quarta-feira, outubro 13, 2010

De mãos dadas

Quando o telefone tocava, havia uma novidade. Fosse a roupa nova, o ficante que tinha passado a namorado, o convite pra uma festa, a amiga que havia desaparecido, o namorado da outra com uma outra, numa lista interminável de coisas importantes. O tempo passa, coisas importantes vão sendo substituídas por outras coisas que dizem ser mais importantes e algumas amizades de adolescência vão sendo relegadas à condição de lembranças. Quando eventualmente há um encontro, faz-se uma pausa para o inevitáveis “você lembra” e, depois, a vida segue seu rumo.

O pequeno pode parecer grande, dependendo do enfoque
Alguns desses encontros, no entanto, merecem mais do que uma pausa. Dá-se uma oportunidade para o resgate, não do passado, mas das possibilidades do presente e do futuro. Nesses momentos, mais do que ataque de saudosismo, o que passou serve para reaproximar velhos amigos e criar novas oportunidades de relacionamento para ambos. A alma fica aquecida quando envolta por uma amizade de tempos atrás.

Retomar velhas amizades, poupa-nos os descaminhos e as inseguranças de uma nova relação. Facilita revelações, o compartilhar das angústias íntimas e das alegrias mais genuínas. É mais fácil confessar medos como, por exemplo, aqueles que aparecem a cada nova esquina que surge à nossa frente. Sabemos que devemos avançar, mas o temor diante daquilo que virá nos faz paralisar. Imaginamos um lugar escuro e aterrador, para não ter que enfrentar o novo. Esquecemos, muitas vezes, que, do outro lado, pode estar um dia lindo e ensolarado. Imaginamo-nos sós, quando, além daquele ponto, podemos encontrar outros velhos amigos e alguns novos podem se juntar a nós.

É por isso que hoje me imaginei de mãos dadas com uma velha amiga. Temos uma nova esquina à frente e um medo enorme daquilo que está por vir, mas, de mão dadas, fica muito mais fácil. Fechei os olhos e vi o sol nascendo depois dessa esquina. Não pensei em uma nova rua, mas em uma cidade inteira cheia de encantos para serem desvendados. Cenas para serem fotografadas. Vamos? De mão dadas, é possível enfrentar o medo que nos parece tão gigante, encarar os fantasmas que criamos e chegar aos lugares que sonhamos.

Um comentário:

Li Balbinno disse...

Me vejo sem palavras para descrever o tanto que te admiro!
Obrigada por sua escolhas, por sua amizade, por seu amor ao próximo.
Beijo! Amei o post. Seguimos juntas e de mãos dadas...

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