sábado, julho 23, 2011

Ópera ou sanduíche de botequim? Historinha sobre as possibilidades da vida...

A reunião havia acabado mais tarde do que o esperado, mas não era tarde o suficiente para evitar o pior horário de saída do centro da Cidade, que me faz levar até duas horas num percurso que poderia fazer em média em 60 minutos. Andei vagarosamente pelas ruas não só à procura de um caixa eletrônico, mas também pensando no que poderia fazer para aproveitar meu tempo no Centro do Rio. Observei as pessoas nos bares e me dei conta de que casais bem vestidos seguiam em direção ao Teatro Municipal. Resolvi seguir os casais para conferir a programação, lembrando que andava com muita vontade de assistir a uma ópera.
Sim, em cerca de 40 minutos, começaria Nabucco, de Verdi, e ainda havia ingressos disponíveis. Avaliei, olhei bem para a imponência do Teatro Municipal, ainda mais majestoso quando iluminado, dei meia volta e fui embora. Estava muito cansada para voltar para casa dirigindo muito mais tarde, quando o programa se encerraria. Mas estava feliz. Não assisti à ópera, mas dar-me conta de que aquela era uma possibilidade real para mim, encheu-me de contentamento. Com certeza, não posso fazer tudo o que desejo, mas a consciência de todas as possibilidades que a vida me oferece já é motivo de celebração.
Conheço pessoas que, tristemente, não conseguem enxergar essas muitas possibilidades, restringindo-se ao cotidiano massacrante, à rotina; muitas vezes, de forma automática e inconsciente. Resolvi brindar às possibilidades realizando um pequeno desejo. Desde o dia anterior, sonhava com um sanduíche de carne assada ou rosbife, desses em que a carne é cortada na hora, no balcão do botequim. Sentei num boteco, pedi uma cerveja pra acompanhar, e sorri diante do enorme prazer que me concedia naquele momento. Estava cansada demais para ópera, mas não para um sanduíche de carne com cerveja. Caminhei até o carro; o momento crítico do trânsito já havia passado. Estava feliz por conseguir enxergar minha vida e suas muitas possibilidades, e por poder escolher entre os variados itens do cardápio da vida.
*** Encerrando esse texto, dou-me conta do quanto botequim e ópera são díspares. Acho graça dessa ambivalência tão tipicamente geminiana...

Um comentário:

Silvio Freire disse...

Você já alcançou um estado de consciência que poucas pessoas alcançam, que lhe permite tomar da vida não somente o mais caro ou o mais difícil, mas simplesmente o melhor.
E se a foto é do sanduiche do botequim, ela é prova disso.

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