sexta-feira, janeiro 15, 2010

Um café? Um encontro com quem?

Foi um café, mas poderia ter sido um almoço, um lanche. Não importa. O que me intrigou é como saí daquele lugar. Nem me dei conta de que a conversa despretensiosa e amiga fosse me trazer algum incômodo. E estava bem. Despedi-me e entrei, ignorando a mim mesma, na fila do cinema. Saí antes de chegar no guichê. Não conseguiria ficar sentada assistindo a filme nenhum naquele exato momento. Algo me cutucava e eu nem sabia onde. Só sentia.
Lá estava eu de novo, no escorrega do fluxo da vida, olhando pra mim mesma através do espelho chamado “o outro”. Nele não há como escolher o que se vê. Pode-se, apenas, fechar os olhos. Mas não eu, que tenho sede de vida, e, durante essa breve passagem, fico arregalada pra tudo e todos que passam por mim. Quase sempre estou de olhos bem abertos e, assim, muitas vezes surpreendo-me com o que vejo.
Depois de vagar um pouco pela rua, sem conseguir entender o que me tirava do sofá (como chamo minha zona de conforto), desisti de tentar. Decidi ficar apenas com o fugaz sentimento de inquietude, aproveitar a imagem que aquele espelho me proporcionara e agradecer a sua existência. Ali estava um fato: não poderia, nem gostaria de prescindir do outro. Era dele que eu dependia para me conhecer, acessar minhas imagens internas. E isso era humano e maravilhoso. Havia o incômodo, algumas lágrimas. Mas eram sinais da vida, que eu nem sempre compreendo, mas que tento aprender a aceitar.
Naquele momento, não entendia muito bem o que estava se passando. Era comigo e só comigo aquela experiência, mas aceitei, agradeci e compreendi, mais uma vez, o sagrado existente em todas as nossas relações. Independente de crenças e níveis de conexão. Era uma pessoa amiga, ajudando-me a passear por entre as minhas sombras. E o encontro? Esse foi comigo mesma.

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