sábado, dezembro 11, 2010

Quem inventou a palavra saudade?

Fui procurar na wikipedia e descobri que saudade é uma das palavras mais presentes na poesia e na música romântica da língua portuguesa. Aliás, dizem que ela foi cunhada pelos portugueses que deixavam casa e família em busca de novas terras e que foi muito usada no Brasil Colônia. Daí, sua origem latina em solitas, solitatis (solidão). O Aurélio confirma o significado: “Lembrança melancólica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoa(s) ou coisa(s) distante(s) ou extinta(s).” É prática comum do ser humano, buscar explicação, comparação ou justificativa para o que sente. Mas nada disso atenua a emoção com que me vejo às voltas.
Saudade é o desejo de voltar?
Sim, há algo de solidão na saudade. Tenho recebido com bastante frequência recados do tipo: “Estou com saudades, mas tenho trabalhado tanto que mal tenho tempo de conversar”. Retribuo, irritada com a falta de tempo generalizada. Ficamos, sós; ficamos com saudades. São todas pessoas queridas, que passo muito tempo sem ver. Parece que, no fim do ano, chega a fatura e a gente se dá conta de que devia ter dedicado mais tempo aos amigos e às boas relações.
Mas a saudade que eu venho sentindo não é bem essa. Ela não se apresenta. Não diz o seu nome. Pelo menos eu não consigo ouvi-lo. Há momentos em que chega a doer no corpo. Por isso, resolvi escarafunchar a saudade. Não gostei do que vi. Como meus antepassados portugueses, estou em constante descobrimento. Novas terras, novos mares... Seria essa saudade um certo medo do novo que está sempre por vir para quem se aventura em descobertas? Uma forma de se lidar com o desejo de voltar ao confortável e acolhedor espaço conhecido, deixado pra trás por quem parte em busca de novos rumos?
Uma amiga disse que tem “saudade boa”, mas eu não acredito. Pra mim, nada que causa dor é bom! E saudade dói! Essa coisa boa a que ela se refere, chamo de lembrança. E quanto a combinar com amor, como diz na wikipedia, fico bem na dúvida. Se o amor é livre, incondicional, supremo, sagrado; não deve ser atravessado pela dor da saudade. Deve entender e respeitar o fluxo da vida, os novos mares por que nos aventuramos, os novos ventos que encontramos...
A saudade tem um quê de teimosia. Instala-se, a despeito das minhas considerações. E, se amar é aceitar, digo pra mim mesma, com todo amor que tenho por mim: fique, saudade; até que eu seja capaz de perceber que a vida tem seu fluxo, que a felicidade está por todo lugar e que o “sentir”, por si só, é uma dádiva.

4 comentários:

Mônica Alvarenga disse...

A discussão sobre esse post aconteceu no FB e no Twitter. Mas há algo de que me lembrei depois: há uma saudade que parece inexplicável, quem vem de onde não se sabe (ou onde nossos registros conscientes não alcançam). É dolorida também, mas é uma forma de contato com um sentimento remoto sem localização precisa em nosso tempo e espaço...

Silvio Freire disse...

Saudade de entes queridos que se foram e que às vezes nem conhecemos nesta vida... saudade de companheiros de jornada, desta jornada e de outras em outras vidas... saudade de pessoas que conhecemos e que não nos enxergaram, ocupadas que estavam com seus próprios problemas... saudade de filhos que acabamos de ver... saudade das coisas boas de amores que tivemos... saudade...

Mônica Alvarenga disse...

Há qto tempo não "trocamos" em nossas redes virtuais... Não foi à toa q passou por aqui nesse post sobre a saudade, né? Um grande e saudoso abraço.

Silvio Freire disse...

Outro a você, de coração a coração, saudade.

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