quarta-feira, abril 07, 2010

Pensando na chuva (e além dela)!

Acabo de acordar. Ouço, da cama, os sons da natureza. Fecho os olhos. Com a casa em silêncio, escuto, além da chuva insistente, o balançar das folhas, o mar e, ao longe, um motor de carro que parece enguiçado em algum lugar. Ah, acabei de ouvir o que me parece um ônibus: eles não pararam, mas os meninos estão sem aula desde ontem. Daqui a pouco, encherão a casa com gritos, videogame, música eletrônica e televisão. Tudo ao mesmo tempo. Por isso, nem reclamo quando a luz acaba à noite. Se tiver fresquinho, como ontem, ainda corro o risco de redescobrir prazeres à luz de velas, como fazer cafuné em filho.
Meu dia, hoje, terá café com leite e chá, ao lado do computador, mas não consigo deixar de pensar nos desabrigados. Naqueles que ouvem os filhos chorarem sem ter como acalmá-los, nos que estão prestes a verem suas casa desabarem ou choram a perda de pessoas queridas. Também penso nos meus pais, ilhados em Guaratiba, um dos bairros do Rio que tiveram seus principais acessos interditados. Com ajuda de vizinhos, passaram a madrugada tentando minimizar os estragos da água que corre do morro em frente para sua casa.
Ninguém fala deles, mas também penso nos bichos. Ontem, na escuridão do Recreio dos Bandeirantes, vi um gato no meio da chuva, procurando um lugar seco para se abrigar. Podia tê-lo recolhido, mas, na hora, isso não me passou pela cabeça.
Pensar é muito pouco, eu sei. E, por isso mesmo, resolvi, entre um café e outro, convidar os amigos para ajudar com doações os desabrigados espalhados pelo Rio. Ainda é muito pouco, mas é o que consigo fazer agora e, talvez, um pouco melhor do que passar o dia embaixo do edredon, afogada em xícaras de chocolate, esperando a chuva passar.

*foto de @fernandamourao tirada em 7/4

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