sábado, agosto 06, 2011

Mais um dia de Alice

O coração acelera, o estômago parece que tranca, a mente divaga e o foco fica quase impossível. Acontece, às vezes. E ontem foi a minha vez. Não consegui deter o turbilhão de emoções que encheram meu dia. Era inútil a tentativa de controlar, entender e compreender o que se passava. Tudo o que aconteceu no meu dia ontem era muito intenso e diverso. Eu, tarefeiramente, tentava organizar e enquadrar o que acontecia. Não adiantou, como jamais adiantará qualquer tentativa de racionalizar o fluxo da vida.
O resultado foi desastroso. Exauri ao final do dia. E custei a entender que precisava ficar só, quieta, e dormir. Nem tudo o que é bom é fácil, como nem tudo o que é difícil é ruim. No entanto, a nossa mente faz uma grande confusão e muitas associações que redundam em esgotamento e sofrimento inúteis. O caminho do conhecer a si mesmo é longo e, muitas vezes, paramos em algum ponto, como Alice (aquela do País das Maravilhas), perguntando para onde vamos. Sabemos o caminho, mas são tantas coisas acontecendo simultaneamente, que no esforço de compreender, nos perdemos. E o que perdemos não é, de fato, o caminho. Ele sempre estará lá. Caminhos não saem do lugar. Na verdade, perdemo-nos da nossa “mente que sabe” ou sabedoria interior ou o nome que preferir para designar nossa essência, que é divina, amorosa, curadora e dotada de um conhecimento muito superior aquele que conseguimos controlar, escrever, enquadrar.
Pensando bem, ontem tive meu dia de Alice, encolhendo e crescendo muitas vezes durante um só dia, encontrando pessoas de todo o tipo dentro e fora de mim, rainhas boas e más. Foi, sem dúvida, um dia de Alice, onde tudo que se atropelava poderia ter simplesmente passado, não fosse minha necessidade de explicar, entender, reter. Ganhei pouco, nesta tentativa; e fiquei com a exaustão de ser. Hoje, estou sob meus cuidados, me receitando coisas que equilibram e fazem bem. Vou manter, à minha volta, pessoas que entendam que, como no conto de fadas, interessante e desinteressante, sonho e realidade, são, no fundo, a mesma coisa ou, talvez, absolutamente nada!

- O que você sabe sobre esse caso do roubo das tortas? - perguntou o Rei para Alice.
Nada – respondeu Alice.
Absolutamente nada? - insistiu o Rei.
Absolutamente nada – confirmou Alice.
Isso é muito interessante – disse o Rei, virando-se para os jurados.
Eles estavam justamente começando a anotar isso nas lousas, quando o Coelho Branco os interrompeu.
Desinteressante é o que vossa majestade quer dizer (…)
Desinteressante, é claro, foi o que eu quis dizer – corrigiu-se o Rei rapidamente. Depois continuou repetindo para si mesmo em voz baixa: interessante... desinteressante... desinteressante... interessante... - como se estivesse tentando avaliar qual palavra soava melhor.
Alguns jurados anotavam interessante e outros desinteressante. Alice pôde perceber isso (…) “Mas isso não faz diferença nenhuma”, pensou.
Alice no País das Maravilhas

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