sábado, janeiro 19, 2013

Conversa com a prima


Quero me desculpar. Um dia desses, disse a você que estamos errando na arte de viver. Mentira. Acertamos tanto que chegamos ao ponto de nos avaliarmos profundamente, revendo nossos padrões familiares, nossas escolhas afetivas e rumos profissionais. Por isso (e só por isso!) nos questionamos e revemos onde e como podemos fazer ainda melhor. Quando saímos do caminho da acomodação, corremos riscos, experimentamos o novo e, consequentemente, nos perdemos, como acontece nos novos caminhos.
Não precisamos nos cobrar tanto. Precisamos, sim, estarmos advertidas de que, se a novidade é o que nos leva à evolução, exige novos aprendizados e o aprender é exatamente assim: dá-nos – muitas vezes - a sensação de que jamais daremos conta de tanto “conteúdo”. No entanto, a persistência faz com que esse sentimento seja substituído, depois de algum tempo, pelo prazer de ter aprendido uma nova lição. Lembra quando tivemos que inserir química e física em nosso estoque de conhecimentos? Eu me lembro bem desse momento! De um lado o orgulho e a alegria e de estar diante da novidade que representavam as novas disciplinas, os livros com assuntos dos quais jamais ouvira falar. De outro, as dificuldades diante de assuntos tão complexos. Para entender Química, tive que estudar horas e horas diariamente, sozinha.
Em outras áreas da vida, não é muito diferente! Escolhemos evoluir, aprender mais, aumentar nossa “grade curricular” e, pronto, isso basta para que experimentemos novas situações numa velocidade que parece além da nossa capacidade. Nos colocamos em cheque com muita frequência e, por isso, ficamos assim: quase perdidas diante de pequenas grandes decisões. Basta olharmos um pouco pra trás para vermos que, depois que assimilamos o novo, ficamos mais fortes e felizes. Hoje, eu peço a Deus: “Não me deixe cair na tentação da acomodação e me dê ânimo para ser tudo o que posso ser nesta vida”. Ah, preciso agradecer, também, por ter sempre companhias como a sua para me apoiar nesta jornada maravilhosa.

terça-feira, janeiro 08, 2013

Quando os olhos falam

Olhares... tão particulares!

Meus olhos falam. Mesmo quando eu não quero. Eles me denunciam covardemente, a ponto de um cliente mais atento perceber meu desagrado diante de uma decisão, ainda que tente disfarçar. Não é privilégio meu. Todo mundo sabe que os olhos são o espelho da alma e tantas outras coisas que enjoamos de escutar. Talvez, por isso mesmo, sabedores que somos de que os olhos falam por si, rejeitemos o olhar para não correr o risco da delação dos nossos desejos e sentimentos mais íntimos.
Evitamos, pois, o olhar. E olho no olho é coisa mútua. Não adianta oferecer sem receber de volta: é ato regido pela reciprocidade. Desvenda a alma do seu dono se sente-se percebido e confiante.
Passamos os dias evitando olhares. Ainda que sem sentir. Cumprimentamos, conversamos e nos expressamos das mais diferentes formas durante toda a nossa existência, mas muitos recusam o olhar. Por desconfiança. Quem confiaria num delator? Mas não é bem assim! O olhar é, na verdade, generoso e esperto. Se delata a alma, sua dona, é porque busca outra alma para trocas. Desvenda também a outrem.
Não nego que tudo isso é assustador. Num mundo de tantas máscaras sociais, como oferecer-se sem elas a alguém? O olhar faz isso e derruba máscaras. De minha parte, regojizo-me quando vejo olhos falarem. Pra olhos que falam, a boca emudece sem desconforto. Sabe, sabiamente, que é incapaz de traduzir uma alma com palavras. É preciso mais, um quê de nuances e cores que vão se mostrando de acordo com os sentimentos de uma alma. Por isso, todo o meu ser comemora quando olhos falam. E, hoje, os seus falaram!
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