terça-feira, janeiro 08, 2013

Quando os olhos falam

Olhares... tão particulares!

Meus olhos falam. Mesmo quando eu não quero. Eles me denunciam covardemente, a ponto de um cliente mais atento perceber meu desagrado diante de uma decisão, ainda que tente disfarçar. Não é privilégio meu. Todo mundo sabe que os olhos são o espelho da alma e tantas outras coisas que enjoamos de escutar. Talvez, por isso mesmo, sabedores que somos de que os olhos falam por si, rejeitemos o olhar para não correr o risco da delação dos nossos desejos e sentimentos mais íntimos.
Evitamos, pois, o olhar. E olho no olho é coisa mútua. Não adianta oferecer sem receber de volta: é ato regido pela reciprocidade. Desvenda a alma do seu dono se sente-se percebido e confiante.
Passamos os dias evitando olhares. Ainda que sem sentir. Cumprimentamos, conversamos e nos expressamos das mais diferentes formas durante toda a nossa existência, mas muitos recusam o olhar. Por desconfiança. Quem confiaria num delator? Mas não é bem assim! O olhar é, na verdade, generoso e esperto. Se delata a alma, sua dona, é porque busca outra alma para trocas. Desvenda também a outrem.
Não nego que tudo isso é assustador. Num mundo de tantas máscaras sociais, como oferecer-se sem elas a alguém? O olhar faz isso e derruba máscaras. De minha parte, regojizo-me quando vejo olhos falarem. Pra olhos que falam, a boca emudece sem desconforto. Sabe, sabiamente, que é incapaz de traduzir uma alma com palavras. É preciso mais, um quê de nuances e cores que vão se mostrando de acordo com os sentimentos de uma alma. Por isso, todo o meu ser comemora quando olhos falam. E, hoje, os seus falaram!

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