sexta-feira, fevereiro 12, 2010

"Tem que morrer pra germinar"

Tem que morrer pra germinar. Ia escrever sobre isso depois, mas uma conversa com amigos me fez acelerar reflexões que começaram com a compra de três pares de sapatos em uma semana. Gostar de compras, sapatos e, mais ainda, de liquidações não me distingue de quase nenhuma mulher. Mas eu já havia me prometido que não ia mais embarcar no apelo dos sapatos pela metade do preço que depois empilham-se no meu armário porque não combinam com as roupas ou apertam os pés. Mas, esta semana, não resisti. Meu argumento pra mim mesma foi a promessa de que limparia a sapateira, pra onde corri assim que cheguei em casa. Vi o sapatos velhos e não consegui me livrar de nenhum. Afinal, eles ainda podem ser úteis.
Depois, parei pra pensar na minha dificuldade de fazer escolhas. Assim como todos os sapatos me parecem úteis, acumulo roupas, amizades, hábitos, entre outras coisinhas, que não me servem mais. É apego. Não consigo me desvencilhar facilmente das coisas, elas é que se desvencilham de mim. Preciso limpar a casa, os armários, a vida e fico dando voltas. Talvez seja preguiça, porque cada sapato velho que jogamos fora traz a necessidade de adequação ao novo. Novas formas de uso, novas combinações e o risco daquele sapato desconhecido machucar o pé em algum lugar. Assumir riscos, ainda que seja o de uma bolha, ainda me assusta.
Daí que, quando escutei hoje “tem que morrer pra germinar”, fiquei incomodada. Como a criatura que não se desvencilha dos sapatos vai renascer? Aí as associações começaram: a aparente morte da lagarta, pra virar a linda borboleta; a semente e lá vamos nós numa sucessão de exemplos. Tenho pensado muito sobre isso. Mas morrer? Será que não dá pra segurar um pouco de mim? Eu mesma me respondo: não! Por mais difícil que seja, não há como mudar e ficar igual, crescer e ficar pequeno, numa linguagem meio tosca, mas que – a meu ver - traduz os processos de evolução da vida.
Corro pra sapateira. Será mais fácil começar por eles. Tirei as velharias todas do armário e coloquei num saco. Já encaminhei. Quem sabe o descartar dos sapatos não se irradia para outras áreas da vida? O propósito é o mesmo: sapatos mais novos e bonitos, uma vida mais plena e feliz, trabalhos mais gratificantes e prósperos, equipe mais motivada e integrada. Só não posso dizer que isso é indolor.
* Esse casulo que fotografei já deve ter sido rompido por uma linda borboleta.

3 comentários:

Anônimo disse...

Estava de bobeira na internet e encontrei seu post por acaso, ele me incomodou, mas minha indagação é se eu realmente quero "morrer" para dar lugar a uma vida mais "bonita"... será que valeria a pena tanta dor? Afinal, estamos sempre em estado de mudança, e de certa forma isso se torna um ciclo sem fim, afinal sempre mudamos e voltamos ao mesmo ponto o novo recomeço ou ponto de partida, ou seja, nunca se está contente. Sei que é muito confuso o que eu escrevo, mas é isso que me incomoda..

Mônica Alvarenga disse...

Pena q não deixou seus contatos, mas epsero q volte sempre! Nunca voltamos ao ponto de partida. Como vc mesmo disse, estamos sempre em um NOVO começo, em um novo ponto... A evolução é assim! Quanto a morrer, é sempre necessário. Não viramos adulto sem deixar de ser crianças (embora conservemos um pouco dela dentro de nós) ou como dizem por aí, não se faz omelete sem quebrar os ovos. A escolha é nossa: ficar ou seguir; fazer omelete ou deixar o ovo apodrecer intacto. Um abraço com carinho.

João Paulo disse...

Achei seu post não por acaso, por que não existe acaso nessa vida, e fique a pensar sobre a vida vivida e tudo sobre morrer para que venha renovação, entre o mundo de constaste mudança. É preciso morrer para que aconteça renovação cada dia, queria comentar mais sobre seu pensamento mais paro por aqui...

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