domingo, setembro 04, 2011

A distância do outro

Aconteceu comigo, mas é muito mais frequente do que se possa imaginar. Eu não conseguia
tocar pessoas que não fossem da minha família ou de um circulo de amizades muito restrito. No máximo, aquele beijo no rosto bem distante e formal. Nem sei como cheguei a este ponto, porque sempre fui muito afetuosa e carinhosa, mas só notei essa dificuldade quando, grávida do meu terceiro filho, fui procurar um curso de yoga. Meu primeiro mestre foi muito importante na minha vida e talvez ele nem saiba quanto. O tal do trenzinho no final da prática, onde todos massageavam um pouco as costas do companheiro da frente, ganhou uma ocupante cativo na primeira "fila": EU. Depois de conversar com o instrutor, eu aceitei receber o toque, desde que não tivesse que tocar ninguém.
Ele me ensinou a meditar, a acalmar uma mente inquieta demais e me apresentou a um tal
de Osho que falava coisas tão esquisitas que eu torcia o nariz e reclamava de seus
textos. Aquelas ideias não combinavam com minha vida, enquadrada por muitos dogmas e rígidas crenças. Amor permite liberdade e ainda por cima é antagônico ao apego. Essas e outras coisas não faziam muito sentido pra mim.
Os anos se passaram, eu revi minhas ideias sobre Osho. Seus livros viraram companheiros de cabeceira e, por mais incrível que possa parecer, um deles ajudou-me a conduzir meu casamento de forma saudável por mais tempo. Afinal, a liberdade está dentro e não fora de nós e foi assim que eu segui em minha busca, procurando sempre por mim mesma, meu eixo e razão de ser.
Com os muitos companheiros de caminho, fui aprendendo a compartilhar meu amor, minha vida e a abraçar. Descobri que o abraço, o toque são poderosos curativos da alma que, neste mundo, ainda se fere, possivelmente para facilitar alguns aprendizados. Aprendi muito sobre os cinco sentidos que envolvem relações mais profundas e plenas. Hoje, não prescindo do toque amoroso, que vai e vem na mesma medida, em todas as direções.
Às vezes, encontro em casa, paradoxalmente, minhas resistências. Normalmente ao filho que
chegou tarde ou aquele que deixou de fazer suas tarefas. Mas isso também me proporciona aprendizados. O importante é a descoberta dessa incrível troca de energias que está à disposição de
todos nós e que só nos exige o coração aberto. É preciso estar disponível para aceitar o amor que vem de todas as direções. Além disso, é preciso também estar disposto a retribuir, mesmo com muitas limitações, à generosidade do Universo, derrubando, gradualmente, as dificuldades impostas por preconceitos e ideias que nos foram impostas mas que não combinam em nada com a nossa essência. Quando olho pra trás, hoje, vejo o quanto valeu (e continua valendo) cada passo na direção do outro. Agradeço ao meu primeiro mestre de yoga, que começou a me empurrar rumo a uma vida de muitos abraços e mais plena!
Namastê!
O Amor permite a liberdade (texto de Osho)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Compartilhe o que você pensa sobre o que acabou de ler! Ficarei feliz em podermos "conversar" um pouco!

Web Statistics