quarta-feira, junho 16, 2010

Coração acelerado e twitter disparado

Não tem como evitar, a emoção engole até os indiferentes e, sem que se possa controlar, o coração dispara. Dá tremedeira e frio na barriga. É assim com o futebol e com o samba, pelo menos aqui, no Rio de Janeiro. Não sou exímia sambista, mas é só escutar o batuque que o coração dispara e os pés começam a mexer. A mesma coisa acontece com o futebol, pelo menos comigo. Consegui ficar meio alheia à copa do mundo até ontem, quando entreguei os pontos, ou melhor, o coração.
Ver o carros com bandeiras, as pessoas desnorteadas no trabalho contando os minutos para correrem pra casa e o povo vestido de verde e amarelo (unhas inclusive) fez meu coração bater mais forte. Vesti a camisa que os meninos me deram no aniversário e entrei no clima. Em casa, tem apaixonados por futebol em número suficiente pra fazer uma festa. O mais novo, que sonha em defender o Brasil, um dia, em campo, animou a torcida e fez sorteio; meus pais organizaram o lanche; a Mere (que cuida de todos há 16 anos) costurou e pendurou bandeiras. Cada um fez a sua parte e assistir ao jogo com eles teve um gostinho bom de família.
E o twitter? Para mim esse foi o maior show. Os comentários, empolgação e decepção, desenhos com caracteres, brincadeiras e a comemoração a cada gol. Havia milhares de pessoas na minha sala, além da família. E eu adorei. Esse negócio de mídia social criou mesmo uma nova ordem. Difícil é explicar isso pra minha mãe, que acha que o computador me afasta do mundo, sem se dar conta de que o filho mais velho também tuita durante o jogo e aprecia os Rts recebidos da mãe. Ela também não percebeu quando fui lendo os tweets mais engraçados e todo mundo riu junto. Nào adianta resistir, esses são sinais de novos elementos da nossa vida que, em constante e rápida evolução, apresentará, em breve, outras novidades.
Mas, no meio disso tudo, também lembrei da infância e da adolescência na rua do Ouro, em Campo Grande, onde cada Copa era motivo de festa. Houve um ano em que o muro da minha casa ganhou um lindo canarinho. Era um ponto de encontro da garotada que aproveitava cada chance de estar juntos. Ainda há ruas no bairro que mantêm a tradição, mas são poucas. O subúrbio não é mais o mesmo. Também há uma nova ordem nas ruas. Estão todos mais distantes pela falta de tempo, pelo medo e por tantos outros motivos. Sociedade é bicho vivo mesmo e, se minha mãe não aceita minha mania de tuitar, que logo poderá ser substituída por outra novidade, é porque talvez não tenha se dado conta de que não há mais muitas ruas com cadeiras na calçada, enfeites e crianças correndo de um lado pro outro até tarde da noite porque o Brasil ganhou.

3 comentários:

Helcio Maia disse...

Tuitar é tão contemporâneo quanto os estridentes instrumentos africanos, cujo som lembra o de uma colmeia agitada, esvoaçante, contagiando todo o ar. É asim com o futebol, principalmente, por aqui, onde pouco importa conhecer ou não as regras, o que importa é brincar, na dimensão lúdica que as crianças não secansam de ensinar.

Mônica Alvarenga disse...

Você tem toda razão e acaba de me dar assunto pra um novo post. É muito bom poder interagir através dos nossos escritos... Grande abraço!

Fernando Gameleira disse...

Mônica, lembro muito disso e do seu pai comandando os desfiles de 7 de Setembro no Centro de Campo Grande.

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