quinta-feira, junho 21, 2012

Homens e mulheres de preto!

Li um livro fantástico quando era menina e hoje utilizo-o em meu trabalho. “Manu, a menina que sabia ouvir” é uma história gostosa, que revela o quanto a conversa com ou sem agenda é terapêutica. Na fábula infantil, do francês Michael Ende, o “papear” é ameaçado por homens de cinza que tomam a cidade, estimulando todos a pouparem tempo e a utilizarem as horas do dia de forma mais produtiva, mensurada e objetiva. Bom, não vou contar a história, mas esse preâmbulo é pra dizer que me lembrei do livro quando, esta semana, passei em frente ao Riocentro, onde estão concentradas as atividades das cúpulas dos países participantes da Rio + 20.
Todas as vezes vi grupos de homens e mulheres em seus ternos e tailleurs pretos, carregando pastas e tablets. Eu sempre me pergunto por que o preto tem que ser a cor dominante em ambientes políticos e corporativos? A cor confere seriedade, profundidade, elegância? Antes de mais nada: sim, eu uso preto! Mas só às vezes, e por mera praticidade, porque ao longo do tempo fui seguindo o fluxo e adquirindo peças pretas e básicas. Gosto de cores e, hoje, fiquei imaginando aqueles homens com ternos coloridos, as mulheres com roupas mais modernas e igualmente elegantes. Seria bem adequado para uma conferência global que se propõe a transformar o Planeta!
Para transformar é preciso olhar diferente, viver diferente, vibrar diferente para então pensar e propor diferente. O hábito faz o monge? Se este ditado estiver certo, avançaremos muito pouco nos convênios que serão efetivamente assinados pelos chefes de estado. A julgar pela mesmice dominante no figurino dos assessores e dos próprios responsáveis pela nação, haverá pouca ousadia nas proposições. E o Planeta, hoje, precisa de muita coisa diferente para mudar o rumo de destruição que temos presenciado (e seguido) nos últimos anos.
Nas atividades paralelas, na Cúpula dos Povos, o cenário é diferente. O figurino, também. As propostas parecem mais interessantes, mas algumas, sabemos, dificilmente sairão do papel. Ou será que estou equivocada e devo continuar a acreditar que um dia os chefes de estado, aqueles mesmos que nos representam na esfera política, possam ousar, colorir e, quem sabe, colocar um freio nesse cenário de destruição que vejo da minha janela diariamente?
* Escrevi esse texto semana passada! Acho que não errei muito em minhas apostas... 

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