segunda-feira, novembro 05, 2012

Quem é esse cara?

Roberto Carlos diz “Esse cara sou eu”, e parece que a música está na novela da Globo, com uma estrofe assim “O cara que pensa em você toda hora, Que conta os segundos se você demora, Que está todo o tempo querendo te ver, Porque já não sabe ficar sem você”. Pronto, quero um cara desse pra mim! Eu e mais um monte de gente! Mas esse cara existe? E é ele mesmo que você quer? Um amigo sentenciou: “estou farto de mulheres da sua idade querendo viver paixões adolescentes. Esse homem que vocês querem não existe.”
Eu fiquei cheia de perguntas:

  • Esse cara existe? 
  • Paixões adultas são diferentes das paixões adolescentes? 
  • Mulheres queremos mesmo esse cara que “já não sabe ficar sem você”? 
  • Em se tratando do “cara”, sabemos o que queremos? 
  • Se não sabemos o que queremos, como reconhecer “o cara”? 

Não tenho respostas, mas tenho algumas ideias a respeito dos “caras” ou das "caras" que cada um cria pra si. Sim, porque cada um enxerga aquilo que quer, com base em seu próprio e único sistema de crenças, valores, códigos, estruturas e tudo o mais que constitui um ser humano. Se assim é, posso – embora não devesse – projetar em outros humanos essa minha realidade única e fazer sapo virar príncipe e vice-versa num piscar de olhos, ou melhor, com um simples beijo, como no conto de fadas. Alguém duvida?
Nessa hora, e pra mágica do conto de fadas funcionar direitinho, esqueço que o humano em quem projetei tudo o que queria (e às vezes o que não queria) também tem sua própria forma de ver o mundo e de enxergar as pessoas com quem se relaciona e aí, “o cara que pensa em você toda hora” acaba indo embora.
Estou longe de entender esse intrincado jogo de projeções que faz o viés de muitas relações, mas me arrisco a dizer que todas as vezes em que procuro me afastar dos “sonhos e projeções” para enxergar o humano, fico mais feliz. Quando consigo ver as dificuldades e o que pode parecer, pra mim, limitação, percebo também os esforços para me alcançar. Quando permito-me mostrar como sou, posso expressar meus desejos, aumentando as chances deles se realizarem. Quando tento compreender além das palavras, sinto-me mais compreendida. E, sim, depois de tanto olhar para o outro na tentativa de enxergar o que ele traz consigo de único e genuíno; depois de, pelo menos tentar, despir-me de máscaras, jogos e acessórios emocionais que não me traduzem; é bem natural que apareça “O cara que pensa em você toda hora, Que conta os segundos se você demora, Que está todo o tempo querendo te ver, Porque já não sabe ficar sem você”, como canta o Rei. Se for esse o (meu) desejo!


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