Preciso descobrir que
animal é esse que me acorda de madrugada com o seu som. Acho
engraçado.
Pássaros do meu "quintal" |
Curiosamente, no
momento em que experiências vividas passam por mim para encontrar
seu lugar, liberando-me para viver o presente, volto-me para a minha
ancestralidade. A vida é circular. Reconhecer a importância de cada
pessoa que me antecedeu em minha árvore genealógica me dá uma
dimensão maior de mim mesma. Sinto a força de pertencer a um grupo
familiar e segurança para alçar voos mais altos: a qualquer momento
posso voltar às raízes. E sempre volto.
Tenho vivido cada dia
de minha jornada intensamente. Não desperdiço um. Nem que a escolha
de um determinado dia seja perceber, reconhecer, acolher alguma
resistência ao novo que se apresenta sempre, ao medo diante do
desconhecido, à raiva oculta e outras tantas emoções que fazem
parte da minha vida. Às vezes, vai-se o dia sem que dê conta
daquela emoção. Durmo com ela. Não há jeito. Posso acordar e
encontrá-la no mesmo lugar. Ou não. Há emoções que
misteriosamente diluem-se na noite, enquanto durmo. Nada é perda de
tempo porque tudo sou eu. E se volto ao ponto de onde saí, sinto
gratidão, porque desse ponto descubro o quanto percorri. É como
voltar pra casa, nesse caminho que faço dentro e fora de mim.
Eu não sabia que havia
escolhido um período sabático. Podia tê-lo aproveitado melhor,
tivesse eu dado-lhe este nome. Palavras mudam a vida. Agora sei
disso. Chamei-o de período de transição e tomei-o para mim de
forma mais dura do que precisava. Não vou dizer deveria. Porque, em
se tratando de vida, “dever” não me parece o melhor verbo. Nem
sempre dou conta, com meu corpo e minha emoção, do “dever”.
Quando continuo achando que “devo”, o que posso me parece tão
pouco. Fiz o melhor que pude ou o melhor que quis, e, se resisti quando poderia
simplesmente deixar fluir e aproveitar, talvez tenha sido para
experimentar outros sentimentos e colecionar maior diversidade deles.
Todos ajudam imensamente no trabalho que conduzo hoje.
Agora, ao som das
cigarras, que parecem ter substituído o misterioso e barulhento
pássaro, agradeço. Só descobri meu sabático quando ele parece
estar chegando ao final. Sinto-me iniciando uma nova fase, uma nova
jornada. E me dou conta de que, de novo, não há nada de novo. De
verdade, recomeço todos os dias. Pena que, em alguns dias, tão
envolvida nos “deveres”, nem me dê conta das novidades que a
vida me traz. Como não me dei conta do sabático. Por isso escolhi
abrir os olhos e escrever. Não queria correr o risco de deixar essa
sinfonia passar despercebida, tornar-se irrelevante. Estão todos
acordados: amanheceu e, além das cigarras, outros tantos pássaros
juntam-se à sinfonia. Agradeço, desperta, ao Universo generoso. A
maior beleza de fazer o que posso é que as possibilidades são
sempre infinitas e, a cada dia, posso descobrir novos “poderes”.
Bom dia!
2 comentários:
Adorei!
A gente passa por coisas, tempos que precisam de um nome para fazer sentido. Nossa necessidade em explicar tudo com detalhes. Estamos juntas. Não sei o nome de tudo. Isso hoje, pouco me importa.
Beijos!
Postar um comentário
Compartilhe o que você pensa sobre o que acabou de ler! Ficarei feliz em podermos "conversar" um pouco!