domingo, abril 24, 2011

Renascendo na Páscoa!

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. (Chico Xavier)
A frase ecoou na minha cabeça neste domingo de Páscoa. É isso que aprendi na minha formação religiosa: todos os anos repetia que Páscoa era um momento de renovação, renascimento, transformação. No ritual católico, passam-se 40 dias em que os devotos se reconhecem com pó (ou, simbolicamente, cinzas) para ressurgirem com Jesus, cuja ressurreição celebra-se na Páscoa. Eu sempre soube disso, faz parte do conjunto de crenças da minha família; mas a verdade é que eu nunca senti no meu coração o que, de fato, isso significava. Hoje, a famosa frase de Chico me parece perfeita. Acreditando ou não na ressurreição, todos temos uma nova oportunidade, todos os dias.
Andei meio na bronca com alguns ritos que celebram as oportunidades de recomeço pela via da culpa. Mas, pensando melhor, deixando a culpa de lado, há muito de verdadeiro no rito das cinzas. Ninguém se transforma sem virar pó e todas as crenças e filosofias repetem a mesma história, à sua maneira. A vida é pontuada de pequenas e grandes transformações. E isso independe das escolhas de cada um.
Penso em mães e filhos. Eles crescem, modificam-se e, com isso, as vidas das mães se transformam. Não há o que se possa fazer a esse respeito. No entanto, há mães que sofrem quando suas crias saem de casa; outras, que se negam a aceitar que as crianças cresceram; entre tantas outras histórias. Mas todas as mães se transformam. O que difere, a meu ver, é o nível de consciência desse processo, que pode trazer a aceitação e, junto com ela, a capacidade de deixar-se conduzir pelo fluxo da vida. Há, em tudo isso, uma inevitável parcela de dor, para os que crescem e assumem suas responsabilidades; para os que se veem obrigados a preencherem suas vidas com novas atividades.
Todos passam por algum desconforto para ingressar em uma nova fase e com outros aspectos da vida, não poderia ser diferente. Um corpo saudável, por exemplo, requer alimentação balanceada e o fim do consumo de alimentos que, para muitos, são fonte de prazer, como frituras, doces e refrigerantes. Quem nunca ouviu frases do tipo: “ficar sem refrigerante, pra mim, é a morte!” Estamos sempre deixando algumas coisas de lado para conquistar outras. E isso é inerente à vida.
No entanto, podemos resistir e manter-nos atados a fases, lugares, profissões que já não nos fazem bem. Escolha? Talvez. Para mim, é tudo questão de consciência. Este sim, o grande “barato” da vida! É ela quem nos conduz, de olhos abertos, pela aventura de viver, fazendo-nos sentir a “dor” da transformação e o imenso prazer de renascer. Então, desejo a você muitos renascimentos, nessa Páscoa, sem medo do “pó”, reconhecendo – de olhos bem abertos – as dores de deixar morrer os aspectos que precisam ser transformados para um glorioso ressurgir! Paz e alegria!

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