sábado, julho 24, 2010

Sempre sabemos o que fazer?

Nos últimos meses, meu maior desafio pessoal tem sido entender e aceitar o fluxo da vida. Vejo quanta beleza há nesse fluir, e me encanto. Leio sábios que falam da não ação, das conexões possíveis quando se abandona o pensar. Experimento. Sinto. Aprendo. Faço da frase “recebo, aceito e agradeço”, um quase mantra. E tudo acontece. Minha vida vai sendo transformada e eu vou experimentando a felicidade em momentos que, outrora, me pareceriam adversos.
Mas, hoje, acordei inquieta. Depois de passar uma semana muito focada em superar desafios que impunham ação e realização, acordei pensando no meu papel diante das muitas ofertas da vida. A chuva cai forte e eu penso na escolha que tenho em me molhar ou não. Em perceber seu barulho e ficar feliz por estar viva ou lamentar a impossibilidade da praia. Tinha me planejado para passar o dia na areia, lendo sob o sol de inverno. A verdade é que sinto alegria porque vou ficar em casa, ler e escrever.
Estar feliz agora, por exemplo, implicou em uma sucessão de ações, que começaram depois que passei um tempo escutando a chuva, dando-me conta de tudo o que ela representa para mim, hoje. Levantei-me da cama sem acordar os meninos, porque adoro o silêncio da casa, peguei o notebook e os livros que quero ao meu lado. Voltei pro quarto. Pergunto-me sobre outras percepções e oportunidades que tenho tido. Preciso de um tempo, sim, para entender do que se trata, numa espécie de contemplação. Mas percebo, cada vez mais, que também preciso dedicar-me ao trabalho árduo para aproveitar o que então havia se descortinado à minha frente como uma bênção.
Então recordo-me das descobertas que tenho feito – e são tantas – e vou listando mentalmente todo o trabalho que preciso ainda fazer para mergulhar em cada uma delas. Alguma são oportunidades maravilhosas que só dependem de mim para virar felizes realizações. Outras não. Nessas últimas, a minha tranquilidade e alegria vem de ter feito todo o possível, com erros e acertos, para que uma possibilidade de “presente” se realizasse. Se não aconteceu, tenho a certeza de que era um processo de aprendizado e repasso a lição aprendida. Tem sido assim, a minha vida.
Inquieto-me porque, escutando o cair da chuva, penso em uma das muitas possibilidades que que me surgiram recentemente. Tão cheia de implicações e, ao mesmo tempo, plena de aprendizados. Um verdadeiro presente. Apronto-me para deixá-la ir. E, quando penso em entregá-la à corrente do Universo, escuto uma voz dizendo "ainda não". Surpreendo-me. Escuto a chuva. Penso nas possibilidades: molhar-se, escutar o barulho, correr para fugir dos pingos grossos... Vejo um guarda-chuva à minha frente. Abri-lo mudará toda a minha experiência desse dia chuvoso.

6 comentários:

Silvio Freire disse...

Lindo como sempre...
Recebo, aceito e agradeço. Meu dia já está melhor.

Silvio Freire disse...

Você já tem material para um livro de crônicas. Está na pauta? Deveria...

Anônimo disse...

Oi Monica,

É mt bom conhecer pessoas reais, mas atualmente é mt mais fácil conhecer os virtuais. Dai vem blog, twitter, orkut, msn.....rs
E conhecer seu blog é td agora, rs:) Adorei o texto. BOm saber q existem pessoas que param e vêem o mundo e as registram. É filosófico, mas se não o fizermos qual será o sentido das coisas?!
Adoro dias de chuvas e de sol para escrever. Acho q é a natureza em nós! Parabéns e bom domingo!

Mônica Alvarenga disse...

Silvio, vc tem sido um grande incentivador. O q vc - e provavelmente + ninguém - sabe é que qdo me dá esse generoso empurrão, me empurra na direção de mim mesma e me ajudar a prosseguir nesse caminho. A partilha, via blog, é uma consequência amorosa desse movimento e o livro, um sonho, que, um dia se realizará!
Raphaela, obrigada por se juntar a nós! Assim aumentamos a rede daqueles que acreditam que são agentes nas transformações de si mesmos e, por conseguinte, do mundo.

Grande abraço.

Simone Bava disse...

Monica, conheci vc agora e adoro tudo que vc escreve. Já passei o seu blog prá todos os meus amigos.Venho aqui todas as manhãs ler algo novo. E ainda tenho muito que ler. Um grande abraço,
Simone Bava

Profº Luciano Pacheco MSc. Coach disse...

Agentes de transfomação de si mesmo. Amei este seu comentário. Na realidade é isso que fazemos o tempo todo. Construimos nossa história e curtimos a jornada. Sempre conscientes de que um mesmo homem não entra no rio duas vezes.

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