Comecei a prestar mais atenção e, numa conversa com uma colega de trabalho, mais uma vez fiquei cega e surda, mas não muda, porque, quando não se quer ouvir, pode-se falar qualquer coisa. Percebi também quando acontece o oposto. Captei, de uma pessoa muito distante, os pensamentos, o humor, alguma inquietação. Mas, aí, me fiz presente. Consegui abandonar o turbilhão da mente para simplesmente viajar no tempo e no espaço (dizem que não há fronteiras para o espírito). Outro dia, ao olhar um retrato, cheguei a descrever a personalidade da pessoa, listando os maiores desafios que enfrentava na vida. E acertei. Também estava presente. Havia deixado, por alguns instantes, de pensar no trabalho, nos anseios, nos filhos.
Pode parecer óbvio, mas só entendi isso na semana passada. É preciso estar disposto a deixar-se de lado para enxergar, de fato, o outro. Todos temos intuição, mas para exercitá-la há que se abandonar as delimitações da mente; deixar de olhar pra dentro de nós e olhar pra dentro do outro. Chamo isso de dom de amar. Num movimento dinâmico onde alternamos mergulhos no outro e em nós mesmos, ultrapassando as fronteiras dos sentidos, indo muito além...
Um comentário:
Ao ler este texto seu - e muito antes de lê-lo, quando só avistei o título -, me ocorreu perguntar: como enxergar o outro se mal enxergamos a nós mesmos?
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