sexta-feira, junho 11, 2010

“Tempo, tempo, tempo: apenas contigo e comigo...”

Porque o tempo é uma invenção da morte
não o conhece a vida – a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
(Mário Quintana)
 
Quem disse que tempo é como dinheiro, estava certo. Quanto mais se tem, mais se quer. Eu já acho que o tempo é um grande mestre: dá-nos o direito de escolher e de ser feliz. Não quero que o dia duplique-se em 48h, mas quero fazer boas escolhas para o uso do meu tempo. O que só tem a ver comigo mesma e com o que me faz feliz. Que pode ser diferente daquilo que faz você sentir-se bem.
Caetano propunha um acordo com o tempo. Acho que o tempo não faz acordos, mas sabe acatar decisões. Pelo menos as minhas. Sou de gêmeos e, acreditando ou não em astrologia, sinto-me regida pelo elemento ar. Voo feliz pelo tempo, alheia às suas restrições. Faço escolhas, mas, não raro, tenho que usar desse mesmo poder de escolher para colocar os pés no chão. Achar a medida entre um e outro, ou usando um termo de que gosto mais INTEGRAR ambos, é e sempre será um bom desafio. E um grande exercício de uso do tempo, porque os voos, metáfora para as atividades que me dão mais prazer, nunca parecem suficientes. Paradoxalmente, é quando coloco os pés no chão que os meus voos materializam-se e descubro a realização, além do prazer.
Não adianta querer me encaixar no modelo mais comum de uso do tempo, que vejo ao meu redor. Agendas sobrecarregadas causam-me sofrimento e parecem-me fuga de si mesmo. Claro que não consigo uma agenda como gostaria, mas tento ir compensando, numa medida que nunca saberei se é boa o bastante, com momentos “ar”. E aí são tantas as opções que incluem conversas com amigos, passeios, visitas, filmes... Já ouvi críticas: “você precisa ser mais focada no trabalho. As pessoas bem sucedidas trabalham, no mínimo, 10 horas por dia”. Confesso que não sei funcionar assim.
Tenho quase certeza de que a busca desse equilíbrio, a que me refiro, inclui o respeito à própria natureza. Tenho limites. Preciso reconhecer a liberdade como o maior alicerce da minha estrutura. Só assim, posso amar e me relacionar com pessoas em todos os âmbitos da vida. Sim, gostaria de ter mais tempo. Para ver mais pessoas, mais filmes, mais exposições, trabalhar mais, responder a todos os e-mails, escrever mais. Mas o tempo não é meu inimigo, ele só me obriga a decidir. E isso me deixa, de certa forma, feliz. Me ajusta.
Fiz um teste com o tempo um dia desses. Resolvi aliviar a agenda, desmarquei uma reunião e não fui ao escritório. Tinha um encontro com uma amiga muito querida no meio da tarde, então acordei e resolvi relaxar e dedicar aquele dia a atividades prazerosas e fazer tudo com calma. (No dia a dia, meus compromissos costumam se sobrepor.) Acordei. Escrevi no blog. Fui caminhar na praia sem olhar o relógio. Tomei banho de duas horas, que eu adoro. Usei todos os cremes com calma. Quando vi, estava na hora do almoço. Levei meu filho ao treino, fui deixar um documento na escola onde ele estuda à distância e aproveitei para conhecer as pessoas com quem falo por telefone e e-mail. Conversei com a orientadora, certa de que estava em paz com o tempo. De repente, tocou o telefone. Era minha amiga dizendo que já estava me esperando. Não vi o tempo passar. Despedi-me apressada e saí correndo em direção ao meu encontro. Ri de mim, por me dar conta de que o tempo nunca será suficiente mesmo.


* Há muito tempo, venho buscando tempo para escrever sobre o tempo. Hoje, escolhi fazê-lo.

3 comentários:

Helcio Maia disse...

O tempo...
às vezes ele se arrasta, pois nos arrastamos, em busca do que já temos,
às vezes, ele dispara, quando seria maravilhoso se dormisse...
O tempo...
que separa o nascimento...de outro nascimento
que divide a dor e a alegria, em cada movimento,
que pega a emoção perdida e joga no vento.

Abraço.
Tempo, templo, pote, ponte..
a escolha é nossa (ainda há tempo).

Profº Luciano Pacheco MSc. Coach disse...

Adorei você ter decidido escrever sobre o tempo. Me fez refletri mais um pouco de tempo sobre ele.
O tempo para mim é um sábio que precisamos tê-lo como nosso aliado. É com ele ao meu lado e não contra mim, que aprendi a valorizar o tempo que dedico as coisas que amo fazer.

Dinda disse...

Quando vc sabe que não tem tempo e por alguma razão decide roubar a sua falta de tempo e aproveitar a seu favor é um prazer imenso.
Como, andar na praia numa segunda pela manhã!!! e de preferencia sem olhar o relogio ,melhor sem te-lo a mão!

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