domingo, agosto 28, 2011

Aprendendo a conviver comigo mesma

Alguns dos meus novos cremes
Cheguei em casa cansada e encontrei a casa vazia. Dizem que quem tem três filhos nunca fica só! Não é o caso! É uma situação tão nova para quem há pouco tempo tinha outra estrutura familiar e os filhos menores. De repente, senti uma enorme solidão. Estava só porque os três tinham ido pra casa do pai jantar e dormir. Demorou pouco pra me lembrar de que solidão é, na verdade, um estado de espírito. Não foram poucas as vezes que havia ficado sozinha anteriormente, por outros motivos. A diferença era que agora havia uma nova percepção da vida e nesse novo pacote, solidão tem chifre e cara feia, até a gente se dar conta de que isso também é fantasia.
Aquela história de que nunca estamos sós é a mais pura verdade. Estar só, agora sei, é uma questão de escolha. Ou de comodidade. Porque há sempre, em algum lugar, um amigo disposto a emprestar ouvidos, dar colo ou conselhos, que a gente sempre escuta somente se quiser. “Sai de casa. Vai pro bar, pro cinema, pra boate, pra qualquer lugar. Espanta a tristeza que ela vai embora.” “Essa fase é uma droga mesmo. Toma uma remédio e dorme que daqui a pouco isso passa.” Os conselhos são de todo tipo e alguns me fazem rir e isso já é suficiente para mudar a vibração do momento, se ela não estiver boa.
O melhor que eles dão é mesmo afeto e carinho num momento mais crítico em que acreditamos que os monstros da nossa fantasia têm, de fato, chifre e cara feia. Essa energia que eles enviam quando a gente fraqueja, chega mesmo de longe, porque a energia vem em ondas de qualquer lugar.
Mas nesse dia, não precisei de muito tempo para ter a certeza de que naquele momento em que estava sem os filhos, não estava só e de que podia escolher entre muitas coisas. Acabei optando por uma banho delicioso, com um monte de coisas cheirosas que tinha acabado de comprar e isso me fez feliz. Felicidade também é uma questão de escolha!

terça-feira, agosto 23, 2011

Você ficaria feliz com a "pessoa amada" em suas mãos?

Pule sete ondas, acenda sete velas, tome banho em sete cachoeiras e ao fim de sete dias terá a pessoa amada em suas mãos. Você acredita mesmo em receitas milagrosas? Vamos supor que isso aconteça e que, de fato, você consiga o seu intento. Já se perguntou se a pessoa amada estaria feliz em suas mãos? Pois é, felicidade não é restrita, ela se transforma e faz bem quando compartilhada. Felicidade em pacotes pra um não existe: é invenção de quem olha só pro seu umbigo.Está certo que ninguém depende do outro para ser feliz e que a felicidade está em coisas tão simples como morder uma maçã fresca e suculenta, mas uma vez que ela chegue ao seu coração ela transborda para quem estiver do lado. E o contrário também é verdadeiro. Quem não experimenta a felicidade, oferece ao mundo outra qualidade de sentimentos, e assim, vai formando sua rede social.
Voltando à “pessoa amada”, será que alguém acredita que a felicidade está em ter o outro em suas mãos? E que isso bastará para que alcance a plenitude? Será que alguém pensa que, numa relação a dois, o que vale pra um não vale pro outro ou que um pode ser feliz sem o outro? Já ouvi a frase : “O meu amor é suficiente para os dois.” Fiquei apavorada. De minha parte, quero experimentar relacionamentos transbordantes, em que sentimentos e emoções possam ser ofertados por livre e espontânea vontade, generosamente, por ambas as partes. Sabe aquela história em que ninguém pode ocupar seus espaços vazios, a não ser você mesmo e, aquela outra que diz que, uma vez plenos e conscientes de nós, podemos simplesmente somar com o outro, em vez de tirar dele o que precisamos para nós?
Não sou boa de contas, mas entre soma e subtração, prefiro a primeira. Estou certa de que qualquer relação só vale se for boa e prazerosa para todos os envolvidos. Caso contrário, uma das partes estará transbordando de energias nocivas e todos perderão a grande chance de aprender, aproveitar e, palavra de que mais gosto: usufruir da presença mútua. Não estou julgando os que fazem suas opções e trilham caminhos diferentes, mas “felicidade só pra mim” chama-se prazer egoísta, dura pouco e depois que passa deixa na boca gosto de ressaca.
Eu quero felicidade pra todos, com muita partilha de vida que inclui tudo o que me constitui e que vai além, mas não dispensa o prazer e o fruir. Mas, se mesmo assim, o que você deseja é a pessoa amada em suas mão, nem pense em experimentar a receita do primeiro parágrafo porque correrá o sério risco de precisar de sete vidas para alcançar o resultado esperado!

sábado, agosto 13, 2011

Compromisso com a felicidade

Há coisas na vida que são mágicas, se não a vida toda, cheia de probabilidades e surpresas. Uma delas, propiciada pela tecnologia, é a possibilidade de escrever, publicar e interagir com as pessoas que leem o que escrevemos, através da internet. O blog, pra mim, é uma dessas mágicas. Sabemos que um texto, depois de publicado, segue seu destino e ganha vida própria. E assim, um comentário que recebi esta semana de um texto publicado em 2009 sobre relacionamentos e expectativas, me colocou pra pensar num momento bem oportuno da minha vida.
Na oportunidade inequívoca de aprendizado que representam os relacionamentos, é quase impossível não se deparar com as expectativas. Uns mais, outros menos, poucos nunca. Em algum grau, nos pegamos esperando algo do outro que ele não pode dar. E, na maioria das vezes, esquecemos de dizê-lo, perdendo a chance de administrar nossos sentimentos e de aprofundar um relacionamento pelo diálogo.
Hoje, percebo em amigos de todas as idades e gostos, e até em mim mesma, o receio de lidar com o compromisso com o outro. Nas letras das músicas que meus filhos escutam, há muitas menções a relacionamentos baseados no prazer, no momento, na atração, e tudo isso está muito bem. Eles acham muito divertido e, não vou negar, eu também. Mas aí está uma grande armadilha para nós, seres humanos de todas as gerações.
Levados pelas frustrações que nós mesmos buscamos através das expectativas, especialmente daquelas não declaradas, e por modelos de relacionamentos calcados no controle e na posse, criou-se o “modelo” da aversão a compromissos. Então, poucos “têm” um namorado ou uma namorada, porque, de alguma forma, descobriram que isso não é coisa que se “tem” mesmo. Num relacionamento saudável e satisfatório não se tem registro de posse do outro. Por outro lado, poucos “são” namorados e namoradas, no melhor sentido que essa palavra pode ter: o de, segundo o Aurélio, “cortejar e inspirar amor”.
Relacionamentos não têm regra, e eu torço para que meus meninos entendam isso logo! Eu já travei meu compromisso comigo e com a minha felicidade. Sem modelos e, justamente por isso, avessa a um ou outro padrão. Caso contrário, na justa busca por uma vida mais plena, corro o sério risco de enfiar-me em outra prisão, aquela que, hoje, dita como os novos relacionamentos devem ser. Não posso negar que as músicas que meus filhos cantam grudam na cabeça e são ótimas, em algumas situações, para dançar. Mas elas não são meu modelo de vida, e espero que não sejam o deles também! Vou desviando dos padrões e buscando relações genuínas, em sintonia com a minha essência. Agradeço, e muito, ao Universo, cada oportunidade de aprendizado que as pessoas que cruzam meu caminho representam.

domingo, agosto 07, 2011

Amor em gotas

As lágrimas escorriam. Eu não conseguia saber exatamente porque. Não eram lágrimas de hoje ou de ontem, mas de muitos, muitos anos atrás. De gerações anteriores, talvez. Pensei em tantas outras mulheres, companheiras do hoje e ancestrais dos tempos mais remotos. As lágrimas eram de todas nós. Não havia culpados, mas assim mesmo eu precisava me perdoar. Era o melhor que podia fazer por mim. Perdoar a mim, pedir perdão ao outro. Fazer diferente de tudo o que me ensinaram ao longo desta existência. O que eu queria era acessar um conhecimento adormecido há séculos, e que, naquele momento, seria curativo e um grande mentor.
Do que estou falando? De relacionamentos: a maior oportunidade que o Universo nos concede de evolução. Em se tratando de homens e mulheres, muitos de nós estamos ainda no primitivismo. Imersos em carências e padrões, esquecendo o tempo todo que, se a razão nos diferencia de todas as demais espécies, é a capacidade de amar que nos iguala, e que a junção dos dois nos torna singulares.
Está certo que não é fácil. Homens caçam, mulheres cuidam. Homens focam e lançam setas ao alvo, mulheres espalham-se e multiplicam-se. Homens ejaculam, mulheres acolhem. E sempre foi assim, certo? Talvez. Se os papéis se misturaram em relação a todas as atividades, em relação à biologia humana, mulheres continuam acolhendo, parindo, amamentando, pelo menos até onde eu sei. Porque nunca se sabe quão longe a ciência pode nos levar. Pode ser que, por isso mesmo, continuemos acreditando em histórias de que deveríamos desconfiar, esperando telefones tocarem, querendo ser carregadas no colo.
As lágrimas continuavam a escorrer. Não escolho mais caminhos fáceis. Se há a oportunidade de aprender, eu me entrego e sigo em frente. Não quero a experiência de ontem, quero o resgate do essencial, do que existe de mais humano e genuíno em todos nós. Quero o amor, que começa dentro de mim. E isso me parece ao mesmo tempo tão ancestral e futurista. De repente, paro de chorar. Escrever é minha cura, e amar é meu dom. A energia que me chega é tão intensa que sorrio, como que em meio a uma chuva de pétalas rosas. Na cama em que escrevo, elas caem apenas sobre mim, enviadas pela generosidade do Universo. Tenho muito a aprender, lágrimas pra derramar, mas uma infinita capacidade de amar.
Não sou de muitas regras, que não aquelas que sinto no meu coração: este centro de força – localizado no centro de peito. Ele me restaura, me energiza, me transborda. É ele quem me comanda agora e me transporta, como num filme de ficção, a um lugar tão sereno e amoroso que as lágrimas escorrem novamente. Choro, de gratidão e amor. Experimento extremos na loucura mais saudável que o ser humano pode ter: a de amar. Sinto-me curada e em profunda paz. Transbordo de amor infinito e, em unidade com muitas outras mulheres, seco as lágrimas de tantas outras que amanheceram com os olhos inundados porque esqueceram que, acima de tudo, está o seu dom de amar. E que este dom começa dentro de cada uma de nós estendendo-se ao infinito, resgatando gerações passadas e futuras.

sábado, agosto 06, 2011

Mais um dia de Alice

O coração acelera, o estômago parece que tranca, a mente divaga e o foco fica quase impossível. Acontece, às vezes. E ontem foi a minha vez. Não consegui deter o turbilhão de emoções que encheram meu dia. Era inútil a tentativa de controlar, entender e compreender o que se passava. Tudo o que aconteceu no meu dia ontem era muito intenso e diverso. Eu, tarefeiramente, tentava organizar e enquadrar o que acontecia. Não adiantou, como jamais adiantará qualquer tentativa de racionalizar o fluxo da vida.
O resultado foi desastroso. Exauri ao final do dia. E custei a entender que precisava ficar só, quieta, e dormir. Nem tudo o que é bom é fácil, como nem tudo o que é difícil é ruim. No entanto, a nossa mente faz uma grande confusão e muitas associações que redundam em esgotamento e sofrimento inúteis. O caminho do conhecer a si mesmo é longo e, muitas vezes, paramos em algum ponto, como Alice (aquela do País das Maravilhas), perguntando para onde vamos. Sabemos o caminho, mas são tantas coisas acontecendo simultaneamente, que no esforço de compreender, nos perdemos. E o que perdemos não é, de fato, o caminho. Ele sempre estará lá. Caminhos não saem do lugar. Na verdade, perdemo-nos da nossa “mente que sabe” ou sabedoria interior ou o nome que preferir para designar nossa essência, que é divina, amorosa, curadora e dotada de um conhecimento muito superior aquele que conseguimos controlar, escrever, enquadrar.
Pensando bem, ontem tive meu dia de Alice, encolhendo e crescendo muitas vezes durante um só dia, encontrando pessoas de todo o tipo dentro e fora de mim, rainhas boas e más. Foi, sem dúvida, um dia de Alice, onde tudo que se atropelava poderia ter simplesmente passado, não fosse minha necessidade de explicar, entender, reter. Ganhei pouco, nesta tentativa; e fiquei com a exaustão de ser. Hoje, estou sob meus cuidados, me receitando coisas que equilibram e fazem bem. Vou manter, à minha volta, pessoas que entendam que, como no conto de fadas, interessante e desinteressante, sonho e realidade, são, no fundo, a mesma coisa ou, talvez, absolutamente nada!

- O que você sabe sobre esse caso do roubo das tortas? - perguntou o Rei para Alice.
Nada – respondeu Alice.
Absolutamente nada? - insistiu o Rei.
Absolutamente nada – confirmou Alice.
Isso é muito interessante – disse o Rei, virando-se para os jurados.
Eles estavam justamente começando a anotar isso nas lousas, quando o Coelho Branco os interrompeu.
Desinteressante é o que vossa majestade quer dizer (…)
Desinteressante, é claro, foi o que eu quis dizer – corrigiu-se o Rei rapidamente. Depois continuou repetindo para si mesmo em voz baixa: interessante... desinteressante... desinteressante... interessante... - como se estivesse tentando avaliar qual palavra soava melhor.
Alguns jurados anotavam interessante e outros desinteressante. Alice pôde perceber isso (…) “Mas isso não faz diferença nenhuma”, pensou.
Alice no País das Maravilhas
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