domingo, abril 04, 2010

Maioridade do filho ou maioridade da mãe?

Há sentimentos que pegam a gente de surpresa. E isso é bom! Sinto que, quando acontecem, chacoalham nossas convicções, com maior ou menor força, mas sempre o suficiente para nos lembrar de que estamos vivos, em constante evolução. Eles parecem vir para nos fazer recordar que, assim como nenhuma folha de árvore é igual a outra, nenhum minuto de nossas vidas se repete, sendo, portanto, único. Foi isso que aconteceu hoje, dia em que meu filho mais velho completa 18 anos. Não pensei que fosse me sentir assim tão especial! A alegria era tanta que ele me perguntou: - “O parabéns é pra você ou pra mim?”
Não esperava, mesmo, essa emoção diferente! Ele está longe de ser independente, ainda definiu muito pouco em relação ao que quer da vida, mas, ainda assim, fez 18 anos. Já tirou título de eleitor, carteira de trabalho e vai se alistar no exército. Isso é pouco pra comemorar? Pra mim é muito! Simbolicamente, ele assume o comando da sua vida, pelo menos é assim que penso. Não sou mesmo afeita a gaiolas fechadas, porque sei que a liberdade é o que impulsiona a evolução e o amadurecimento. Não sonho em ter todos os meninos à minha volta para sempre. Desejo sim, que eles me amem e me aceitem com todas as minhas chatices, que sejam honestos consigo mesmos, que não haja culpas a forjar nossa relação, ou nenhum outra que eles construírem ao longo da vida.
É simbólico, mas, até então, achava que a vida dele ainda era minha, que seus erros (ou aquilo que julgo serem erros) eram meus. Hoje, não! Amo-o incondicionalmente, mas não assumo sua vida por ele. Faço parte de sua vida única e exclusivamente pelo amor maternal que é um sentimento sublime. E isso é, de fato, tudo o que se pode querer de uma mãe. Experimentando a vida, vai escorregar, inevitavelmente, como todos nós. Sempre que possível eu estarei por perto. Não para escorregar com ele, mas para amá-lo, ouvi-lo, acolhê-lo. Sou mãe e exercer esse papel, mesmo que na base da tentativa e erro, me faz muito feliz.
Nunca me enquadrei muito na lista que se apresenta quando resolvemos parir. Mas me esforcei muito. Talvez, por isso, não tenha muitas culpas. Sempre trabalhei, estudei, diverti-me e sonhei, enquanto era mãe. Comprei manuais com muitas regras que eu tentava seguir, afinal queria reduzir a necessidade de eles fazerem terapia mais tarde. Hoje sei que isso é impossível. Mas quando os filhos são menores, há que se ouvir de parentes, amigos e desconhecidos os itens da lista de como fazer pra criar filhos. Parece que as pessoas decoram o texto e repetem-o como se fosse sagrado. A gente sempre acha que está errando e até tenta fazer o que recomendam. Nem sempre dá certo, mas à sua volta dizem: o menino ainda não tem maturidade para pensar por si.
Em meu íntimo, sempre soube que bastava amar e dar liberdade para que eles encontrassem seu caminho. Consegui agir assim poucas vezes e talvez isso explique a minha alegria de hoje. O meu primeiro filho, agora, tem 18 anos. Estou livre, eu também, para amar do jeito que posso e vê-lo experimentar a vida como lhe aprouver. Eu estarei por perto. A base já está pronta, construída em colaboração, mas agora é por conta dele. Como sempre achei que teria que ser! E ninguém há de me cobrar: ele já alcançou a maioridade! Felicidades, filho!

Um comentário:

Silvio Freire disse...

Mônica,
Você me pergunta se a experiência de ter uma neta de 18 anos é igual à de ter um filho de 18 anos.
Para mim não é.
Creio que nos avós não devem existir as preocupações cotidianas com os filhos. Nosso olhar deve ser mais de cima, mais geral, para não interferir no estilo dos nossos filhos criarem os seus. É a vez deles.Coisas que eventualmente me chamarem a atenção, levo aos meus filhos, não diretamente aos netos. Informo e saio de cena.
Meu filho mais novo tem 23, fez 18 há cinco anos, e me lembro bem da alegria e emoção que você mostra no post, que também senti, por sabê-lo bem formado e encaminhado. Nesses cinco anos ele virou um homem que sabe o que quer e está correndo atrás disso.
Com o filho, para mim foi um marco, semelhante a alegria e orgulho que meu filho mais velho demonstra no tweet onde ele informa ao mundo que seu "bebê" mais novo tem 18 anos (veja em @luthier, cerca de 9 da manhã de hoje).
Com a neta é também um prazer, mas diferente, mais light, mais interno, o coração se alegra, a emoção aflora por saber que ela vai bem, obrigado. Mas torço por ela daqui, e ela sabe disso.

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