sexta-feira, março 08, 2013

Violetas em casa: cuidando e nutrindo a vida


Já tive uma coleção linda de violetas. Aquela planta que a gente compra baratinho no supermercado, coloca na mesa e quando morre joga fora, com vaso e tudo. Pois é, eu gosto delas a ponto de, quando a minha coleçãozinha estava no auge, comprar livros pra me instruir. Multiplicava, adubava, entre outros cuidados. Até que uma praga bobinha exterminou algumas. Fiquei tão chateada, sem tempo para os cuidados que a tal da praga exigia, que descuidei nas regas, e, assim, perdi minhas plantinhas. No ano passado, resolvi voltar a cuidar do meu jardim, que andava muito abandonado. Na onda, comprei novos vasinhos de violeta, comecei a regar, a replantar e elas estão indo. A primeira mudinha nova já começa a vingar. Olho pra elas todos os dias, rego alguns dias e fico muito feliz com os resultados, que me fazem pensar que as violetas reproduzem exatamente o que acontece nos demais aspectos da minha vida.
Sucesso profissional, por exemplo, carece da mesma gama de cuidados que as minha violetas. Contínuos, regulares, em volume e intensidade adequados. A aquisição de conhecimentos nutre a nossa carreira, tanto quanto bons contatos e conversas que deixam nossas mentes mais férteis. Transferência do que se aprende, é como a multiplicação das minhas violetas, só amplia o que já se tem. Participar de palestras e demais eventos que tenham afinidade com a área de atuação escolhida, são tão saudáveis quanto ler livros e revistas, acompanhar sites e ler artigos sobre assuntos que trazem frescor ao que o já sabemos. Exige tempo, é claro, assim como as minhas plantas, no entanto, mais importante que o tempo é a regularidade. Quando incorporamos esses cuidados à nossa rotina, os efeitos aparecem imediata e significativamente em nosso desempenho profissional.
E o que dizer dos relacionamentos? Filhos, amigos, cônjuges, pais, namorados: para manutenção de relacionamentos prazerosos, profícuos e satisfatórios, todos demandam cuidados, nos mesmos padrões das violetas. Não há forma de ver uma relação crescer e vingar senão pelos cuidados regulares. Digo aos meus filhos, diariamente, como um mantra, que os amo. E, ás vezes, pergunto se eles já sabem desse amor. São todos homens, mas, nessa hora, olham-me com ternura, fingindo aquele enfado próprio da adolescência, e dizem, “claro, né mãe”. Mas penso que esta é uma forma de não deixá-los esquecer e de alimentar esse amor, para que eles possa multiplicá-lo pela vida. Com seus amigos e com as figuras femininas que passarem por suas vidas: das namoradas às avós.
Há relacionamentos que começam despretensiosamente, mas que recebem tantos cuidados que vão crescendo, estruturando-se, ganhando corpo e quando vemos já estão lá, ocupando uma parte importante da nossa vida. Só porque foram regados e adubados, tal qual minhas violetas. Parece bobagem dizer “eu te amo” todos os dias, ligar pra saber como foi a reunião ou o trajeto de casa pro trabalho, se o outro chegou no horário na consulta de rotina. De novo, não é o tempo, mas a regularidade, que promove o crescimento saudável. A falta deles é exatamente como a falta da rega para as plantas: faz as relações murcharem até se deteriorarem de vez.
Poderia falar de tantos outros aspectos da vida, como o espiritual, o físico e o financeiro cuja vitalidade depende de cuidados com as mesmas características. Em nenhum aspecto, no entanto, tanto cuidado impede o surgimento de pragas. Elas estão por toda a parte e podem dizimar não só uma coleção de plantas, mas também uma carreira ou uma relação. Nessa hora, não tem jeito: há que se priorizar e dedicar mais tempo aquilo que se pretende recuperar. Aceitando o fato de que, às vezes, o caminho é simplesmente deixar ir e aceitar a transformação... da carreira, do emprego, da relação, da planta, da própria vida. A despeito de nossos cuidados, a despeito de nossos quereres.
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