quarta-feira, março 17, 2010

Palito de churrasco ou espinha de peixe? Lidando com o desconhecido na vida

Quem corre ou caminha na areia da praia sabe bem o que representa um palito de churrasco. Já tive amigo que ficou mais de 15 dias sem colocar os pés na areia, outro que tomou antibiótico para controlar a inflamação, outro que foi ao hospital porque a perfuração foi mais profunda e outra que não corre mais na areia, com medo de se machucar novamente. Eu ando com cuidado. Tenho medo, reclamo dos que não colocam os palitos do queijo coalho no lixo, mas fico atenta. Corro rastreando a areia com os olhos e, quando avisto um, pego, quebro e tiro do alcance dos pés de um outro corredor. Só que há muito mais na areia da praia do que palitos de churrasco. E as ameaças aparecem quando e de onde menos se espera. No meu caso, veio de uma pequena espinha de peixe.
Estava tão preparada para me livrar dos palitos, que não dei nenhuma atenção à espinha que entrou em um dos dedos do meu pé. Pisei, olhei rapidamente, de longe, e não quis interromper o exercício. É uma “coisinha à toa”, não é um palito de bambu. Continuei. Mas a “coisinha”, quase invisível, continuou ali, incomodando, até que eu parei, sentei e vi do que se tratava. Tirei a espinha, com pouco mais de 5mm e segui, sentindo o pequeno incômodo que, no dia seguinte, inflamou e me deixou uns dias longe da areia.
Isso tudo é pra contar que os perigos da areia da praia remeteram-me aos riscos que corremos na vida. Quantas vezes não somos pegos de surpresa, por algo que parece tão inofensivo quanto uma espinha e nos vemos mais devastados do que por um conhecido e esperado palito. Vimemos preparados para lidar com o que já conhecemos. Às vezes, preferimos nem correr na areia para não arriscarmos uma ferida. Mas não há o que fazer para prevenir contra o desconhecido: ele está por toda parte. Quando algo nos afeta, podemos parar, olhar para o que aconteceu, aprender a lidar com a situação, reconhecer o quanto nos atinge e seguir com a tranquilidade de quem fez o que era possível.
Mas com a espinha não foi assim. Subestimei-a: além de desconhecida, quase invisível. Ela não fez por menos: incomodou-me tanto, a ponto de me fazer sentar na areia. E, mesmo assim, não considerei aquele furinho como algo que pudesse me trazer qualquer inconveniente. Pois ele inflamou e ficou dolorido a ponto de me fazer parar mais de um dia. Penso que encontrei uma espinha, mas poderia ter, também, encontrado uma jóia. As novidades, de todo jeito, requerem atenção, para que cumpram o seu papel em nossas vidas. Um pequeno incômodo pode se transformar em uma dor maior ou em motivo de grande alegria. Em todos os casos, é preciso parar e olhar. Não subestimo mais espinha de peixe. Estou atenta a tudo, agora.

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu Blog está lindo e uma delícia de ler!
Bjs,
Li.

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