sábado, junho 12, 2010

Namorando a vida

Não ia escrever sobre o dia dos namorados. O assunto nem me mobiliza muito. Mas, vendo tweets, e-mails e anúncios sobre o assunto, não resisti. Hoje, há aqueles que estão infelizes porque não vão dar nem receber presentes; nem farão reservas praquele restaurante aconchegante. Mas há também aqueles que farão tudo isso, movidos pelo costume e pela sensação confortável de estar dentro da segurança das convenções sociais. São casais de todas as idades cuja felicidade não está no companheirismo ou no compartilhar contínuo de suas experiências pessoais, mas na possibilidade que ambos têm de, estando juntos, sentirem-se parte de algo muito maior, como, por exemplo, a instituição Dia dos Namorados.
E foi assim comigo desde a adolescência, quando amargava grande tristeza se estivesse só. Nem um cartãozinho? Bom, durante mais de 20 anos, cumpri à risca os rituais. E isso me dava certo prazer. Boa comida, bons vinhos, troca de presentes... não há como resistir a coisas boas. Este será o primeiro ano em que nada disso acontecerá. Talvez o bom vinho, em casa, já que este nunca falta; um programa com os meninos... Com tudo isso, estou feliz. E muito!
Há vida fora das instituições e isso tem sido uma grande descoberta. Estamos cercados de muitas prisões. Algumas delas, como as grades do condomínio ou o cartão de ponto da empresa, são perceptíveis. Outras, normalmente oriundas das convenções sociais e crenças que arrastamos por gerações, não o são. Para mim nunca foi fácil esse distanciamento. Convivi com o anseio por cumprir regras e o desejo de liberdade, sendo que o primeiro, na maioria das vezes, se sobrepunha sem dó ao segundo. As leis existem para serem cumpridas e as normas, para nossa convivência harmoniosa e feliz. Sempre foi assim.
Pra mim, foi e é preciso muita coragem para abrir caminho para a vida de verdade, que não se parece nem um pouco com aquela das novelas televisivas. E a vida de verdade não tem regras. Pode ser que passe pelas instituições, ou não. Cada um sabe de si e de qual caminho que, de fato, será o seu, com muitas alegrias mas também com os normais acidentes de percurso. Mas, fundamentalmente, é preciso sentir a vida palpitante que temos dentro de nós e que nos enche de amor próprio. Este sim, merece ser comemorado diariamente e, a meu ver, é o único passaporte para o amor verdadeiro, aquele que pode fazer do Dia dos Namorados um dia muito além das convenções instituídas.

5 comentários:

Helcio Maia disse...

Ótimo texto!!
A regra mais importante (não institucional) é ser feliz!! Com ou sem presentes, no dia 12 de junho. Até porque a vida é o maior presente que recebemos.
Sinta-se abraçada!!

Mônica Alvarenga disse...

HM tenho gostado muito dos seus comentários, mas ainda estou engantinhando nessa viagem de blogs e aprendendo a interagir. Só hoje conheci o Palavras Fátuas! "é impresncindível é decidir que vida se deseja viver", você tem toda razão. Deixo o link pra quem quiser ler meia lua inteira:
http://bit.ly/cvhhBE
Sinto-me abraçada e retribuo!

J.L.Tejo disse...

"(...)Há vida fora das instituições (...)"

Muito, muito pertinente essa postagem.

Diariamente, todos nós estamos envoltos em convenções, em formatos impostos pela sociedade.

No exemplo do post, quantos "casais" (entre aspas) não estão juntos neste exato momento, apenas porque é dia dos namorados e a sociedade espera que ajam assim? E há vários outros exemplos.

Portanto, excelente a mensagem do post. Há vida para além das convenções; importa é ser feliz e fiel a si mesmo e às próprias convicções. Mesmo que as convenções sociais sejam contra.

Unknown disse...

Como falei lá no twitter, não ligo para rituais sociais. Afinal, nunca tive esses rituais em minha vida. Sempre fui a amiga excluída, a namorada não desejada, a pessoa nunca invejada... E até certo ponto foi bom, aprendi a cuidar de mim, gostar de mim e valorizar somente a mim. Em dias de festas, onde todos trocam presentes entre si, eu troco comigo mesma. Me valorizo, vou ao salão, compro aquela roupa que eu gosto. Eu me namoro...

Aprendi a duras penas, que o único namorado que irá me amar e ser fiel, me aceitar como eu sou e fazer todas as minhas vontades aturando minhas manias, sou eu mesma... Então, esse ano, que estou novamente solteira, me dei vários presentes de presente. Fui ao shopping comprei um monte de mimo para mim e voltei, feliz da vida!

Quando eu estou bem, tudo fica bem!

Adorei o texto!

Mônica Alvarenga disse...

Ana, acho q estamos no caminho certo. Só é capaz de amar ao outro quem ama muito a si mesmo. Comprei um livro que se chama O Domínio do Amor, de D. Miguel Ruiz. Fala bem o que penso a respeito... Não é fácil, mas conforme avançamos vai ficando cada vez melhor. Volte sempre! BJ

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