sábado, dezembro 25, 2010

Pra dentro e pra fora...

Andei um pouco afastada da blogosfera. Deixei de ler os blogs dos amigos e mergulhei em mim. Dei-me conta deste movimento, censurei-me a conduta e reuni meus “eus” para uma conversa. Que movimento é esse? Por que deixar de lado contatos que há algumas semanas eram imprescindíveis? A resposta veio rápido: medo. Interagir com o outro costuma levar a lugares onde nunca estivemos, e, às vezes, preferimos nos resguardar, esquecendo que nesses encontros estão grandes oportunidades de autoconhecimento, evolução e transformação.
Aliás, ando muito atenta a esse medo, que, muitas vezes, me faz recuar ou vacilar diante de boas ocasiões. Uma vez, indagada por um amigo, tentei explicar o medo e não consegui. E ele com uma paciência de Jó continuava me interpelando “Você tem medo de que?”. O amigo não conseguiu muita coisa sobre a definição do meu medo naquele dia, mas sua insistência me fez pensar depois que a minha resistência em esquadrinhar o medo devia-se ao fato de que, uma vez revelado, ele perde toda a sua força e a sua razão de ser.
No caso da minha “falta de vontade de interagir”, quando me confrontei com o meu medo, percebi que o seu maior alimento era a minha certeza de que a partir dos relacionamentos sou munida de energia para dar um passo adiante. Parece estranho que algo tão positivo possa se transformar em medo. É que, dependendo do ambiente em que crescemos e nos constituímos, assimilamos crenças negativas a respeito de felicidade, sucesso e outras coisas boas. Muitos de nós aprenderam muito cedo a associar coisas boas a uma dose necessária de sofrimento.
Hoje eu sei que não é assim e que tudo o que conquistamos é fruto de escolhas e atitudes. Mas uma parte de mim ainda está presa às crenças antigas, resiste à mudança e encara os presentes da vida com desconfiança. Daí surge o conflito e a necessidade de chamar os “eus” para um conversa. O povo da psicologia chama esse movimento de autossabotagem e eu fico atenta a essa minha turma interna, que ainda insiste em frases como “Melhor um pássaro na mão do que dois voando.” e “Não se mexe em time que está ganhando.”
O melhor disso tudo mesmo é me dar conta de que ainda que conflitos, autossabotagens, resistências façam parte da minha vida, há espaço para a felicidade, o amor e o sucesso. Não há fórmulas, senão a de atentar e respeitar os movimentos, determinando por minhas escolhas o caminho que desejo seguir. Bom é aceitar que terei sempre momentos de muitas trocas e outros mais reclusos, repeitando e optando de acordo com os sentimentos que percebo em mim.
Saí da “casca”, fui percorrer os blogs dos amigos e acabei me deparando com um vídeo em que Beto Guedes, entrevistado por Wagner Tiso, fala sobre essas alternâncias de movimento: ora mais exposto, ora mais recluso...

Um comentário:

Valéria disse...

Ampliar a nossa zona de conforto é sempre muito difícil, somos muito apegados a crenças que não nos fazem bem algum, possuímos internamente muitas "gavetas do passado" que não queremos mexer com medo do que possamos encontrar e isso dificulta uma reedição do que absorvemos durante a nossa história de vida. Lembrei-me desta frase de William Faulkner "O passado nunca morre, nem sequer é passado."

Obrigada pelo texto edificante.
Beijinhos.

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