sábado, setembro 11, 2010

Homens são de Marte, tanto quanto de Vênus

Mônica Martelli é autora e a excelente
atriz da peça "Homens são de Marte é
pra lá que eu vou!"
Você acredita que as mulheres são todas iguais? Eu não acredito, mas me sinto uma vaca marcada em série cada vez que leio, escuto ou assisto obras que nos caricaturizam. Acho graça, claro, das piadas sobre a espera do telefonema que nunca vem e os encontros que deixam a sensação de que aquele “é o homem da minha vida”. Afinal, não conheço espécime feminino que não tenha passado um dia olhando pro telefone, esperando uma ligação que não chega; ou que tenha se entristecido diante do sumiço daquele que achava ser a resposta à busca pelo par perfeito. Depois das risadas, no entanto, fico sempre pensando: mas é só isso?
Ontem fui ver a peça “Homens são de Marte e é pra lá que eu vou...”, mais um desses trabalhos que enquadram o comportamento feminino diante do sexo oposto e transformam-no em comédia, provocando a risada de muitas mulheres (e homens, claro!). Fui com uma amiga, rimos muito, mas saímos com uma sensação de “é só isso mesmo?”. Sabe aquela história de quem vem primeiro, o ovo ou a galinha? Pois bem, eu também não sei se as mulheres agarramos telefones porque nascemos assim ou porque crescemos imersas nesse universo cheio de referências à necessidade de se encontrar a “cara metade”.
Realmente acho que há muito mais dentro de nós. Todos queremos uma companhia; a vida compartilhada é muito melhor. É bom conversar e descobrir afinidades; passear de mãos dadas; sentir-se amada e amado pelo olhar do outro; achar em outro corpo formas de dar e receber prazer; contar sonhos e projetos sem receio de se sentir tolo ou tola e ainda ter a sensação de que se ganhou um aliado. Mas isso vale pra homens e mulheres. Esta semana, escutei de um amigo a sua angústia por estar sozinho, queria encontrar uma companheira e confessou que entrava todos os dias em sites de relacionamento em busca desse par. Todos, independente de gênero, queremos ser amados. Isso sim é da nossa natureza e nisso, talvez, sejamos mesmo todos iguais.
Relacionar-se requer aprendizado e ele se dá de forma única para cada um. Conheço histórias tão bonitas de encontros que vão muito além do imediatismo de encontrar alguém feito sob medida para nossas necessidades. Nem sempre têm final feliz, mas inevitavelmente trazem a seus protagonistas experiências humanas incríveis e muitas lições que ficam registradas (quiçá em um arquivo coletivo) para serem aproveitadas em outras histórias. Por isso irrito-me um pouco com os estereótipos. Somos iguais no amor, mas, paradoxalmente, o que nos une, também nos torna singulares, únicos nas experiências de vida. Daí a necessidade de partilhar e a força que vem dessa prática. Afinal, somando singularidades com a unidade do amor, seremos muito mais fortes (e humanos!).

2 comentários:

Li Balbinno disse...

Quando li no Twitter que você se preparava para ir ao teatro, eu já sabia!
Não combina essa de "somos de planetas diferentes".
Gostei muito do post!
Eu não tenho metade! Tenho certeza que você também não! SOMOS INTEIRAS! Mas gosto da idéia de "ter a sensação que se ganhou um aliado". Gostei muito disso!
Você como sempre, brillante!
Beijos e saudade de você!
Li.

Alexandre Farinelli disse...

Acredito plenamente em suas palavras. O sentimento de querer compartilhar a vida e os sonhos com alguém é o mesmo, porém na maioria das pessoas.
Hoje em dia existem pessoas que só pensam no momento e "aproveita-lo" como se fosse o último. São os famosos "ficantes", ficam daqui e dali, vários(as) na mesma noite, se gabam pela quantidade e aventuras. As vezes isto é apenas uma fase, mas muito já estão chegando aos 30, 40 e 50s com este mesmo pensamento, tornando pessoas um tanto quanto vazias, por não terem, nem quererem algo mais sólido em relação à sentimentos.
Todas as pessoas são únicas, aqueles que sabem dar valor às outras, dar valor às experiências passadas e principalmente dar valor à sí mesmo, crescem de uma forma positiva. Pessoas também, que buscam aprender com seus erros e acertos, aprender com suas experiências anteriores e saber ganhar a sabedoria de retirar o lado bom de tudo que vive.
Ótima semana!
Xande

Postar um comentário

Compartilhe o que você pensa sobre o que acabou de ler! Ficarei feliz em podermos "conversar" um pouco!

Web Statistics