sexta-feira, fevereiro 08, 2013

As tiriricas e a criança birrenta

Na natureza, até as tiriricas falam...

Definitivamente, os acontecimentos na vida não são como imaginamos, mas, como creio que há uma condução universal no fluxo da vida que atua ao lado do meu livre arbítrio, penso que em tudo há um propósito e, certamente, uma oportunidade de aprendizado e evolução. O preâmbulo é pra dizer que apesar de saber disso tudo, ainda me entristeço, como “criança birrenta”, esquecendo que confiar, aceitar e agradecer são os melhores antídotos para qualquer dor. Nessa hora, distrair a mente qual uma “criança birrenta”, evitando o foco no indesejado, ajuda a recuperar o eixo. E foi assim que encontrei as tiriricas do meu jardim.
Lembro que minha mãe aproveitava os dias de chuva para limpar o gramado e como a fruta nunca cai muito longe do pé, aqui estou eu às voltas com as tiriricas e outros “matinhos”. Procurar a origem da plantinha, arrancar pela raiz, sujar as unhas de terra, ajudar com a pá a retirar a raiz profunda, observar as plantas ao redor, ver a grama limpa, sentir as gotas da chuva da noite. Pronto: estou longe de estar bonita, neste momento, mas estou mais inteira. A “criança birrenta” acalmou-se. Por ora, estou apaziguada. O jardim está mais limpo. E eu agradeço por ter descoberto, nas indesejáveis tiriricas, uma forma de me reconectar. A vida é sempre mais simples do que penso. O melhor está sempre próximo de mim. Através das tiriricas, redescobri um pouco de mim mesma. Olho, agora, para as borboletas...

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Tática e estratégia


Minha tática é
olhar-te
aprender como és
querer-te como és

minha tática é
falar-te
e escutar-te
construir com palavras
uma ponte indestrutível

minha tática é
ficar em tua lembrança
não sei como nem sei
com que pretexto
mas permanecer em ti

minha tática é
ser franco
e saber que és franca
e que não nos permitimos
simulações
para que entre nós dois
não haja cortinas
nem abismos

minha estratégia é
em outras palavras
mais profunda e mais
simples

minha estratégia é
que um dia qualquer
não sei como nem sei
com que pretexto
por fim me necessites.

Poesia do uruguaio Mario Benedetti, uma dessas expressões alheias que simplesmente falam por mim

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