sábado, novembro 27, 2010

O silêncio pode ser um caminho em meio ao caos!

A experiência de ser carioca, hoje, tem me provocado reflexões sobre o meu papel diante das transformações por que o mundo grita. Escrevi um artigo sobre isso e penso que o silêncio, em meio a tantos gritos de guerra, pode nos ajudar a encontrar um caminho para a paz. Tenho percebido o quão difícil é ser ouvido, na sociedade em que vivemos e lembrei de uma história de índios (pra variar):
Ouvidos de ouvir

Uma reunião com índios americanos revela um ensinamento importante e urgente.
Agrupados os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Todos calados à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.
Esses pensamentos são estranhos aos demais. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se alguém falar logo a seguir, são duas as possibilidades que se pode pensar. Primeira: quem falou está dizendo: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua fala. Segunda: Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou. Em ambos os casos, está desrespeitando o outro. O que é pior do que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz silêncio dentro, começa-se a ouvir coisas que não se ouvia.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Quem está pronto para amar?

Amor pressupõe liberdade
Nunca falei tanto de desapego. É que tenho percebido o quanto nos aprisionamos e aos outros tentando reter a dinâmica da vida. É como querer parar as ondas do mar: simplesmente não dá. As coisas vão e vem, e as pessoas e os sentimentos, também. E não adianta tentar reter, inverter o fluxo do tempo, just let go. E tem mais: além de coisas e pessoas, retemos dores, doenças e muitas outras manifestações da vida que só querem ser modificadas, curadas, ou seja, passar.
Sei que muitas pessoas sentem dessa forma, mas acabei me tornando minha própria referência, por tantas experiências. Uma delas foi durante uma terapia de cura, chamada “Alinhamento Energético”, que transmuta antigos e nocivos padrões. Tive um daqueles insights poderosos, mas sofri pelo medo de não conseguir viver sem aquele padrão que, embora antigo e conhecido, causava-me tanto sofrimento. Enxergava a oportunidade de mudar, recebia a possibilidade e a ajuda para fazê-lo, mas fiquei agarrada ao que me fazia sofrer. Acontece com as crianças, que não largam seus paninhos ou ursinhos de estimação; e como, em muitos aspectos, somos infantis ainda, acontece conosco quando não conseguimos deixar de lado um relacionamento que só nos faz mal, um trabalho que não nos realiza, entre tantas outras coisas. No fundo, bem lá no fundo, há uma parte de nós que nos condena ao sofrimento. “Jesus sofreu mais”, é o bordão de uma amiga.
Eu decidi que quero ser feliz, realizar meu propósito de vida, exercer o meu potencial e, o mais importante, que isso tudo é lícito, possível e genuíno. Mas isso não me impede de titubear de vez em quando. E foi no meio dessas reflexões que me deparei com os comentários de um amigo na internet sobre o desapego: “O desapego é ideal para coisas materiais, mas se tivéssemos usado o desapego nos nossos relacionamentos desde a nossa existência, ainda caminharíamos nas copas das árvores. Não procuro alguém completo ou que me ache completo, mas que reconheça em mim minhas virtudes e erros e me perdoe e me aceite do jeito que sou e me ajude a crescer, melhorar, não se desapegue tão fácil de mim para não "sofrer".”
Estamos falando de amor, sim. Pelo outro, mas fundamentalmente por si mesmo. O amor não cresce onde não há liberdade e é justamente ela que muitas vezes faz com que uma pessoa decida ir adiante, deixando de lado um relacionamento, seguindo adiante em novas experiências. Como cada pessoa tem seu próprio estágio de evolução e aprendizado na “escola” da vida, nem sempre a outra parte aceita a escolha do outro e é aí que surge o sofrimento. Nessa hora, é preciso praticar o desapego, sim, especialmente das antigas crenças de que algo pode ser pra sempre. “Pra sempre, sempre acaba”, lembra-me a música de Cássia Eller.
Como meu novo amigo, acredito em relações de partilha e companheirismo, que despertam uns nos outros o potencial que precisamos realizar plenamente em nossa jornada de vida. Mas não há como reter pessoas, se desejamos para nós e para os outros a felicidade e a realização. Pode parecer utópico e eu mesmo, às vezes, desconfio de mim. Mas isso é só porque os antigos padrões estão ainda muito arraigados em nós. Eu já disse sim “até que a morte os separe”, mas percebo que a melhor escolha é pela vida, ainda em vida.
A tal da completude, tão questionada, é inatingível em nosso estágio de evolução, mas está em nossa essência. Somos essencialmente plenos, já que somos portadores do código perfeito de Deus (independente de crença, essa afirmação está em quase todas as doutrinas religiosas), e basta-nos reconhecer esse potencial. Só assim, reconhecendo a plenitude desse potencial – imensurável porque simplesmente É, existe - amamos e vivemos no fluxo da vida. Conquistamos nossa liberdade e convivemos com a liberdade dos outros, aceitamos nossos deslizes e os daqueles que nos cercam. Não, amor não dói, não machuca, é intenso, independe de condições favoráveis, está na nossa essência e simplesmente é. Transborda, reverbera, ilumina, encanta e irradia, onde quer que estejamos. E o sofrimento de quem ama? Esse vem do apego, não só ao outro, mas a esse ideal romântico em que nos fizeram acreditar, mas isso deixarei para um próximo post ou para o seu comentário.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Violência e resignação

“O que eu mais tenho medo é da violência. É muito chato o que anda acontecendo por aí. Esta semana vi um assalto de dentro do ônibus”, disse-me um filho ontem. Hoje, abro os jornais e vejo a notícia de mais uma arrastão na Linha Vermelha, lugar por onde circulo sempre. Não houve mortes, mas os bandidos roubaram e queimaram carros na hora do almoço. As vítimas relatam o sentimento de impotência. Eu digo a meu filho que não há o que fazer, que não podemos nos isolar em casa e que temos que pedir proteção a Deus. Mas será que é só isso?
Talvez eu esteja errada ao engrossar o grupo dos conformados, daqueles que vão adequando suas vidas ao contexto até que alguma tragédia aconteça e mude todo o cenário. Pelo menos do seu mundo pessoal. Morando na Zona Oeste do Rio, próximo à Barra da Tijuca, passo pelos túneis com receio (depois de resistir muito) para ir a programas na Zona Sul; uso as linhas Vermelha e Amarela com frequência para ir ao Centro, ao Aeroporto Internacional ou à Baixada. Em todos esses casos, corro riscos como todos os cariocas, mas não deixo de fazer tudo o que quero.
Confesso que, por meu desejo, iria mais vezes aos teatros e shows da Zona Sul e Centro, frequentaria assiduamente a Lapa; mas restrinjo esses programas, para reduzir o risco. Optei por morar numa bolha, que chamo de paraíso, encravada entre o mar e a montanha, com uma excelente estrutura de segurança, mas hoje perguntei-me se isso tudo não é sinal de conformação. Não sei o que pode ser feito, mas dizer aos taxistas paulistas, que sempre me perguntam sobre a violência carioca, que “cidade grande é assim mesmo”, “a mídia assusta e aumenta muito” e “há que se ter cuidado em qualquer lugar do mundo”, não é o melhor caminho.
Assumi passivamente a posição de refém, como tantos outros cariocas. Instalei-me num reduto de segurança de onde saio raramente e vou vivendo “como Deus permite”. Assim, não tenho melhor resposta ao comentário do meu filho, senão a de restringir ainda mais suas idas e vindas, aumentar o meu trabalho de motorista nos “leva e busca” da vida. A conformação é a mesma quando leio, no mesmo jornal, sobre a redução dos investimentos do Governo brasileiro em educação e saúde. Eu devo ser capaz de reações melhores do que a resignação.

domingo, novembro 21, 2010

Acampando com filhos

Não sou modelo de nada, muito menos de maternidade. Erro muito, acerto um pouco, mas sempre tenho a certeza de que estou dando o melhor de mim e de que estou aprendendo alguma coisa com essa experiência. Meus três meninos têm um pai muito presente e, logo que começaram a crescer, descobriram muito mais afinidades com ele do que comigo. Agora, que todos são adolescentes, contabilizo as interseções que mantenho com eles: poucas, mas intensas. Consigo ver filme no dvd de casa, com pipoca; jogar Rummikub, Uno e Combate; cantar no videoke; e, recentemente, resgatei o “acampar”. Para dizer o que isso representa em nossas vidas, tenho que contar uma história.
Desde a adolescência, tenho uma paixão, que nem eu própria entendo, por campings, mas não consegui a adesão do pai dos meninos. Então, assim que o caçula começou a andar, comprei uma barraca, atualizei meu título do CCB e resolvi acampar com os três. Nossos acampamentos aconteciam pelo menos duas vezes por ano, com a preciosa ajuda da babá. Temos lembranças inesquecíveis. Acampados, fizemos amigos; aprendemos a velejar; e conhecemos lugares novos e encantadores. Só que os meninos cresceram, a babá deixou de acompanhá-los, começaram os treinos esportivos, e acampar foi ficando mais difícil, já que os momentos de folga eram escassos.
Este ano, resolvi retomar a diversão. Comprei uma barraca bem simples de montar e desmontar, pensando em reduzir o trabalho de todos e aguardei uma oportunidade para estrear. Consegui convencer a dois filhos e aos meus pais de me acompanhar na aventura no feriado de 15 de novembro. Escolhi um camping no estado do Rio (Teresópolis) e com boa infraestrutura, mas as coisas não saíram bem como planejei. A chuva foi constante, e o frio, bem maior que o esperado, mas o saldo final foi positivo.
A simplicidade da barraca desapareceu diante do pedido dos meninos de levar todos os apetrechos que acumulamos ao longo dos anos: geladeira, fogão, panelas, pratos, talheres, mesas, cadeiras, tenda e lonas, entre outras parefernálias. A pedido deles, comprei os clássicos pacotes de macarrão instantâneo e arrumei o carro com toda a tralha. E aí começou minha grande surpresa. Descobri o quanto meus filhos tinham crescido, ajudando a mim e aos avós; assumindo, por vezes, papéis de protagonistas, usando a força - já de homens - para levantar coisas pesadas, apertar e afrouxar cordas, entre outras atividades comuns a acampamentos.
Dormimos juntos, curtimos frio e jogamos muito Uno. Ele curtiram os avós que inventavam brincadeiras e passatempos para quando a chuva apertava. Apesar de vivermos em contato estreito com a natureza, eles chamaram a minha atenção para o joão-de-barro que passeava por nossa barraca, para o céu, para o pôr do sol. Tivemos nossas brigas também, perdi meu Blackberry correndo de loja em loja para procurar um fusível para um aparelho nosso que quebrou, mas, na volta, já estávamos combinando o próximo, com menos tralhas, mas com o mesmo propósito de ficarmos juntos e vivermos experiências diferentes.
** Fico devendo fotos, que estavam no Blackberry perdido.

sábado, novembro 20, 2010

Um gesto de amor... Vamos ao abraço?

Conheci a Amma em sua vinda ao Rio, há cerca de 3 anos. A programação, no Hotel Intercontinental em São Conrado, previa muitas atividades e, em alguns horários, meditação coletiva, cânticos e abraços. Sim, abraços! E milhares de pessoas faziam filas para ganhar o abraço dessa mulher que é capaz de ficar até 30 horas seguidas abraçando pessoas, dizendo mantras em seus ouvidos e distribuindo balinhas. São SÓ abraços, mas com eles, essa indiana cura espiritualmente a muitos milhares e ainda conquista adesões para suas obras sociais que ajudam aos necessitados de todo o mundo, especialmente da Índia.
A energia que senti naquele dia me marcou a ponto de poder revivê-la anos depois. Ganhei meu abraço sei lá que horas da madrugada. Devo ter esperado umas 7 horas por aquele momento, sem ver o tempo passar. Enquanto esperava absorvia a energia maravilhosa que emanava de milhares de pessoas de todos os pontos do país que viajaram e sentavam lá só para fazer o mesmo que eu: compartilhar amor. Famílias, crianças de colo, adolescentes, idosos... pessoas de todas as raças cores e idades aglomeravam-se organizados por voluntários.
No refeitório, alimentação a preços baixos para que todos pudessem se manter durante as longas jornadas de abraços. A um canto do refeitório, um pratinho que havia sido usado pela Amma, ficava à disposição daqueles que queriam temperar seu ensopado indiano com um pouco da comida daquela que é considerada santa por muitos. Eu chamei de “baba” da Amma e coloquei uma colher, feliz, em meu prato.
Lembrei disso tudo agora, por causa de uma frase que uma amiga postou no Facebook. E aí pensei nas muitas pessoas que conheço que se esquecem de seu valor e dizem: “não sou bom o suficiente”, “não posso ser exemplo pra ninguém”, “não tenho o que dar ao outro”. Será que não sabem dar um abraço? O mundo não precisa de muito mais que isso. A grandiosidade está nas pequenas coisas que, de tão pequenas, passam tão despercebidas, a ponto de fazerem falta ao equilíbrio do Planeta.
O amor é a força mais transformadora que existe e, para ampliá-la, multiplicá-la, recebê-la, tudo o que precisamos é dar. Quanto mais se dá-amor, mais se recebe, numa operação que subverte todas as leis da matemática: o amor nunca subtrai. O melhor é que qualquer pessoa, em qualquer estágio da vida, com ou sem problemas emocionais, financeiros, fraquezas e tristezas pode fazer esse movimento. E amando, é capaz de encontrar uma força terapêutica para si mesmo. Foi assim com a Amma, quando descobriu seu potencial de amar e curar. É claro que a missão dela é mais ampla, mas quem não sabe abraçar? Experimente agora. Abrace alguém ao seu lado, com amor, sem pressa, e veja o que acontece.

quinta-feira, novembro 18, 2010

O que pode mudar o seu estado de espírito agora?

Foi isso o que perguntei a uma amiga que não parava de chorar. Ela não sabia me dizer o porque da sua tristeza, mas sentia-se só. Às vezes, achava que não tinha ninguém por perto e não importava o quanto lhe mostrasse que eu estava ali, ainda assim ela insistia na tristeza. Naqueles momentos, somava tantas coisas que lhe seria mesmo impossível precisar a razão do choro. Juntava o amor idealizado e desfeito, a amizade perdida, a frustração pelo trabalho não realizado, promessas não-cumpridas feitas a si mesma, as impossibilidades, as escolhas inadequadas que haviam causado mais decepção e por aí seguia formando uma imensa “bola de neve” de tristeza.
Meu desejo, com a pergunta, era que ela pudesse ajuntar sentimentos e emoções na direção inversa. Queria que ela percebesse a beleza e a vivacidade que tornavam-na uma mulher interessante, a inteligência que a mantinha em um cargo disputado de uma empresa multinacional, o carisma e a meiguice que atraiam novas relações por onde quer que fosse e tantas outras coisas que, juntas, poderiam enchê-la de felicidade. Buscava apenas fazer com que percebesse o quanto era uma pessoa abençoada e que poderia focar em outro ângulo da vida que não aquele reservado aos fiascos.
Não adiantou. Ela parecia surda aos meu apelos e insistia em avolumar a “bola de neve” de pensamentos de fracasso e perdas. Sua insistência era tanta e seu choro tão sentido que eu, na posição de amiga, com o desejo de confortar, acabei pensando também nas minhas perdas e insucessos. Também eu tinha histórias – e muitas – que não haviam dado certo. Umas, por minha responsabilidade mesmo: por erros cometidos, pela falta de crença nas minhas potencialidades, pela simples falta de persistir ou por insistir no caminho errado. Outras, por decisões alheias a mim, sobre as quais jamais teria algum controle, mas que afetavam diretamente as minhas experiências, interrompendo ciclos que desejava continuar, causando perdas que eu não me julgava preparada a assimilar.
Não há do que me lamentar. A vida é assim mesmo, mas todos podem escolher de que material farão suas “bolas de neve” mentais. O certo é que, qualquer que seja a escolha, ela desencadeará outras que se sucederão avolumando-se em uma massa de energias afins. Eu já estava formando a minha, resgatando toda a tristeza de que poderia me cercar, quando me dei conta que estava agindo tal e qual minha amiga. Bom, se ela não sabia (ou não queria saber) o que poderia mudar a sintonia de seus pensamentos, eu certamente poderia fazer diferente.
Contei-lhe o que estava acontecendo comigo e disse que eu escolhia não sucumbir às lembranças de perdas que tive. Mudei o foco. Pensei nos presentes com que o Universo me surpreendia todos os dias, nos amigos queridos, no bilhete tímido que acabara de receber... Fui colecionando pontos de luz e compartilhando com a minha amiga. Eram tantos e tão poderosos que ela própria começou a se iluminar. A tristeza foi se desfazendo e eu pedi-lhe que fizesse uma lista das coisas que fizeram-na sorrir nos últimos dias. Não demorou muito para que nós ficássemos felizes novamente. Repeti a pergunta: O que pode mudar o seu estado de espírito agora? A simplicidade da resposta me espantou: aquele sorvete gostoso que só vende no Zona Sul. Fomos as duas comer nosso Diletto e comemorar esse pequeno resgate de vida que acabávamos de fazer.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Sobre a afinidade

"A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. O mais independente.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento."
Artur da Távola

terça-feira, novembro 09, 2010

O que é o amor?

Nenhuma pretensão de definir o amor por aqui! Tantos poetas e escritores tentaram fazê-lo pra chegar à conclusão de que o amor é mesmo pra ser vivido, e não explicado. O amor é assim: pleno, enorme, absoluto e, ao mesmo tempo, ou talvez por isso mesmo, não pode ser contido em palavras. Se escrevo sobre o amor, é porque ando descobrindo coisas a seu respeito que eu jamais poderia supor ou que, mesmo supondo, não havia, ainda, experimentado.
Uma das minhas descobertas é que o amor simplesmente é. Não depende de absolutamente nada para exisitir. Ele existe e pronto. Não precisa de reciprocidade, nem de atenção. Ele está lá, preenchendo todos os espaços do ser que puder alcançar. Não causa sofrimento; está acima de qualquer dor.
Quem ama alegra-se junto com com a pessoa amada e nem se importa se ela sabe ou não dessa alegria compartilhada. Compartilha e contenta-se por isso.
Quem ama não tem medo de perder; porque o amor, ao contrário do que muitos dizem, é livre, não tem o desejo de reter, aprisionar e virar senhor do instante ou da vida de outrém. O amor abre portas, janelas, escancara a vida.
Quem ama enxerga a vida diferente e vê graça na flor, na chuva, no dia sem sol, nas aves, nos idosos, na criança. O amor enche a vida de cor e se esparrama por todo lugar onde passa. Ele contagia, alheio a tudo e a todos, e irradia-se atingindo e conquistando novos amores.
Quem ama não passa despercebido, nota-se um ser amante à distância. Ele é incansável em amar. E ama nas compras do supermercado, na noite mal dormida, na reunião interminável, na rotina dos afazeres domésticos, nas muitas contas pra pagar, na agenda abarrotada... Ele simplesmente ama.

segunda-feira, novembro 08, 2010

"Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia"

Continuando a discussão sobre o que é ser normal... Há muito tempo li a frase atribuída a Gandhi numa revista. Chorei horrores naquele dia, porque nada em mim estava em harmonia. O que eu pensava não tinha nada a ver com o que eu dizia e muito menos com o que eu fazia. Hoje, agradeço ao Universo e sorrio cada vez que vejo essa frase em algum lugar, porque sinto que, cada vez mais, alinho sentir, pensar e fazer. Muito longe da perfeição, tenho a consciência de que meus muitos erros são frutos do que penso. Assim, fica muito mais fácil me revisar a cada instante, sem dó nem piedade. Se for preciso, me viro do avesso, mas dificilmente farei algo em desacordo total com o que sinto. 
Não assisto à vida passar passivamente. Às vezes, esqueço tudo o que aprendi, e volto às antigas lições; outras, passo por lições simples como quem está passando por uma prova de fogo; outras, ainda, supero com louvor desafios realmente difíceis e que eu não me acreditava capaz de transpor. Assim, vou me construindo e me dou conta, feliz, que isso não tem nada a ver com a idade, mas com a disposição de se abrir pro novo, pra vida e pra si mesmo.
Por conta do meu próprio movimento, acabo esbarrando em pessoas com impulsos semelhantes, que me mostram a todo momento que tudo é possível, para desespero de outras, que preferem não acreditar que a vida é mesmo uma mar de infinitas possibilidades. Pensando bem, que pessoa normal escreveria sua vida em um blog? Mas, pensando melhor ainda, que bom que há pessoas alucinadas que conseguem fazê-lo, porque assim interagimos de uma forma que, em condições “normais”, talvez não fosse possível!
Segue um pequeno dialógo extraído do livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, considerado por muitos, à sua época, meio louco:
- Como é que você sabe q é louco?
- Comecemos considerando que um cachorro não é louco – respondeu o Gato - Você concorda com isso?
- Acho que sim – disse ela.
- Nesse caso – continuou o Gato – lembre-se de que um cachorro rosna quando está bravo e abana o rabo quando está contente. Já eu rosno quando estou contente e abano o rabo quando estou bravo. Portanto eu sou louco.

sábado, novembro 06, 2010

Normal? Eu?

É normal curtir bons momentos em
cemitérios? Pra algumas pessoas, é!
Sábado a noite. Pergunto-me se é normal alguém ficar em casa sozinha por sua própria escolha. E, além disso, ver um filme, comer pipocas, beber um vinho e comer azeitonas, simplesmente feliz. Deve ser. Afinal, esta sou eu e acabo de me olhar no espelho: vi uma carinha com uns princípios de rugas, aparentemente muito tranquila e saudável. Portanto, declaro-me normal.
Agora, questiono sinceramente, e com muito amor, todas as pessoas que sempre se preocuparam em me dizer o que era normal. Claro que todas sempre quiseram meu bem e talvez percebessem que eu, de fato, não me encaixava bem em suas histórias. Penso que esse é um movimento inconsciente: de alguma forma tentamos enquadrar tudo às nossas convicções, mas, no fundo, não fazemos isso pelo outro, mas por nós mesmos, na tentativa de mantermos o que chamamos de estabilidade ou de “normalidade”.
Eu nunca entendi mesmo essa minha obsessão por enquadramento. “É normal sentir isso? É normal sentir aquilo?” Já fiz essa pergunta pra mim e pros outros inúmeras vezes. Movida, talvez, por uma necessidade enorme de pertencer a um grupo ou de ser reconhecida, já que eu própria não conseguia reconhecer a mim. Tudo bem que sou do signo de gêmeos, mas desde a adolescência era o próprio paradoxo encarnado. Uma das histórias mais marcantes que conservo de mim é a de eu ser “zoada” por um amigo porque não conseguia decidir a cor da mochila que ia comprar e pensei em ligar pra minha mãe pra perguntar o que ela achava. O contexto? Eu tinha 17 anos e estava prestes a embarcar para um programa de intercâmbio de 12 meses onde moraria com uma família americana. O amigo querido, claro, não acreditava que eu não pudesse dar conta de uma escolha tão simples.
Preciso dizer que acabei de ver o filme “Tudo pode dar certo”, de Woody Allen. O homem é absolutamente perturbado e perturbador, mas deu certo graças ao seu talento de perceber (e cutucar) a condição humana. Fosse ele “normal”, faria comédias românticas ou outro tipo de filme, e talvez obtivesse até mais sucesso. Vai saber. O filme caricaturiza, mas emociona ao mostrar que todos podem ir além dos estereótipos humanos (ou não) e terem momentos felizes entre suas escolhas, independente de quais sejam.
Não estou presa ao passado, mas acho importante perceber que passei minha vida quase toda tentando me enquadrar a um modelo em que jamais me encaixei. Não culpo ninguém e, por isso, uso essa experiência nas minhas escolhas atuais e, mais importante que tudo, naquilo que transmito aos meus três filhos. Se eles perceberem meu esforço para viver de acordo com o que acredito, já me dou por muito satisfeita. No entanto, o mais impressionante, realmente, é que é justamente por assumir minha complexidade, minha vida ficou infinitamente mais simples.
** Este post continua. Mas, antes disso, me diga, o que é ser normal?

quinta-feira, novembro 04, 2010

Painel dos Sonhos

Todos somos responsáveis por nossos sucessos e fracassos, certo? Podemos escolher, a qualquer momento de nossas vidas, recriar nossa realidade tornando-a mais próspera, feliz e amorosa. Mas por que nos fixamos, muitas vezes, no padrão do lamento e da autopiedade? Por que escolhemos acreditar que as coisas não andam muito bem porque Deus quer assim, porque tinha que ser ou porque é nosso destino?
Falo agora por mim, que há oito anos comecei a estudar diferentes fenômenos energéticos e espirituais e, só no ano passado, comecei, de fato, a experimentar esses efeitos na minha vida. Ao contrário de anos atrás, quando me sentia andar em círculos, hoje sinto-me em uma espiral ascendente. Mesmo resvalando em antigas crenças, consigo avançar e descobrir novas formas de realizar meu potencial. Há dificuldades, momentos em que pareço não sair do lugar, mas há vitórias de todo tamanho que comemoro com muita alegria e acabo compartilhando aqui.
Uma delas foi fazer o meu Painel dos Sonhos. Já conhecia a “mandinga” há muito tempo, mas nunca tive muita paciência ou confiança para fazê-lo. Pois bem, andava meio desanimada por não conseguir executar algumas coisas que desejo e resolvi começá-lo com bastante amor e fé, feliz por estar “desenhando” ali o meu futuro. Peguei uma cartolina branca, escrevi Painel dos Sonhos, e procurei, em revistas, gravuras que traduzissem minhas aspirações, símbolos de onde quero chegar na minha vida pessoal, afetiva, financeira, espiritual, profissional... Todos os dias, dou de cara com ele ao me levantar e acho lindo! Olhar de forma concreta para os meus sonhos ajuda-me a materializá-los e a perceber que as dificuldades são transitórias e transponíveis.
Essa é só uma forma pessoal que encontrei de superar um momento em que a acomodação deixava a inércia se instalar. Afinal de contas, talvez não precisasse de nenhum esforço para me apaziguar com a abundância e o amor do Universo, não fossem minhas barreiras e crenças pessoais. Essas, sim, exigem de mim consciência, atenção e perseverança. O quadro tem me ajudado, mas junto com ele há outras ações como o planejamento de ações para alcançar as metas que me conduzirão aonde desejo chegar.
E você? De que forma tem se aproximado de seu sonho? Compartilhe com a gente!

terça-feira, novembro 02, 2010

Eu venci uma batalha entre milhões de espermatozoides

Foi isso o que afirmamos (eu e o pai) para o filho, quando ele contou que a professora havia dito que apenas um em um milhão de meninos conseguia realizar o sonho de tornar-se jogador de futebol profissional. Repetimos: você é um vencedor e começou a vencer há muito tempo, ainda na barriga da mãe.
A história dele é realmente empolgante. Apesar de só ter 13 anos, já jogou na Europa, em uma seleção de crianças de escolinhas de futebol do Flamengo; vestiu a camisa do Bangu, do CFZ e, atualmente, a do América. Em 2011, começará no infantil e pensa no futuro de uma forma muito madura, analisando as possibilidades de times, de mudanças de escola, entre outras. Cuida da alimentação e da saúde com seriedade, sem deixar de se divertir. É um campeão e, com certeza, continuando nesse ritmo, se profissionalizará em breve.
Mas o que mais gostei, dessa história toda, é que, ao dizer que ele já era um campeão ao nascer, estava repetindo pra mim mesma e contando pros outros filhos que somos os grandes responsáveis por nossas vitórias e derrotas. E porque isso, que parece tão simples e óbvio, não é senso comum? Por que a maioria das pessoas (eu, inclusive) tem dificuldade de acreditar que pode criar a sua realidade? Por que tantos lamentos no lugar de brados de vitória? Quando deixamos de experimentar nossa porção divina?
Leio textos e histórias de eras pré-cristãs e vejo o quanto o poder da autoconfiança e da energia do pensamento sempre foi atribuído a pessoas especiais como forma de manutenção do status quo. Sacerdotes e sacerdotisas, magos e bruxas, reis (e algumas rainhas) eram detentores naturais desse poder, que nunca foi exclusivo. Não é por acaso que o livro O Segredo fez e faz tanto sucesso. Se todos acreditarem que tudo é tão simples, como manter a estrutura social que está aí? Se posso me curar, enriquecer, buscar a minha felicidade, de quem serei dependente? A quem ou a que obedecerei?
O fato é que, hoje, há pesquisas que começam a comprovar que o pensamento, as vibrações energéticas podem mudar a realidade objetivamente. Há uma, recente, de que particularmente gosto muito, que comprova a alteração da estrutura das moléculas da água quando submetidas a preces e pensamentos alegres e positivos (http://www.hado.net/). O pesquisador japonês, sr. Emoto, afirma que essa é uma mensagem do Universo de que devemos olhar mais para dentro de nós, onde estão as respostas para um mundo melhor. Veja o livro.
Amanhã publico aqui um jeito que comecei a experimentar recentemente de lembrar-me e praticar tudo isso.
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