo para aprender, e, às vezes, para ensinar, nestas situações a que somos impelidos simplesmente pelo desejo. Não se trata de ver a vida com lentes “cor de rosa”, mas só agimos de acordo com as nossas possibilidades e abrir mão do julgamento a nosso próprio respeito é também um grande e importante aprendizado. Aos poucos, nessa busca, vou me permitindo o inevitável: errar. Ser compassiva comigo é o primeiro passo para exercitar a compaixão com o outro. E se o resultado das minhas ações respingarem como a água do rio que se joga contra as pedras, saberei que cada respingo é precioso, advindo de mais uma necessária experiência.
Fico alerta, rogo por proteção e auxílio, mas meu caminho é construído por cada uma dessas experiências e lá vou eu, como um rio estabanado, seguindo o meu fluxo, esbarrando e abraçando pedras. Dizem que bons pais não furtam aos filhos as experiências da vida, mas acodem-nos quando precisam. Comigo, o Universo generoso tem funcionado assim: não me impede lágrimas, mas seca-as, todas, a seu (ou melhor dizendo, ao MEU) tempo.

Lembrei de Fernando Pessoa...

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? 

Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.
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