sábado, abril 09, 2011

Zona alvo ou zona de conforto?

Paisagem do meu percurso: um céu que conversa comigo.
Cansei da falta de empenho em retomar a atividade física. Sou filha de professor de Educação Física e praticar esporte, na minha casa, nunca foi opcional: “Faz bem pra saúde e pronto!”. Em meio a um ciclo de grandes mudanças que exigem muito de mim em todos os aspectos, tinha certeza de que a corrida podia ser uma grande aliada. Estava certa: posso treinar a qualquer horário; me obrigo a ficar ao ar livre, respirando a brisa do mar e absorvendo a energia do sol; recebo boas doses de endorfina; e queimo calorias, o que é sempre bom! Só não contava que meus treinos se transformassem em um novo desafio na minha vida.
Desde o início, quando procurei um amigo profissional de Educação Física, com experiência no treinamento de atletas, para preparar o meu treino, sabia que teria que exercitar meu ponto fraco: a disciplina. Mas há muito mais nesse programa de corrida do que eu poderia supor. A cada dia que concluo o treino, sinto que superei alguma coisa. Um dia é o mau humor, outro uma preguiça enorme, ainda tem o cansaço, a falta de tempo, os apelos dos programas de fim de semana que fazem com que pareça impossível parar por uma hora, os imprevistos do trabalho... A lista é enorme, mas há 60 dias supero isso tudo para correr quatro vezes por semana.
Já houve dias em que saí de casa chorando e voltei sorrindo; muitos, em que, olhando pro céu ou pro mar, agradeci ao Universo por poder usufruir daquele momento; outros em que tive alguns insights para problemas pessoais ou profissionais. O trabalho emocional (ou talvez espiritual) que faço em paralelo ao físico é tão intenso que desacostumei a usar fones de ouvido. Semana passada, resolvi levar o MP3 e desliguei-o no meio do percurso. Bastavam-me os meus ruídos internos e os sons da natureza.
Desafio maior, no entanto, é me manter na tal da Zona Alvo. Como acredito em sinais, sincronicidades, ressonância, entre outros conceitos afins; vejo aí outro desafio, que também extrapola e muito os meus treinos. Percebi isso quando o amigo treinador, disse que estava na hora de fazer um novo teste. Que incômodo! Cheguei a ter medo do que a esteira e o frequencímetro pudessem revelar. Na verdade, meu desejo, aqui como na vida, era voltar a me acomodar. “Deixa ficar mais confortável, pra mim”, pedi. Ele não entendeu o que era, na verdade, uma súplica e disse: “o corpo se adapta muito rápido no ritmo em que você está”.
Ainda não fiz a tal revisão da minha zona alvo. Estou mesmo querendo chegar a minha zona de conforto. No entanto, percebo que há um movimento alheio a mim, mas do qual faço parte, que está impelindo muita gente a novos caminhos. Desconstruir para construir parece-me quase um mantra para muitos. E quando se está chegando no que se imaginava o fim, surge algo novo para ser construído, que se traduz por uma ação, um desafio, um empreendimento, uma superação. Parece que o Universo está com pressa e se tem alguém disposto a seguir seu fluxo, ele não se faz de rogado e sai levando. Por isso, já sei que não vou fugir e em breve estarei reavaliando o alvo do meu treino, assim como tenho, constantemente, reavaliado os demais alvos da minha vida.

2 comentários:

Silvio Freire disse...

Minha sensação é a de que estou sendo cobrado pelo Universo (ou pelo Alto), que não me deixam ao menos passar perto de uma zona de conforto. Percebo que é hora de cumprir as tarefas (com)prometidas em alguma fase da minha existência e que talvez tenha estado empurrando com a barriga nesta e em outras vidas. Somos todos companheiros de jornada e, mesmo distantes, seguimos uma consciência coletiva, pois o alvo é coletivo. Acredito que "sonhos não envelhecem", como cantaram Milton, Lô e Márcio Borges, mas às vezes sinto pena de prorrogar um ou outro que rolava na mente com prazer e cuja realização está se tornando difícil.
Mas, seres eternos, teremos novas chances de retormar nossos sonhos.

Mônica Alvarenga disse...

Querido, sinto exatamente como você e parece que compartilhamos esse sentimento de fato com muita gente... É hora de correr atrás do prejuízo... rsrs A grande vantagem é que, neste momento, esse mesmo Universo que nos manda tantos desafios, manda-nos também muita ajuda. Ela chega de todos os lugares! Grande abraço.

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