sábado, setembro 10, 2011

Você, você, você, você... sabe o que quer?

"Você quer" é um funk da Mulher Melão.
Quem pergunta ao outro: "Você quer?",
realmente sabe o que quer?
Nos últimos meses, andei experimentando um pouco dos programas noturnos. De um jeito bem inusitado, para quem passou grande parte da vida dormindo e levantando muito cedo, fazendo esportes e aproveitando o tempo ocioso com hobbies, livros e cinema. Adoro! Os dois lados! Sou geminiana e simplesmente sigo aproveitando o melhor que posso das múltiplas possibilidades da vida. No entanto, só agora comecei a notar o quanto é fácil esquecer de quem somos em uma noitada. Já que citei dois exemplos pessoais, explico através deles: enquanto corro, sei exatamente quem sou e, se não sei, há os insights propiciados pela natureza, pelo corpo e pela respiração que vão me conduzindo a esse lugar só meu! Nas festas, há muitos fatores de dispersão e, embora adore muitos deles, tenho que tomar algum cuidado para manter o eixo ou, se perdê-lo for uma opção, recuperá-lo rapidamente assim que possível.
Encontrar e manter este eixo é o que, na verdade, determinará o sucesso das nossas escolhas. O que pouca gente sabe é que esse desfocamento feminino é quase natural, em nossa cultura. Ontem, em um encontro na Bienal sobre mulheres e envelhecimento, Mirian Golndenberg (professora e pesquisadora de questões de gêneros e sexualidade), comparou mulheres europeias às brasileiras. Segundo suas pesquisas, a europeia é mais focada em si desde a juventude, enquanto a brasileira passa boa parte da vida esperando a aprovação, o olhar e o desejo do outro, investindo boa parte de seu tempo e dinheiro na manutenção de uma aparência sedutora. Nas palavras da professora: “sente falta da cantada masculina, ainda que grosseira”.
São fatos, baseados em pesquisas dessa docente da UFRJ. Nem precisei de tempo para me lembrar de algumas das minhas experiências desses últimos meses de mais badalação. Não há como negar que o corpo é um capital importante, especialmente para quem mora perto do mar. Eu, pessoalmente, gosto de me cuidar e me sinto bem fazendo algo que vá deixar minha pele e meu corpo mais bonitos. Também gosto de vestir roupas novas. Mas como todos os importantes limites da vida são tênues, já me vi escolhendo roupas, cores e saltos apenas para atrair o olhar do outro. Seria uma mentira dizer que não gosto de ser desejada. Óbvio que adoro! Mas, se essa busca não passar antes por mim, o resultado é catastrófico: me perco!
E o que parece óbvio, quase me passa despercebido. Saias, saltos, blusas e vestidos devem passar primeiro por nós e pelo nosso jeito único e especial de ser. Sou eu mesma aí na frente desse espelho? À noite, às vezes, vejo meninas e mulheres visivelmente desconfortáveis com seus saltos, sentindo frio (sem confessar), dançando o que não gosta. Está tudo certo! Afinal todas podemos fazer nossas escolhas. A pergunta que me faço e repasso é: “É isso mesmo o que você quer? É isso mesmo o que você é?”. Se for, tudo certo, vamos em frente. Mas, se descubro na produção, nos programas, no que consumo, algo que me causa desconforto e que me faz perder o eixo, é hora de acender a luz vermelha. Para tudo! Preciso cuidar de mim. O resto - a alegria, os bons amigos, o desejo recíproco – será mera consequencia, na vida de qualquer um que sabe realmente quem é e o que quer!

Um comentário:

Hélia Barbosa disse...

Também sou geminiana e me permito essa dualidade, essa constante alternância... com minha essência que se mantém...

Já fiz muita coisa para agradar o outro, mas também tenho uma personalidade bem forte e bem resolvida... não me deixo levar muito pelo pensamento alheio se isso fere as minhas convicções, não!

Bacana o texto!!

Beijão!!

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