domingo, setembro 19, 2010

Desabafo de mãe

Quem faz terapia acaba se deparando com a mãe. No relacionamento com a mãe, dizem os terapeutas (e eu acredito), residem grande parte das neuroses e conflitos humanos. Mesmo sabendo disso, no entanto, não há muito o que fazer. Nós, mães, acabamos repetindo erros e cometendo outros que nossas mães não cometeram porque não conseguimos fazer diferente. Temos nossas limitações, atenuadas aqui e ali com terapias, rezas, simpatias e o que mais se acreditar capaz de nos ajudar a sermos pessoas (e mães) melhores.
Por isso mesmo, ontem, quando meu filho do meio, que havia passado o dia com mal estar, disse pra mim que eu quase não o via, eu respondi (quase) sem culpa: “vejo-o tanto quanto posso. Pode ter certeza de que passo com você o maior tempo que consigo. Pode ser pouco, mas não tenho conseguido fazer muito melhor”. Esse mesmo filho havia pedido que visse um filme com ele, já que estava doente. Também pediu-me remédio, espaço em minha cama, a compra da passagem do próximo torneio de tênis, água de coco porque havia ficado o dia inteiro sem comer, cafuné e carinho. Eu tinha um trabalho pra fazer, que havia adiado durante a semana e que preciso entregar na segunda-feira, mas aquiesci. É bom estar com os filhos e trocar demonstrações de carinho.
Mas a gota d'água foi escutar dele: “mãe, você tá muito gordinha. Está há quatro ou cinco dias sem caminhar. Queria que você ficasse forte de novo e magrinha”. Pronto, minha vontade foi de desabar! Expliquei que estava trabalhando muito porque nossas despesas aumentaram bastante e que, além disso, estava fazendo cursos, o que me fazia chegar em casa esgotada e sem nenhuma vontade de “malhar”. Mas a explicação não foi suficiente para aplacar em mim o sentimento de “não dou conta”. Durante todo o dia havia ficado com o filho mais novo em uma feijoada para angariar fundos para o seu time de futebol, onde aproveitei para encontrar uma amiga da faculdade com sua família, que não via há muito tempo; conhecer as mães dos outros atletas e “enfiar o pé na jaca”.
Durante o dia recebi três telefonemas de amigos diferentes que estão passando por problemas sérios em suas vidas e precisavam desabafar. Mesmo sem saber sempre o que dizer, sei que ouvir e dizer que faço parte de suas vidas em momentos difíceis faz a diferença nessas horas. Já recebi essa ajuda, era chegada a hora de retribuir. Não havia como somar todas essas variáveis sem chegar à conclusão de que realmente não dou conta. Ou dou, com restrições, alguma culpa e um pouco de frustração por não manter o corpo em forma e passar menos tempo do que gostaria com os meninos.
É um post-desabafo! Quem sabe agravado pelas variações de humor de que fico refém no período pré-menstrual! Ainda tem isso: a TPM. Não devo ser mesmo mãe de três filhos por acaso. Somos desafios, uns para os outros.

4 comentários:

dagui disse...

Vc é uma amiga maravilhosa,uma profissional séria e uma mãe dedicada,além de ser uma mulher cheia de encantos,então os percalços desse caminho são condições que a vida encontrou pra lapidar a alma, só quem é mãe vai entender e se identificar com suas palavras.
Beijo com carinho!

Anônimo disse...

Bom dia Mõnica!
Gostei demais do post,como sempre,voce foi perfeita.Mas não se cobre tanto, é que as mulheres são multiplas,e querem dar conta de tudo.Coisa que não é possivel!
Um dia os filhos passarão por essa experiência, e se forem bons pais saberão compreeder. Sabe aquela hitória?"Como nossos pais"

Um abraço bom domingo!bjs
Dirlene

Gilceana Soares Moreira Galerani, disse...

Dureza é que no seu caso vc nem pode dizer que um dia eles serão mães para entender melhor o que se passa... Mas relaxa, Deus já garantiu nosso lugar no paraíso e vamos pra lá de botas! Filhos muitas vezes são mais cruéis que marido, mas com a vantagem de que sempre serão adoradamente suportáveis. Bom domingo!

Mônica Alvarenga disse...

Gil, contei isso pra eles, q deram risadas. Mas o gostoso é ver, através dos comentários, que, de alguma forma, não estamos sós! Somos todas UMA grande entidade materna, com dúvidas, cansaços, esperanças e, claro, acertos. Bjs, Dagui e Dirlene: vcs são grandes amigas!

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