domingo, abril 03, 2011

Parabéns, filho!

Aniversário de filho é dia de festa e eu adoro, mas nunca consegui achar que era só isso! Pra mim, sempre é dia de muito mais. Celebro a vida, o milagre concedido por eles tornarem-se homens através de mim, sem esquecer todos os aprendizados que essa dádiva traz consigo. Tenho certeza de que estamos juntos – como mãe e filho – por algum motivo muito especial. Percebo o quanto somos toscos em nossas deficiências e dificuldades humanas e que, juntos, temos uma grande oportunidade de nos aperfeiçoarmos.
Hoje é dia do filho mais velho, já um homem. Grande companheiro. Grande desafio. Aprendemos juntos desde que ele foi concebido, com os primeiros enjoos, com o processo de me tornar mãe e de dividir minha vida. Não tenho dúvidas de que nossos aprendizados acontecem em paralelo e de que temos, igualmente, uma tonelada de coisas pra aprender. Os índios dizem que todas as relações são sagradas e fonte de desenvolvimento, mas relacionamento de mãe e filho, certamente, potencializa em muitas e muitas vezes essa possibilidade.
Tudo é propositalmente delicado. Uma palavra, um bater de portas, a cara feia, as manias, as diferenças. Aceitar é a chave e só é possível para quem aprende a conjugar o verbo amar, abrindo mão do controle. Quem ama orienta, compartilha experiências, é enfático quando necessário. E isso não significa, pelo menos pra mim, abrir mão de si mesmo. Ser mãe exige dedicação, desde a concepção. Vive-se de acordo com a vida que cresce dentro e fora da gente. Madrugadas de aleitamento viram vigílias pelo filho na rua, preocupações com cólica e espirros transformam-se em zelo pela saúde do adulto, o desejo de ver a cria bem alimentada parece que permanece, o coração apertado pelas pequenas e grandes crueldades infantis que acontecem nos primeiros círculos sociais – normalmente marcadas por mordidas – acompanha os relacionamentos adolescentes na descoberta da afetividade e da sexualidade. E a lista segue. Mas eu digo que mãe é gente, que também precisa “curtir” a vida e rejeito a máxima de que preciso “padecer no paraíso” cumprir minha missão.
Se não consigo me eximir de toda a culpa que acompanha a mulher que se equilibra entre mil e uma funções, aceito minha condição de aprendiz para confessar erros e dizer que faço o melhor que posso. Ainda que possa parecer pouco. Alguns dos meus desafios são não me achar sempre certa; aceitar que, mesmo quando me contrariam, meus filhos têm uma sabedoria inata; abrir mão do controle que só traz frustração. Sendo mãe, me reservo alguns direitos, mesmo que os filhos não os reconheçam. Se me dizem como querem viver, digo pra eles também como quero viver. Falo da lei da ação e reação e tento – com todas as minhas limitações – remediar minhas falhas como amor.
Quando não sei o que fazer ou o que dizer, coloco um filho no colo ou, na impossibilidade do toque, irradio amor. Tenho certeza de que isso é o melhor que eu posso fazer, ainda que seja um amor restrito, limitado, que, muitas vezes, deseja mais a obediência e o cumprimento de seus desejos e mandos do que a troca aberta e verdadeira. Mas isso também é aprendizado e, por tudo isso, me vejo impelida a dar graças. Inquestionavelmente, sou uma pessoa muito melhor por causa desse filho que me deu o nobre título de mãe.

Um comentário:

Silvio Freire disse...

Como sempre, sábias palavras.

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