sábado, janeiro 08, 2011

Pelas lentes do amor

Tão paradoxal quanto possa parecer, aprendi muito sobre o amor no meu processo de separação, que ainda se conjuga no gerúndio, num bom relacionamento de 22 anos. Amor é aprendizado de vida, inexplicável, simples, complexo e contínuo. Infinito, talvez. O fato é que ao me dar conta do desgaste e da falta de perspectivas do meu casamento, comecei a perceber do que as relações são constituídas e a experimentar o amor de uma forma mais plena e verdadeira, com filhos, amigos, empregados, parceiros, clientes, estranhos...
Não se trata de uma nova relação homem x mulher, visto que esta, ainda que desejável, não ganhou espaço na minha vida, mas de todas as relações que constituem o meu caminho. Percebendo o quanto afeto e sou afetada por todas as pessoas com quem cruzo, incluindo – claro - meu ex-marido, vou aprendendo a amar e respeitar mais cada uma delas.
Os efeitos que tenho experimentado são notórios. Se por um lado, estou tendo que aprender a viver sem a figura do companheiro, para mim, um complemento importante na jornada da vida; por outro, sou capaz de perceber e receber o amor que vem de todas as outras relações com que sou agraciada. Posso dizer que, ao longo do último ano, construí relacionamentos onde não existe o desamor e onde jamais me senti ignorada ou rejeitada. Sou, sim, contrariada, em minhas vontades e escuto, muitas vezes, o que não gostaria, mas nada poderia ser diferente entre pessoas com constituições distintas. Afetamo-nos mutuamente e com respeito todo o tempo, tornando-nos mais completos, compreensivos e, principalmente, mais capazes de amar.
Eu disse distintas? Nem tanto. Considerando que somos todos humanos e que temos como núcleo uma constituição amorosa e divina, encontramo-nos naquilo que temos em comum: nosso amor essencial. E é justamente isso que nos faz capazes de ouvir o que não queremos, mesmo quando o outro vai de encontro ao nosso desejo; superar a dor (ou seria contrariedade?) de não ter a vontade satisfeita e refazer-se a ponto de perceber o amor do outro. Então posso dizer que tenho me sentido muito amada.
No entanto, essa plenitude não me impede de, algumas vezes, chorar porque minhas expectativas não foram alcançadas (quem disse que eram pra ser?), cerrar os ouvidos aos filhos com suas diferenças tão contundentes e duvidar da amorosidade da essência humana, entre tantos outros “deslizes”. Mas tudo bem, porque, como já disse antes, amar é aprendizado (contínuo, talvez infinito)... e perdão, antes de tudo, a mim mesma.

2 comentários:

Li Balbinno disse...

Maravilhoso! Eu sinto orgulho de ter uma amiga assim tão corajosa!
Fui as lágrimas com seu post.
Também enfrentei esse processo de separação e agora o ponto final: o divórcio.
Tão pensando o que? Há de se ter coragem para espalhar tanto perdão. Olhar para dentro da gente sem censura, na tentativa de separar sentimentos tão distintos e ao mesmo tempo tão ligados.
Perdoar é matar uma fome. É alimentar o coração de amor todos os dias.
Amo você minha querida amiga!

Mônica Alvarenga disse...

LI, que comentário lindo! Quando digo pra algumas pessoas que passam por aqui que somos todos um, eu realmente "mean it". EStamos todos muito conectados por nossos sentimentos. E isso, embora muita gente não ouse dizer, é amor, sim.
Um beijo grande pra vc.

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