domingo, março 27, 2011

Na roda das saias

Sempre associei calças compridas a tempo frio. Era a roupa que usava nos dias em que era preciso agasalhar as pernas e, mesmo nesse caso, vestia com moderação. Gostava mesmo é dos shorts e mais ainda das saias. Na minha adolescência, tinha uma vizinha que havia morado parte do tempo em São Paulo. Ela, sim, usava calças em todas as estações: dizia que havia se habituado. Eu não: sempre que podia estava com as pernas de fora.
Saias pra todos os estilos
No entanto, não posso deixar de concordar com a praticidade das calças compridas: levam-nos à qualquer lugar, com a blusa escolhida dando o tom, e sem riscos. Assim, me esqueci do calor e, sem perceber, deixei as saias de lado. As reuniões eram sempre em calças e os vestidos viraram peças raras no guarda-roupa. Os shorts apareciam em casa e nos passeios mais informais, nos dias de muito calor.
Esse preâmbulo todo é pra dizer que, revisando a vida, acabei revisando, também, o guarda-roupa. Na tentativa de resgatar minha essência, senti falta das saias. Há povos ancestrais que dizem que a vestimenta honra a natureza de cada um e que as saias, com sua roda, além de uma representação do feminino, aumentam a conexão com essa energia sagrada. Fui comprando saias e o resultado é que, semana passada, com a queda da temperatura, descobri que não vestia uma calça há, pelo menos, três meses. Até os shorts estão perdendo espaço para as saias no meu dia-a-dia. E as saias têm mesmo algum poder, além do óbvio conforto, sinto-me muito mais feminina e conectada a mim mesma.
De repente, me dei conta de quão fácil é automatizar tudo na vida, incluindo aquilo que deveria ser uma forma de expressão de quem somos: a roupa. Quando consigo sair do automático e fazer de cada momento um instante sagrado, posso tornar o vestir uma forma de aprender mais sobre mim, de comunicar quem eu sou, aos outros e, principalmente, a mim mesma. Se o meu guarda-roupa não me traduz, posso revisá-lo sempre que julgar necessário, e assim estarei me revisando, conectando-me aos desejos, às forças, aos medos e a tantos outros sentimentos que me compõem.

3 comentários:

Silvio Freire disse...

Há momentos para saias, para vestidos, para calças e shortinhos, para bikinis e até para maiôs. E nós homens, que gostamos de mulheres, também gostamos dessa variedade.
Gostei do post.

J.L.Tejo disse...

A saia é um símbolo do feminino. E isso atrai a nós, do masculino, como disse o amigo Silvio Freire acima.

Mas, o importante mesmo é a pessoa -mulher ou homem- se sentir bem, se sentir à vontade com o que veste e como veste.

Valéria disse...

O automático é involuntário e não nos traduz... Você tem toda razão. Parabéns!

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