domingo, julho 25, 2010

Dor ou êxtase?

“Precisa doer pra aprender?”, foi a pergunta de uma amiga no twitter. Pensei nos meus aprendizados. Naquilo que chamava de dor. Aos poucos, tenho reformulado esse conceito, até pra evitar atrair, por ressonância, a dor de verdade, que, hoje, me remete a episódios de muita luta de uma amiga contra o câncer, que acompanhei de perto. Ali havia, de fato, dor física e emocional; mas, também, uma enorme vontade de viver.
Então anuncio que desisti da palavra dor. Descobri que aquilo que chamava de “dor de viver” é uma espécie de sensibilidade que se adquire quando se percebe a vida, em sua variedade de nuances. É como se expor ao sol forte: mesmo com filtro solar, após exposição prolongada, fica um certo ardor. Assim é a vida! Ninguém se expõe a tudo o que ela oferece sem efeitos colaterais. As grandes belezas, as maiores emoções, os aprendizados mais importantes exigem a coragem da exposição e esta, de alguma forma, em algum momento, causa incômodo.
Palavras não dão conta de descrever. É preciso mais do que cinco sentidos para compreender o que se sente nesses instantes de rara beleza. Hoje sei que isso está longe de ser dor. É uma conexão com o desconhecido, capaz de provocar lágrimas de alegria, apertos no coração, entre outros sentimentos inexplicáveis. Às vezes, acho que essa impossibilidade da compreensão plena desses momentos é proposital, uma proteção divina. Não fosse assim, talvez não soubesse lidar com o êxtase das pequenas e grandes possibilidades e descobertas da vida e ficasse perdida para sempre naquele que não é senão mais um entre tantos outros momentos de que a vida é feita.
Refiro-me à vida de verdade, que, de tão sentida, me faz perguntar onde estou. Não raro, o cotidiano me perturba, apresentando-me “lugares” tão desconhecidos que eu tenho que apurar os sentidos para perceber se são reais. Mas não adianta, porque é preciso muito mais para se sentir esses deslumbres da vida. Nessas horas, me vem o choro, a inquietação de não saber a direção exata para onde devo ir, e emoções que, por ignorância, chamava de dor. Agora sei que o choro não é de tristeza e que o incômodo é natural quando se está em terreno desconhecido. Então, todos os movimentos acontecem apesar de mim. E minha alma demonstra saber exatamente o que fazer nesses terrenos tão estranhos quanto generosos. Isso também me parece proposital. Diante do espanto com que sou tomada em algumas situações da vida, não fosse minha alma a me conduzir, talvez eu estancasse por puro medo. Perderia, então, a chance de recolher dádivas do Universo. Certamente, isso tudo está longe de ser dor!

3 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde querida mõnica!
Lindo!!O que mais posso dizer!
Viver dá trabalho, é bom ,mas as vezes dói,tambem!
Mas "só" vale a pena! Obrigada minha amiga!bjs Adoro!!!bjs Dirlene Guarulhos.

Unknown disse...

Achei linda a sua mensagem e com uma clareza que talvez descubra que está na profissão errada e vire escritora, dessas que depois viram cronistas em jornais e revistas.
Beijos, continue,
andrea shad

Ana Cristina Lima disse...

Que delícia é ler o que Mônica Alvarenga escreve.... ADORO!

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