domingo, dezembro 09, 2012

Uma cota a mais de felicidade


Todo mundo quer ser feliz ou mais feliz. É um fato! Mas o surpreendente, pelo menos pra mim, é perceber que essa cota (a mais) de felicidade está sempre ao nosso alcance, apesar de, muitas vezes, parecer distante. Cada um tem seus motivos – conscientes ou inconscientes – para não usufruir de todas as coisas boas que lhe cabem, mas elas estão lá, esperando apenas que estendamos a mão para alcançá-las.
Hoje tive uma das muitas experiências que me fazem lembrar que nasci para ser feliz e que todas as vezes que caminho em direção contrária a isso, é por minha própria dificuldade de enxergar o óbvio e de viver simplesmente o momento presente. Claro que há muitas coisas que me fariam muito feliz, e que dependem de outras pessoas ou circunstâncias que ainda não se fizeram presentes. São meus desejos e sonhos. Mas há muito mais em cada momento da minha vida. E esse preâmbulo todo é só pra contar que hoje liguei a sauna da minha casa. Nada demais, não fosse ela estar sem uso há anos e o local servir de depósito para umas tranqueiras que não servem pra nada.
Eu adoro sauna, então hoje pensei: “o que me impede de ligar esse aparelho e curtir?”
Saí para caminhar na praia, aproveitando a trégua da chuva e o início de noite claro do horário de verão, e voltei pra ver se o aparelho ainda funcionava. Já tinha retirado as tranqueiras, então deixei aquecer um pouco e fiquei aproveitando aquele calorzinho alternado com o banho gelado. Fiquei tão feliz e me perguntei porque ainda não tinha tomado posse daquele pedacinho maravilhoso da casa. Sim, porque o espaço que habitamos, também precisa que o desejem, que o ocupem com a disponibilidade de usufruir do que ele tem para oferecer. Cuidar, usar, aproveitar e manter fazem parte dessa “relação” com tudo o que nos cerca.
Não me permitia aproveitar a sauna, não cuidava dela e também não usufruía do bem-estar que ela poderia me proporcionar. Falta de tempo pra cuidar, falta de tempo para usar, preguiça de ir pro quintal sozinha: o rol de desculpas é longo e custei muito a me dar conta dele. Perceber mais essa pequena autossabotagem, me faz arregalar os olhos para atentar para outras que às vezes causam essa impressão terrível de que a felicidade mora ao lado. A preguiça de caminhar na praia, sempre tão disponível pra mim; o filme que deixo pra “ver depois” até sair de cartaz; o almoço com os amigos que vai sendo adiado até que o tempo apareça; a exposição que “deixo pra lá” porque acontece longe de casa, e aqui já vou formando mentalmente uma lista de “pequenas desistências”. Hoje, vou desfazendo essa lista a medida em que se forma, porque desejo usufruir de cada uma das possibilidades que o presente me oferece. A felicidade só pode acontecer AGORA!

sábado, novembro 10, 2012

Gente grande!


Dizem que quem é grande não chora. Não é meu caso! Cresci, mas sou capaz de verter lágrimas por conta de uma simples flor, ou por causa de um mal-entendido qualquer. Choro solto, como sempre chorei. Sem que, nem porque, me derreto. Não sou comedida. Não é da minha natureza. Se gosto, vou fundo e desconfio (muito) das restrições. É por isso que resisto quanto posso às dietas. Gosto de muito.
Mas há algo pior, que pensava não afetar gente grande. São as gafes! Cometo gafes infantis, daquelas típicas dos pequenos que se esquecem filtrar o que dizem. Não é sempre, mas há momentos em que as palavras saltam de mim e quicam como aquelas bolas de borracha. Quando me dou conta, tão quicando em algum lugar, quando não em mim. E tem mais coisa que me faz esquecer que cresci, e que já até envelheço: o brilho nos olhos. Não consigo difarçar quando algo me encanta. E me encanto com as coisas mais simples: uma poesia, uma cor, uma palavra, um sorriso, um olhar... É assim, mobilizo-me e meu olhar não me poupa e, se insatisfeito de brilhar, transborda, umedece como a me desafiar, revelando-me sem pena.
E ainda há coisas que poucos sabem, especialmente quando percebem os meus arroubos. É que não tenho mais medo. Não me encolho pelos cantos, nem espero que alguém venha me empurrar para que eu siga meu caminho. Ganhei pernas. Corro ou caminho, do jeito que posso e na direção que quero. Volto quando é preciso e, alguma vezes, vou além: lanço-me em distâncias mais ousadas, correndo riscos enormes diante de jornadas que jamais pensei empreender.
Virei essa coisa meio disforme: alma de criança, pernas de adulto, num corpo que não me deixa esquecer que o tempo passa. Um conjunto desconcertante de risos e choros, erros e acertos, que parece querer sempre aprender mais alguma coisa. E o mais estranho é que tenho um orgulho enorme desse descompasso. E dessa coragem de seguir, mesmo que às vezes não saiba exatamente para onde.  

segunda-feira, novembro 05, 2012

Quem é esse cara?

Roberto Carlos diz “Esse cara sou eu”, e parece que a música está na novela da Globo, com uma estrofe assim “O cara que pensa em você toda hora, Que conta os segundos se você demora, Que está todo o tempo querendo te ver, Porque já não sabe ficar sem você”. Pronto, quero um cara desse pra mim! Eu e mais um monte de gente! Mas esse cara existe? E é ele mesmo que você quer? Um amigo sentenciou: “estou farto de mulheres da sua idade querendo viver paixões adolescentes. Esse homem que vocês querem não existe.”
Eu fiquei cheia de perguntas:

  • Esse cara existe? 
  • Paixões adultas são diferentes das paixões adolescentes? 
  • Mulheres queremos mesmo esse cara que “já não sabe ficar sem você”? 
  • Em se tratando do “cara”, sabemos o que queremos? 
  • Se não sabemos o que queremos, como reconhecer “o cara”? 

Não tenho respostas, mas tenho algumas ideias a respeito dos “caras” ou das "caras" que cada um cria pra si. Sim, porque cada um enxerga aquilo que quer, com base em seu próprio e único sistema de crenças, valores, códigos, estruturas e tudo o mais que constitui um ser humano. Se assim é, posso – embora não devesse – projetar em outros humanos essa minha realidade única e fazer sapo virar príncipe e vice-versa num piscar de olhos, ou melhor, com um simples beijo, como no conto de fadas. Alguém duvida?
Nessa hora, e pra mágica do conto de fadas funcionar direitinho, esqueço que o humano em quem projetei tudo o que queria (e às vezes o que não queria) também tem sua própria forma de ver o mundo e de enxergar as pessoas com quem se relaciona e aí, “o cara que pensa em você toda hora” acaba indo embora.
Estou longe de entender esse intrincado jogo de projeções que faz o viés de muitas relações, mas me arrisco a dizer que todas as vezes em que procuro me afastar dos “sonhos e projeções” para enxergar o humano, fico mais feliz. Quando consigo ver as dificuldades e o que pode parecer, pra mim, limitação, percebo também os esforços para me alcançar. Quando permito-me mostrar como sou, posso expressar meus desejos, aumentando as chances deles se realizarem. Quando tento compreender além das palavras, sinto-me mais compreendida. E, sim, depois de tanto olhar para o outro na tentativa de enxergar o que ele traz consigo de único e genuíno; depois de, pelo menos tentar, despir-me de máscaras, jogos e acessórios emocionais que não me traduzem; é bem natural que apareça “O cara que pensa em você toda hora, Que conta os segundos se você demora, Que está todo o tempo querendo te ver, Porque já não sabe ficar sem você”, como canta o Rei. Se for esse o (meu) desejo!


domingo, novembro 04, 2012

Conversando com a fonte interior


Perguntei pra Fonte: “Minhas curas passam necessariamente por ti. És remédio, elixir, renovação. Por que me afasto então? Por que me desequilibro e busco ajuda ao meu redor, se tudo o que preciso é me voltar para ti?”

A Fonte respondeu, incrédula: “O que está acontecendo? Estás tão próxima de mim. Por que não me sentes? Abre os olhos e enxerga até o que não queres ver. Assim poderá ser quem teme ser. Poderá fluir. Veja quem é você. Onde está agora? Não se permita não me sentir, porque eu fluo naturalmente em você. Você está prejudicando o seu sentir com o que não é essencial. Tira a roupa rápido. Esses momentos de dúvida são sempre de enfrentamento. Olhe-se no espelho e pergunte-se: Quem sou? O que sou? O que desejo? Ame-se incondicionalmente sob o risco de não amar mais ninguém. Adore-se. Respire intensamente, no dia a dia. Seja ele qual for. Faça tudo o que fizer amorosamente. Você é amor!
Retorne ao núcleo, se necessário. Para me sentir, para se sentir. O seu trabalho, a sua família: tudo isso é você. Viva tudo com alegria e amor, com equilíbrio, experimentando e respeitando as pessoas, amando a tudo e a todos. Não dê espaço para nenhum sentimento diferente. Na dúvida, viva. Pense e aja! Sob pena de não prosseguir. Eu amo, eu amo, eu amo! Eu sou, eu sou, eu sou!”

quarta-feira, outubro 17, 2012

50 tons e mais um pouco


Fechei o livro no capítulo 14. Maldita hora em que resolvi ler essa “meleca”. A “meleca” em questão é o livro “50 tons de cinza” que estava aguçando minha curiosidade há semanas, dado o número de exemplares vendidos, de amigas e amigos que leram, de estoques acabados nas livrarias, entre outros fatores que costumam atrair a atenção dos curiosos. Até o fim da tarde, recomendava a leitura a quem quer que encontrasse: “experimenta, é uma diversão maravilhosa”, dizia. Mudei de ideia temporariamente. Estou aqui me contorcendo por causa desse livro. E certamente não é pelos atributos literários da obra.
Lidando com esses sentimentos que me forçam, agora, a fazer uma pausa na leitura, percebo que, certamente, eles nada têm a ver com a postura do Sr. Grey. As figuras do controle e da submissão, usadas pela autora em todo o livro, têm mais a ver com uma pergunta que o Sr. Grey faz a todos que cruzam o seu caminho. Têm a ver com entrega, disponibilidade... Têm a ver com conhecer sua escuridão pessoal e seus limites. Têm a ver com a coragem de encarar a si mesmo sem máscaras, véus, maquiagens.
Não, esse não é um livro para inspirar reflexões. Mas eu sempre digo que os livros me escolhem. Foi o caso deste. Raramente leio best sellers e quando já tinha decidido deixar o modismo de lado, um amigo me acena tentadoramente o seu exemplar.
Não resisti. E posso dizer que não deveria mesmo ter resistido. O que acessei em mim está sendo trabalhoso para elaborar e vai além das sessões de sexo não-convencional do casal, chegando ao que, para mim, é o ponto essencial: a entrega nas relações humanas (de todos os níveis). A relação que os personagens experimentam no livro, carregada de erotismo, esbarra o tempo todo no quanto e no que cada um está disposto a entegar de si ao outro. Daí a refletir em minhas relações, foi um passo curto. Discurso doce, aparentemente frágil, encobre algo de que não havia me dado conta: não sou uma mulher muito acessível. As aparências enganam, até a nós mesmos!
Reservo-me, dou pouco de mim e, me escondo (escondia?), sob a capa do controle. Quem se ilude com a ideia de controlar a vida tem medo de viver! Pode parecer normal, estamos cercados de pessoas assim, é a escolha de vida de muitos. No entanto, a descoberta desse lugar sombrio que eu não imaginava existir, me pegou de surpresa. Fiquei perplexa diante de mim mesma! Hoje concluí o livro! Sobrevivi! E a quem interessar possa, estou feliz, porque os segredos da alma, uma vez descobertos, deixam de ser segredos, passam a gozar da liberdade e da luz do domínio público! Refeita, continuo recomendando a leitura! Vamos aos tons mais escuros!  

segunda-feira, julho 30, 2012

O que é viver?

“Amiga, agora vou viver!” Escutei isso e perguntei de imediato: “Ótimo, mas o que é viver?” Para ela, “viver” é sair à noite pra dançar, ir ao teatro e ao cinema, entre outras coisas que o seu namorado não gosta de fazer. Para ele, certamente, “viver” tem outro significado. Conversamos sobre as atividades que ela pretende retomar, porque, como diz, tem que fazer o que gosta, e eu fiquei com essa pergunta na cabeça, que, na verdade, sempre me faço: “O que é viver pra você?” 
Lembrei de um amigo que está passando por uma fase turbulenta em muitos aspectos da vida que anda amuado e entristecido há meses. É uma pessoa muito próxima e querida, com quem converso muito. Há mais de um ano não o escuto dizer nem um dia que está feliz. Por amá-lo tanto, esta semana, fiquei pensando em como ajudá-lo e naquilo que podia fazer além de mostrar, de alguma forma, quase diariamente, que estou por perto. Fiquei me perguntando se ele poderia estar bem diante dos problemas que está enfrentando e entendi que, sim, ele poderia estar bem. Desde que aceitasse que tudo é transitório, que a natureza está à disposição de todos para reenergizar e reequilibrar nossos espíritos e que estamos cercados de amigos de todo tipo justamente para enfrentar melhor os desafios da jornada da vida. Felicidade não é circunstancial, concluí, é uma questão de escolha. O que seria “viver” para esse meu amigo? Por que ele não sente que está “vivendo” nesse momento da sua vida?
Pensando nele e nessa definição muito pessoal do que é “viver”, me dei conta de que ele não está “vivendo” porque perdeu-se de si mesmo. Tem lá os seus motivos. Assim como eu, que muitas vezes, esqueço da minha vocação inata à felicidade e tenho que me perguntar “O que é mesmo viver, hein?” Mas reencontrar o caminho também é uma escolha e a felicidade, mesmo sendo uma condição sempre possível, exige algum esforço, ainda que seja aquele de abandonar um antigo padrão e de ver a situação que se vive com um novo olhar. Felizmente, não estamos sozinhos. Há sempre amigos, sinais e acontecimentos para nos lembrarem o que é “viver” e nos ajudarem a retomar nosso caminho, seja ele qual for! E aí? Já descobriu o que é viver pra você?

sexta-feira, julho 20, 2012

Redescobrindo minha melhor amiga

Hoje foi o dia do amigo! Tenho uma amiga de infância que diz que a vida tem fases e fezes e que só nos resta conviver com ambas. Não tenho vergonha de dizer que hoje foi um dia mais difícil pra mim. São tantas transformações acontecendo ao mesmo tempo, que, às vezes, tropeço nos meus próprios pés em busca de pisos mais firmes. Acontece... E, de repente me vi só, num dia em que gostaria de estar cercada de amigos. Não que eles tenham me faltado. De forma alguma. Tenho verdadeiros anjos a minha volta, mas hoje não consegui estar junto com nenhum deles. E, agora, à noite, tenho vontade de dormir. Mas esse não é um momento ruim, posso dizer que o dia dos amigos me veio a calhar para que eu pudesse olhar melhor algumas partes de mim mesma. 
Um outro amigo, desses que não nos desamparam em momento algum, sempre me diz que está na hora de aprender a conversar e ficar comigo. Achei que já sabia fazer isso muito bem, mas a gente está sempre aprendendo! Então hoje dediquei-me a essas conversas internas. Não saí com meus amigos como havia planejado, mas no fim da tarde consegui encontrar a mim mesma, reconectando-me à minha melhor amiga: EU.
Na verdade, descobri (seria muito mais adequado dizer “LEMBREI”) que esta é uma condição imprescindível, inegociável, para quem quer ser feliz e fazer outras pessoas felizes. Ter a si mesmo é um negócio tão bom que faz a gente relevar quando aquela pessoa querida escuta você dizer que não está muito bem e passa por cima da frase, ignorando que você só quer um pouco de atenção e esquecendo aquela banal pergunta: “como vocês está?” Quando se está acompanhado de si mesmo, a gente rapidinho descobre que isso não significa desamor e que a felicidade desejada não depende de nada, senão da qualidade da amizade que mantemos com nossos melhores amigos: NÓS MESMOS! Feliz Dia do Amigo!

quinta-feira, junho 28, 2012

A arte do olhar, o olhar da arte

Na impossibilidade da foto, posto o meu olhar, um
dos meus portais de troca com o mundo!
A imagem deveria retratá-lo! Era pra dizer algo a seu respeito que me foi enviada! Mas eu apropriei-me dela de um jeito que parecia minha, ou melhor, parecia eu. Bastou olhar para foto daquela árvore que eu me identifiquei, a ponto de desejá-la pra mim, como se alguém pudesse ter exclusividade sobre a arte de outrem. O coração apertou à primeira vista: nos galhos ocultos e revelados por luzes e sombras, estava a minha vida, vista através das lentes de um quase estranho. Foi perturbador, como acredito que a arte deve ser! Que outra função teriam os artistas, senão a de tirar-nos do lugar comum, de levar-nos a uma viagem a lugares ocultos de nós mesmos?
Eu não pude tomar a foto pra mim, mas descrevo com as palavras, na falta de lentes, tintas ou acordes, o que me acometeu! Tremi! No auge da minha emoção, achava que possuindo a foto pudesse me esconder de quem quer que seja. Aqueles galhos não tinham ordem, nem razão de ser. E o mais assustador: não estivessem todos conectados ao mesmo tronco, eu diria que cada um tinha vida própria, seguindo seu curso como lhe aprouvesse, atraídos por que facho de luz ou sombra mais lhe conviesse. Agora, pensando bem, vejo que cada um seguia mesmo seu caminho. Tronco, raízes, ficavam desapercebidos diante da confusão que aqueles galhos causavam. Mas estavam lá – tronco, raízes e todos os demais elementos que compunham aquele ser - visíveis no viço das folhas, na vitalidade do emaranhado de galhos, na juventude dos brotos.
Um sistema vivo específico, aparentemente limitado, mas tão conectado com tudo o mais que há no mundo que foi capaz de me refletir. Sim, era a mim que via naquele conjunto! Ora sombra, ora luz; perseguindo aquilo que muitas vezes nem sei descrever; indo por instinto atrás do que julgo importante; fazendo um barulho danado quando, na maioria das vezes, basta lembrar que faço parte de algo muito maior para me acalmar. Eu também inspiro e expiro, como aquele conjunto fotografado.
Mantenho a foto na minha tela e continuo me vendo naquele ser. Indago-me se tentei tomar a foto ao fotógrafo para liberar a árvore do aprisionamento do seu olhar. Quero a mim e a ela livres para despencar quando necessário, expandir quando a luminosidade assim estimular, encolher nas sombras e voltar às raízes em busca de vitalidade. Não adianta: nem o mais ousado fotógrafo poderá aprisionar-nos em um instante!

segunda-feira, junho 25, 2012

Traduzir-se

Eu ia dizer que hoje estou assim, mas isto seria uma mentira. Eu SOU assim, e Ferreira Gullar traduziu-me muito bem!

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

domingo, junho 24, 2012

Eu aceito...

Sombra e luz, alegria e tristeza, recolhimento e expansão, morte e nascimento. Estamos em meio a polaridades, ou melhor: somos todos bi-polares. Temos em nós, os polos opostos de tudo o que há na vida. Ou será que alguém vive constantemente em expansão? A vida é cíclica e não há como evitar um ou outro momento de recolhimento. Mesmo sabendo disso, no entanto, ontem fiquei sem saber como lidar com a minha introspecção. Sábado a noite não é dia de recolhimento, repetia pra mim mesma! É dia de estar com amigos, beber, comemorar... Bom, não estava nessa “vibe” e chamei o momento de tristeza. Tão atazanada fiquei, que pouco consegui ler do meu livro maravilhoso. Também não consegui escrever! Fui dormir!
Não estava triste, agora sei! Não reconheci o simples fato de que a vida é feita de momentos, de que somos todos diferentes, de que se hoje você está de dieta pode ser que eu esteja com vontade de comer o mundo. Para cada pessoa que ri, com certeza há alguém que chora e que certamente sorrirá depois, quando outras pessoas estiverem chorando. E isso é maravilhoso e natural. A vida é movimento. Quem mandou eu esquecer disso? Se renego os momentos como o de ontem, choro e sofro desnecessariamente. Está certo que eu não queira me recolher o tempo todo, está certo também que aceitar um sentimento não é simplesmente acomodar-se a ele. Mas a aceitação traz a paz, reforça o amor próprio.
Ser alegre é saber acolher a tristeza, porque ela faz parte de mim! Há um mantra que alguns amigos repetem que é muito poderoso, que eu compartilho aqui: “Eu ilumino minhas sombras com amor e compaixão.” Isso não significa que eu vá exterminar as sombras ou que elas sejam indesejadas. Aprendi com um amigo fotógrafo que a sombra é tão importante para compor a foto quanto a luz: luz e sombra são matérias primas de sua arte, que jamais existiria sem uma ou outra. Mas esse mesmo amigo me diz: “Não dá pra explicar! As sombras devem ser aproveitadas!” Por isso parei de tentar entender! E mudo o meu mantra para “Eu aceito e amo cada um dos meus momentos com muita compaixão!”

quinta-feira, junho 21, 2012

Homens e mulheres de preto!

Li um livro fantástico quando era menina e hoje utilizo-o em meu trabalho. “Manu, a menina que sabia ouvir” é uma história gostosa, que revela o quanto a conversa com ou sem agenda é terapêutica. Na fábula infantil, do francês Michael Ende, o “papear” é ameaçado por homens de cinza que tomam a cidade, estimulando todos a pouparem tempo e a utilizarem as horas do dia de forma mais produtiva, mensurada e objetiva. Bom, não vou contar a história, mas esse preâmbulo é pra dizer que me lembrei do livro quando, esta semana, passei em frente ao Riocentro, onde estão concentradas as atividades das cúpulas dos países participantes da Rio + 20.
Todas as vezes vi grupos de homens e mulheres em seus ternos e tailleurs pretos, carregando pastas e tablets. Eu sempre me pergunto por que o preto tem que ser a cor dominante em ambientes políticos e corporativos? A cor confere seriedade, profundidade, elegância? Antes de mais nada: sim, eu uso preto! Mas só às vezes, e por mera praticidade, porque ao longo do tempo fui seguindo o fluxo e adquirindo peças pretas e básicas. Gosto de cores e, hoje, fiquei imaginando aqueles homens com ternos coloridos, as mulheres com roupas mais modernas e igualmente elegantes. Seria bem adequado para uma conferência global que se propõe a transformar o Planeta!
Para transformar é preciso olhar diferente, viver diferente, vibrar diferente para então pensar e propor diferente. O hábito faz o monge? Se este ditado estiver certo, avançaremos muito pouco nos convênios que serão efetivamente assinados pelos chefes de estado. A julgar pela mesmice dominante no figurino dos assessores e dos próprios responsáveis pela nação, haverá pouca ousadia nas proposições. E o Planeta, hoje, precisa de muita coisa diferente para mudar o rumo de destruição que temos presenciado (e seguido) nos últimos anos.
Nas atividades paralelas, na Cúpula dos Povos, o cenário é diferente. O figurino, também. As propostas parecem mais interessantes, mas algumas, sabemos, dificilmente sairão do papel. Ou será que estou equivocada e devo continuar a acreditar que um dia os chefes de estado, aqueles mesmos que nos representam na esfera política, possam ousar, colorir e, quem sabe, colocar um freio nesse cenário de destruição que vejo da minha janela diariamente?
* Escrevi esse texto semana passada! Acho que não errei muito em minhas apostas... 

domingo, junho 03, 2012

Eu não estou me sentindo ouvida!

Foi mais ou menos isso que eu disse a um grupo de amigos, numa dessas madrugadas recheadas de pinga e papo, num momento em que a a conversa girava em torno das definições que cada um tinha do perfil de homens e mulheres do bairro onde moro. Nada demais. A conversa seguia animada, com muitas discordâncias e piadas, mas alguma coisa me deixou irritada. Justo eu, que quase nunca saio do sério ou me canso de uma boa conversa. Parei, pensei e desabafei.
Um desabafo um tanto quanto inusitado para uma roda de bar. E todos ouviram. Mas discordaram. Era eu, segundo eles, que estava omitindo meu posicionamento e abrindo mão de dar opiniões sobre o assunto. Pode até ser. Mas o fato é que eu não me sentia realmente ouvida. E eu explico aqui o que não consegui na mesa do bar. Não me sinto acolhida quando quem me escuta está encerrado em seus próprios pressupostos. E numa conversa em que você está disposto a colocar o melhor de si, notar que o que você diz é apenas registrado superficialmente, me magoa. E isso passa despercebido, na maioria das vezes, até por nós mesmos. Porque esse tipo de escuta não é o padrão na maioria das relações.
Claro que esse é apenas o meu sentimento. E para o que eu digo aqui há mais cinco ou seis versões, número das pessoas que estavam naquela mesa. Mas a minha reflexão sobre o sentimento de não ser, de fato, ouvido, permanece. Eu me sinto ouvida, mesmo, quando vejo abrir-se a minha frente, um espaço para os meus pensamentos ainda que eles não sejam afins ao que o outro pensa. É como se aquele com quem falo, figuradamente, me abraçasse com tudo o que sou sem deixar de lado as peculiaridades que me tornam única e potencialmente “legal” ou “chata” para aqueles que segmentam o ser humano em estereótipos definidos pela forma com que veem a vida.
Oferecer e receber esse acolhimento é o que há de melhor, para mim, na relação humana. Está muito além do ato físico de escutar e de tantos outros atos. Com certeza, torna todas as minhas experiências de vida muito melhores. Não tem a ver com gostar ou não gostar, mas com estar presente e disponível. E isso é possível na vida? E isso é possível na madrugada em uma mesa de bar? Acredito... Embora meus amigos também tenham razão. Eles são ótimos e estavam escutando... Eu é que, por esses motivos todos (e sabe-se lá que outros), não estava me sentindo ouvida!

domingo, maio 13, 2012

Amor de mãe, amor do Mundo!

É o que digo para os filhos quando me despeço. Não sempre, claro, porque, às vezes, fico irritada, e esse sentimento é mestre em fazer de conta que o amor não está mais lá. Por puro charme. Afinal, essa irritação vem, na maior parte das vezes, porque fui contrariada e não exatamente pela gravidade do que os meninos fizeram. Mãe devia saber lidar com essas coisas, mas nem sempre é assim. A gente aprende a ser mãe, sendo; e aprende a amar, amando. Parece que os dois aprendizados andam juntos, mas o fato é que adoro quando eles retribuem o beijo e dizem: “eu te amo”. Muda o meu dia!
Dizem que todos os seres humanos nascem amorosos, sendo modificados pelo meio. Mas o amor sempre será o melhor curativo pra alma, gerador e regenerador; contudo, indefinível. Homens e mulheres estão perdidos em meio a muitos equívocos com nome de amor, mas muitos encontraram-se através desse sentimento. Não se explica, mas sabe-se que ele não limita, não condiciona, é o que é, não frustra porque não espera, deixa pleno porque soma, existe no silêncio porque não precisa de palavras, persiste quando vale a pena, distancia-se porque respeita a felicidade, acolhe o que não entende, não se extingue.
Mães aprendem com os filhos, mas o melhor mesmo é ver esse aprendizado refletir e multiplicar-se pela vida. Com certeza, o mundo é mais amoroso porque há muitas mães, de todos os tipos, nele! Por que assim como amar, qualquer maneira de ser mãe vale a pena! Parabéns, mamãe!

segunda-feira, abril 23, 2012

Sem palavras...

Essa foto só foi possível, porque, ao meu lado, havia um
 parceiro que buscava me proporcionar uma experiencia inesquecível! 
Está tudo bem, subir, descer, vou pro barco, olhe, pare, entre tantas outras frases são ditas debaixo d'água sem palavras. Os gestos são a forma de comunicação dos mergulhadores. O aprendizado começou por aí. Eu queria falar, às vezes, gritar, chorar, fazer caretas e tinha que me restringir aos gestos. Na maioria das vezes, o jeito para não ter que ir à superfície, era respirar, olhar para dentro de mim e simplesmente usufruir daquele momento. E esse foi só o início de um final de semana que eu pensava ser somente destinado ao aprendizado de técnicas de um curso básico de mergulho.
As aulas que aconteceram em 3 dias de muitos mergulhos me mostraram que há muito mais sob a água do que eu poderia supor. Não bastasse a beleza exuberante da vida marinha, o ritmo próprio e dinâmico que todos os seres sob a água têm, havia uma das regras básicas do mergulho autônomo a serem respeitadas: ninguém deve mergulhar só! Esse exercício, por si mesmo, já torna um ser humano mais atento aos demais seres vivos de sua própria espécie. Atenção ao ritmo do outro, generosidade para abrir mão de alguns interesses em prol da dupla, disponibilidade para não pensar em mais nada além do companheiro se este estiver em perigo, compreender o outro por gestos, olhares e outros códigos que vão surgindo com o tempo, são alguns fatos dessa experiência que pode e deve ser reproduzida for a d'água.
No fundo do mar, sob as bençãos da energia rege os oceanos, não há duas pessoas, mas uma dupla de cuja interação depende o sucesso do mergulho. Naquele espaço sagrado, onde, muitas vezes, consegue-se esquecer os danos causados por nós mesmos, os homens, à natureza; dois viram um facilmente quando entregam-se à natureza reconhecendo-a como parte de si mesmos. Diante dos espetáculos oferecidos pela Mãe Terra, lembro sempre que sou parte de tudo o que presencio e experimento e agradeço pelos aprendizados que vem, como dizem nossos amigos lakotas, de todas as minhas relações! Aho MITAKUYE OYASIN!

segunda-feira, abril 16, 2012

As flores

Era uma das rotinas na casa daquela mulher. Todas as semanas, no mesmo horário, uma carro da floricultura da cidade estacionava em frente ao portão. O entregador saltava, tocava a campainha e a empregada da casa recebia rosas vermelhas e lírios brancos que se juntavam a algumas folhagens do quintal para formar belos arranjos. Na maioria das vezes, as jarras eram enfeitadas pela própria dona da casa. Era realmente um grande prazer entrar naquela casa, onde tudo era arrumado com muito gosto e as flores davam um toque especial com suas formas, cores e aromas.
Passaram-se os anos, a floricultura da cidade fechou, a empregada que recebia as flores no portão resolveu mudar de emprego e as flores deixaram de adornar aquela casa. Não se sabia o real motivo, pois na cidade vizinha havia uma outra loja de flores que bem poderia fazer o serviço. A empregada recém-contratada também poderia continuar a receber as flores no portão. Mas nada disso aconteceu. A casa ficou sem as flores.
Não que não houvesse capricho na sua arrumação. Tudo continuava em seu devido lugar, mas ao mesmo tempo algo mudara. Qualquer pessoa acostumada a frequentar aquela casa, na época em que as flores chegavam semanalmente, notava a diferença. Tudo estava mais triste. Era como se parte da vida tivesse saído pelo portão. Assim, passou-se muito tempo e eu não saberia dizer quanto, porque nessa matéria, dias podem ser anos e anos viram dias, facilmente.
Foi uma surpresa para os vizinhos, e para própria senhora, quando um carro de floricultura estacionou em frente ao portão. De dentro dele, saiu um rapaz que carregava uma linda cesta de rosas vermelhas, como aquelas que um dia enfeitaram regularmente a casa. Entrega feita, recebida pela própria dona. Havia um cartão, mas nunca se soube o que estava escrito nele. Talvez o responsável por aquilo que certamente seria um presente também jamais tenha sabido dos efeitos reais do seu agrado. A alegria da senhora foi óbvia, mas não se pode dizer o mesmo sobre o que aquele arranjo representou.
Recuperar a alegria das flores na sala, o ritual da entrega no portão, trouxe de volta todos os sentimentos que fizeram com que o serviço da floricultura fosse mantido por tantos anos. Não seria difícil retomar. Havia telefone e endereço naquele belo arranjo e este detalhe não escapou à senhora, que retirou a etiqueta cuidadosamente do arranjo e guardou-a com cuidado na gaveta próxima ao telefone. Seria muito útil na próxima semana, quando as flores começassem a perder a sua vitalidade. Quanto à pessoa que enviou o presente, dessa nunca se teve outra notícia, que o cartão, guardado em algum lugar da casa, novamente florida!

domingo, abril 08, 2012

Amor próprio de Páscoa pra mim e pra você!

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Às vezes, acho que a vida prega peças e que alguém, em algum lugar, sorri quando alguns dos meus planos desfazem-se pela vida, especialmente os do campo afetivo. Para falar a verdade, quando consigo deixar de lado as expectativas, até eu sorrio e acho mesmo graça das improbabilidades que eu teimo em transformar em certezas. Mas como também acredito que nada acontece por acaso, sigo confiante de que há um propósito escondido em cada acontecimento. Na área afetiva, entre tantos encontros e desencontros, sempre achei que o Universo tinha planos muito nobres pra mim, mas me aborrecia porque nenhum deles satisfazia os meus caprichos.
Hoje, lendo uma coluna sobre o “vazio do amor próprio” no jornal, me dei conta do quanto progredi em relação a mim mesma. Continuo perdida entre encontros e desencontros, aproveitando os aprendizados de cada experiência, mas há algo diferente em mim. Já não me importo se aquela companhia potencial, ideal na minha fantasia, perde para sempre o número do meu telefone e nem responde quando timidamente digo “oi” no Facebook. Há algo, hoje, que me faz escolher o que parecia inusitado há algum tempo atrás. Nunca pensei em declinar o convite para uma balada para ficar em casa com meus filhos num sábado a noite, mas aconteceu!
Se aquela companhia, que parecia tão agradável na madrugada de sexta, desapareceu, com certeza não é tão bacana assim. Claro que ainda faço birra, especialmente quando minha criança mimada se revela, e diz “quero porque quero”. No entanto, entender que caprichos, mesmo quando realizados, não dão conta de me fazer feliz faz parte desse pacote novo que vejo crescer em mim. Tenho certeza que o propósito do Universo tem a ver com essa coisa maravilhosa chamada amor próprio. Sinto, agora, que cada encontro é uma celebração da vida, minha e do outro! Não preciso, mesmo, de alguém que me complete ou que faça algo por mim: quero apenas estar ao lado de pessoas que possam desfrutar da vida tanto quanto eu, busquem o seu próprio caminho e celebrem, ao meu lado, cada minuto de vida que nos é concedido.
Desejo uma vida leve, simples, onde qualquer relação seja importante pelo que oferecemos um ao outro, pela verdade das intenções, e não pelo tempo de duração ou pelas mensagens e telefonemas das semanas seguintes. Afinal de contas, não é a quantidade que torna os contatos relevantes. Quando a sementinha do amor próprio vai florescendo, o “follow up” das relações torna-se desnecessário e a caixinha particular de fantasias e expectativas fica guardada com os brinquedos daquela criança mimada e birrenta, que vai aprendendo que, para amar, de fato, alguém, é preciso, primeiro, conhecer o verdadeiro amor por si mesmo! Um domingo de Páscoa com muito amor próprio pra você!

sábado, abril 07, 2012

Só porque acordei feliz!

Hoje acordei feliz e precisava contar isso pra você. Não que eu precise que se orgulhe de mim, mas porque sempre acho que a felicidade compartilhada cresce e fica mais vistosa e mais sentida. Não pense que a compartilho hoje porque é coisa rara que ela amanheça comigo. Nada disso; é bem ao contrário. Esse é um sentimento que me tem sido muito comum. Está certo que continuo com aqueles momentos em que choro, bato o pé e peço a gentileza de um colo amigo, mas eles não desmerecem nem atenuam o brilho desse estado de ser que me pertence agora.
Tenho um amigo, que você não conhece, que acha graça quando falo de felicidade e me associa, de forma zombeteira, a escritores de autoajuda. Eu não ligo. Acho que sou um pouco assim mesmo, mais pela beleza da vida do que pelas lentes com que escolhi enxergá-la. Aliás, “escolher” é mesmo a palavra chave desse meu estado de espírito que não passa! Quando vejo que a minha conta bancária encolheu ou quando me sinto só e acho que estes são motivos para meu aborrecimento, sinto que tudo o que experimento é fruto de minhas escolhas e isso de alguma forma me deixa muito feliz.
Afinal, escolher não significa, de forma alguma, acertar sempre. Nem saberia dizer se mais acerto ou erro, mas o que sei e o que me faz feliz é que escolho. Escolho por mim mesma e assumo todas as consequencias das minhas escolhas, ainda que algumas sejam mais difíceis de aceitar. Sou responsável por minha vida, tanto quando você é responsável pela sua. E isso me tira todas as chances de ser vítima de alguma situação ou de alguém. Escolho a todo momento, inclusive agora, quando decidi compartilhar o que sinto. Não estou rindo às gargalhadas, tenho muitas coisas a fazer, engordei dois quilos, tenho roupas pra lavar, mas consigo sentir o coração cheio, pleno. E nele, “que não é tão simples quanto pensa, cabe o que não cabe na despensa...” Um beijo e um dia amoroso ê feliz pra você também!

sexta-feira, março 23, 2012

Mudamos, todos!

Tudo muda o tempo todo, mas eu gostaria que você tivesse permanecido igual. Está certo que estou sempre procurando aceitar e entender a impermanência, viver de acordo com o fluir da vida, mas, mesmo assim, ainda lamento a sua mudança. Não posso dizer que seja fácil abrir mão daquilo que um dia me fez tão feliz. Para mim, ainda não é! A gente, sem perceber, apega-se a fases da vida e sai lamentando os seus movimentos mais naturais: o crescimento do filho, a morte da flor, o amor que se modificou, a amizade distante, o objeto perdido... Ninguém reclama da cura de uma doença, do amor que chegou, da puberdade anunciada, dos novos amigos. Tudo isso é bem-vindo. Só esquecemos de que o bom só surge exatamente porque nada é permanente. Ele também se vai. E até o que não parece tão bom tem uma razão de ser.
A vida tem um movimento tão particular e peculiar que aceitá-lo talvez seja o maior exercício de uma existência para a maioria de nós. Você mudou e eu, com certeza, também mudei. Mas é preciso distanciar-me de mim para que eu possa perceber. Só de longe consigo ver que, no fluxo da vida, também fiz meus movimentos. Afastei-me e aproximei-me de pessoas, desejei e repeli tantas outras, ganhei rugas e dores que não tinha, mas aprendi coisas de que sequer suspeitava ser capaz de saber.
Acompanho as estações com o meu corpo, com os meus humores e os dias ganham, cada um, cores que nunca tiveram antes. Se ainda não aceito que você tenha mudado, é só uma questão de tempo. Isso também passará, quando eu perceber que nossas linhas da vida cruzaram-se caprichosamente por obra do destino ou do que quer que seja que está acima da minha compreensão humana, e que, juntas, traçaram outras linhas, outros desenhos, que se modificarão com novos encontros, com as linhas de outras vidas. Essa “tessitura” sim, é permanente. Carregamos pela eternidade.

segunda-feira, março 19, 2012

Minha intuição não me engana!

Estar no mar me faz feliz!
Acordei mesmo com a intuição de que algo maravilhoso e inesperado aconteceria. Uma alegria de viver junto com a certeza de que a vida me traria algo de melhor naquele dia. Só não sabia o que. Passei o dia atenta a todas as coisas boas que me aconteceram porque sabia que o tal “bem e bom” que previa podia estar em qualquer lugar! E estava! O resultado não podia ser melhor. Ao fim do dia, fiz um balanço pra ver se minha intuição me pregara uma peça.
Não me decepcionei: não ganhei na loteria, mas computei, com alegria, todos os pequenos grandes eventos de que normalmente nem me dou conta e que me fazem, de fato, feliz. Consegui arrumar horário para fazer exercícios, acabei um artigo que estava me consumindo, tive a resposta de um e-mail importante, encontrei amigos queridos que não via há muito tempo, vi a chuva cair e refrescar a Cidade, terminei um grupo de coaching que evoluiu muito durante o processo. Isso para citar alguns motivos para sorrir. Havia muito mais. E sempre há! O presente que recebia era a consciência de que há muito mais para celebrar e de que a atenção a esses eventos nos faz valorizar o que é realmente importante.
Essa mesma consciência tem trazido momentos de muita emoção e me ajudado a perceber que a felicidade está mesmo nas pequenas coisas. Pergunto-me sempre: o que faz você realmente feliz? As respostas que obtenho de mim mesma não tem a ver com o material. O carro novo, o vestido e o presente caro acabam perdendo, se o assunto for felicidade, para um momento com os filhos, a conversa gostosa com um amigo, a caminhada à beira-mar, uma noite iluminada, um por de sol e tantas outras coisas que tornam a minha vida sempre melhor.
Foi assim que percebi que, ao fim de um dia exaustivo, onde precisei fazer faxina e muitos outros serviços domésticos, com a prática de quem há muitos anos não pegava numa vassoura, estava muito feliz. E isso era tão concreto que consegui esquecer meu cansaço físico para caminhar no calçadão da praia. Foi uma resposta silenciosa a quem me perguntou, quando me viu com a vassoura na mão, se era assim que eu dizia que procurava a felicidade. Não a procuro, já a encontrei!

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Entre um extremo e outro, onde está a emoção?

Foto de Renato Rocha Miranda (www.ilovemyjob.com.br/blog)
Eu pedi uma foto para ilustrar um post sobre as polaridades da vida e ele enviou esta! Eu fiquei olhando, na correria da minha cabeça, e pensei no significado que a foto teria. Pra ele, não pra mim! Por que ele associara esta foto ao meu tema? Respondi com perguntas, hábito muito forte dos jornalistas. Ele, lacônico, devolveu: “O que você sentiu quando olhou pra imagem?”
Para tudo! Não vou escrever o post sobre as polaridades agora. Prefiro ficar com a pergunta do amigo. Por hora, ela me basta. Olhei pra foto com calma. Respirei fundo. Estávamos, eu e ele, falando de arte, de emoções, de sentimentos... Eu, tão emocional, pedia fatos! Vida estranha, a nossa! Basta descuidar um pouquinho e corremos de um extremo ao outro. Perdemos a oportunidade do equilíbrio. Justo eu, que vivo buscando os fatos, para contrabalançar a minha emoção tão farta e espontânea, via-me desgarrada dela, num momento em que ela poderia se deleitar sem culpas por seus exageros.

C
orro ao outro pólo de mim. Agora, sou emoção, e assim sinto-me senhora de mim! Passeio sem economias pelas rugas daquele homem curtido pelo sol e pelo tempo. Viajo nas asas do pássaro tão livre que escolhe atender aos anseios daquele velho homem! E me emociono diante da constatação de que estou aqui, a discorrer sobre polaridades. Há tantas na foto, quanto na vida; em mim, quanto no outro. Aproveito – não é isso que devemos fazer? - essa gostosa onda de emoção. Desfruto da foto, que foi tirada em Paris, mas que poderia ter sido tirada em qualquer lugar do mundo sem que sua essência se alterasse para quem tem “olhos de ver” e de sentir. E, por favor, captem-me pelo que escrevo, mas não me peçam para explicar certas palavras, porque vou acabar indagando: “O que você sentiu?”
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sábado, janeiro 28, 2012

A Vontade domina o Medo (Lanterna Verde)

O anel que canaliza a VONTADE! Adorei! 
Esta semana, em um trabalho terapêutico em grupo, analisamos as perspectivas pessoais para o ano de 2012, tendo por base, entre outros elementos, a numerologia e os arcanos maiores do tarô. Para o meu ano, o número 16, a Torre, que traz grandes mudanças, o ruir das estruturas, perdas. Não foi por acaso que, na virada do ano, senti meu coração tão apertado. Tinha certeza de que algo que não conheço está por vir. Mas o novo só chega quando se abre espaço, ou, como na carta da torre, quando o que existe é destruído. Tenho medo! Desapegar-se do conhecido e arriscar-se pelo desconhecido é assustador. A psicanálise diz que esse movimento remete a um dos maiores medos do ser humano, o que se sente diante da morte, da finitude. A morte, nos processos de mudança, atinge algo que nos é familiar, mas que, verdade seja dita, já não nos serve.
Medo, morte... Tá faltando mais o que? Tá faltando dizer que ontem vi, com meu filho, o filme Lanterna Verde. A escolha foi dele, não se trata de uma obra-prima, mas se, como dizem, nada na vida é por acaso, a ocasião foi perfeita. O filme começa com a morte de um Lanterna Verde e, mostra, logo no início, que, mesmo para os detentores dos super poderes do anel verde, nada é para sempre. O anel, então, escolhe um substituto à altura para, dotado de novos (e super) poderes, lutar contra o mal. E quem é a grande representação do mal? Uma criatura alimentada pelo medo, uma energia tão poderosa que é capaz de destruir tudo por onde passa, inclusive os tais heróis verdes.
A energia verde, que torna os guardiões da paz planetária poderosos, é a VONTADE! Canalizada e potencializada através do anel, essa energia é capaz de tudo, desde que o guardião não tenha medo ou descrença. Ele precisa acreditar que tudo – e qualquer coisa - é possível desde que ele tenha a vontade! Se ele fraqueja na vontade, abrindo espaço para a dúvida e o medo, seus poderes ficam mais frágeis. A criatura do mal, no filme, se fortalece com esses sentimentos, que habitam todos eles, até o pequeno grupo de ancestrais imortais que comanda todos os guardiões. A cada pessoa por quem passa, a criatura se fortalece, num somatórios de “medos” que a energiza, aumentando seu potencial destrutivo. Ninguém sobrevive ao MEDO!
E o nosso herói, cuja vida é modificada depois que o anel o escolhe como guardião? Ele tem tanto medo que não consegue dominar sua vontade. Aliás, é esse sentimento – que ele não confessa nem pra si mesmo – que o impede de conquistar as coisas que mais deseja na vida, incluindo, claro, a mulher amada! Mas é justamente quando olha pro seu próprio medo, aceitando sua humanidade e suas limitações, é que consegue fortalecer sua vontade, combatendo o MAL. É claro que isso exige muito dele! É um embate difícil, onde ele precisa acessar suas crenças, renovar sua fé e acreditar, a cada instante, que está dando tudo o que pode para vencer! E ele, claro, vence! Não poderia ser diferente, não é?
O filme tem muito mais, mas qualquer semelhança com os meus sentimentos diante deste 2012 de mais mudanças não é mera coincidência. O medo tem mania de bater na minha porta e é preciso muita vontade para vencê-lo! O bom é saber que basta isso – a minha VONTADE – para chegar tão longe quanto as vibrações deste ano pretendem me levar. É uma batalha diária, mas a vitória é certa, porque já vi o fim desse filme e ele é maravilhoso! Como o herói humano, conto com amigos que, com muito amor, me ajudam a retornar ao meu centro e reencontrar a força que tenho dentro de mim, capaz de me tornar igualmente superpoderosa! Mas, como ele, também não estou dispensada das lutas, das feridas e das quedas. Não sei o que rege seu ano (amanhã publico um post pra todo mundo fazer essas continhas), mas sejam quais forem os monstros que enfrentar, a VONTADE está dentro de você! Vamos em frente 2012!

quarta-feira, janeiro 04, 2012

Eu te amo!

É o que digo para os meus filhos quando me despeço. Não sempre, claro, porque, às vezes, fico irritada e esse sentimento é mestre em fazer de conta que o amor não está mais lá. Por puro charme. Afinal, essa irritação vem, na maior parte das vezes, porque fui contrariada e não exatamente pela gravidade do que os meninos fizeram. Basta eu não saber lidar com as respostas, não aceitar as ações ou não ser atendida nos meus pedidos e pronto: vem o mal humor. Mãe devia saber lidar com essas coisas, mas nem sempre é assim que acontece. A gente aprende a ser mãe sendo e aprende a amar, amando. Parece que os dois aprendizados andam juntos, mas o fato é que adoro quando eles retribuem o beijo e dizem: “eu te amo”. Muda o meu dia!
Eu nasci amorosa, mas acho que essa não é uma qualidade exclusiva minha. Dizem que todos os seres humanos nascem assim, podendo (e quase sempre são) ser modificados pelo meio. Eu mesma passei por meus processos de endurecimento, mas o amor continua sendo minha energia preferida. É um curativo pra alma, gerador e regenerador e, com tudo isso, indefinível. E quem precisa definir o amor? Quando a gente sente essa energia ela se basta e a vida flui de outra forma. Duvida? Aproxime-se de um cachorro e direcione pra ele seus melhores sentimentos. O que acontece? Ele late, corre, chega mais perto, se joga no chão. Nem precisa afagar, embora ele deseje muito isso, e ele sentirá e demonstrará o quanto está feliz. Pra mim, isso é amor.
Não sei se há muitos tipos de amor, ou se o amor é uma energia só que direcionamos de forma diferente para cada pessoa que encontramos. No entanto, digo que amo, ou, pelo menos, tento amar. E sou mais feliz quando amo, assim do jeito que estou escrevendo agora, da forma mais generosa que eu consigo. Amo tanto que consigo sentir quem eu amo, mesmo sem ver. Não é assim com os filhos? E até com os animais? Sabemos o que pensam, o que sentem, mesmo que não falem. Por que não com todas as pessoas?
Homens e mulheres estão perdidos em meio a muitos equívocos com nome de amor, mas, certamente, muitos encontraram-se através desse sentimento. Não se explica, mas sabe-se que ele não limita, não condiciona, é o que é, não frustra porque não espera, deixa tão pleno porque soma, existe no silêncio porque não precisa de palavras, persiste quando vale a pena, distancia-se porque respeita a felicidade, acolhe o que não entende, não se extingue. Dizem que o amor atravessa os séculos; eu acredito, tão abundante que é. Amor mesmo, nunca é pouco! O oposto de tudo isso pode ser chamado de amor, também; mas, para mim, é outra coisa!
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