domingo, maio 23, 2010

A vida vem em ondas

Estou tentando não pensar. Só por hoje. Parece que, quando a mente se aquieta, encontra-se um lugar onde é possível só ser. Mas vamos deixar isso pra daqui a pouco, porque logo estarei em outro momento e tudo será diferente. “A vida vem ondas, como o mar, num indo e vindo infinito...” Lembrei da música porque, independente de nosso querer, as ondas vão e vem mesmo. E a vida também.
Quanta energia desperdiçamos quando tentamos reter o fluxo da vida, numa luta tão impossível quanto a de intervir no movimento das ondas. Gostaria de escrever sobre perdas, decepções, tristezas, desencontros, verdades que parecem mentiras e mentiras que parecem verdade. De repente, no entanto, tudo isso parece perder o sentido. Porque a vida vem em ondas e daqui a pouco terei vontade de escrever sobre encontros, verdades que parecem verdades e alegrias.
É preciso ter muita coragem para experimentar o novo que, neste instante, me parece ser a abstenção da emoção, o deixar fluir. Quanto sofrimento poderia ser evitado se simplesmente aceitássemos o fluxo da vida. Uma parte de mim ainda briga. Quer reter a onda que já se foi. Chora achando que poderia ter feito um esforço a mais, culpa-se por aquilo que lhe era impossível.
Deve ser natural dos seres humanos, que estão sempre tentando se superar. Deve ser natural também dos geminianos, sempre divididos entre o ser ou não ser. Mas estou determinada a tentar, a aprender a olhar a vida com o mesmo respeito e amor com que olho o mar. A observar seus movimentos da mesma forma com que observo as ondas. E deixar que o sentir aconteça livremente. Aceitar o amor e a raiva com a mesma naturalidade. A tristeza e a alegria, também.
A verdade é minha busca. Mas não a verdade que se externa, e sim a verdade que se interna dentro de mim. É com ela que tenho compromisso. E ela também muda. Às vezes, me surpreende. E o que sinto agora, pode ser (e deverá ser) diferente em alguns instantes. Abandono, então, o pensar às ondas. Trato de viver.

3 comentários:

Christina Castilho disse...

A vida vem em ondas, com certeza. E muitas vezes como tsunamis, desarrumando ou devastando tudo.

Patrícia Gonçalves disse...

Muito bem, moça, nada de opor resistência. Vida que segue, vida que vem como onda. Observe, contemple, viva, não deixe doer.

beijão,

Mônica Alvarenga disse...

Christina, o desarrumar é uma dádiva. Através dele, nos renovavmos, por mais trabalhoso que seja. É um real movimento de vida. Pelo menos é o que experimento.
Patrícia, querida, estou aprendendo a fazer isso. É uma delícia...

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