segunda-feira, abril 23, 2012

Sem palavras...

Essa foto só foi possível, porque, ao meu lado, havia um
 parceiro que buscava me proporcionar uma experiencia inesquecível! 
Está tudo bem, subir, descer, vou pro barco, olhe, pare, entre tantas outras frases são ditas debaixo d'água sem palavras. Os gestos são a forma de comunicação dos mergulhadores. O aprendizado começou por aí. Eu queria falar, às vezes, gritar, chorar, fazer caretas e tinha que me restringir aos gestos. Na maioria das vezes, o jeito para não ter que ir à superfície, era respirar, olhar para dentro de mim e simplesmente usufruir daquele momento. E esse foi só o início de um final de semana que eu pensava ser somente destinado ao aprendizado de técnicas de um curso básico de mergulho.
As aulas que aconteceram em 3 dias de muitos mergulhos me mostraram que há muito mais sob a água do que eu poderia supor. Não bastasse a beleza exuberante da vida marinha, o ritmo próprio e dinâmico que todos os seres sob a água têm, havia uma das regras básicas do mergulho autônomo a serem respeitadas: ninguém deve mergulhar só! Esse exercício, por si mesmo, já torna um ser humano mais atento aos demais seres vivos de sua própria espécie. Atenção ao ritmo do outro, generosidade para abrir mão de alguns interesses em prol da dupla, disponibilidade para não pensar em mais nada além do companheiro se este estiver em perigo, compreender o outro por gestos, olhares e outros códigos que vão surgindo com o tempo, são alguns fatos dessa experiência que pode e deve ser reproduzida for a d'água.
No fundo do mar, sob as bençãos da energia rege os oceanos, não há duas pessoas, mas uma dupla de cuja interação depende o sucesso do mergulho. Naquele espaço sagrado, onde, muitas vezes, consegue-se esquecer os danos causados por nós mesmos, os homens, à natureza; dois viram um facilmente quando entregam-se à natureza reconhecendo-a como parte de si mesmos. Diante dos espetáculos oferecidos pela Mãe Terra, lembro sempre que sou parte de tudo o que presencio e experimento e agradeço pelos aprendizados que vem, como dizem nossos amigos lakotas, de todas as minhas relações! Aho MITAKUYE OYASIN!

segunda-feira, abril 16, 2012

As flores

Era uma das rotinas na casa daquela mulher. Todas as semanas, no mesmo horário, uma carro da floricultura da cidade estacionava em frente ao portão. O entregador saltava, tocava a campainha e a empregada da casa recebia rosas vermelhas e lírios brancos que se juntavam a algumas folhagens do quintal para formar belos arranjos. Na maioria das vezes, as jarras eram enfeitadas pela própria dona da casa. Era realmente um grande prazer entrar naquela casa, onde tudo era arrumado com muito gosto e as flores davam um toque especial com suas formas, cores e aromas.
Passaram-se os anos, a floricultura da cidade fechou, a empregada que recebia as flores no portão resolveu mudar de emprego e as flores deixaram de adornar aquela casa. Não se sabia o real motivo, pois na cidade vizinha havia uma outra loja de flores que bem poderia fazer o serviço. A empregada recém-contratada também poderia continuar a receber as flores no portão. Mas nada disso aconteceu. A casa ficou sem as flores.
Não que não houvesse capricho na sua arrumação. Tudo continuava em seu devido lugar, mas ao mesmo tempo algo mudara. Qualquer pessoa acostumada a frequentar aquela casa, na época em que as flores chegavam semanalmente, notava a diferença. Tudo estava mais triste. Era como se parte da vida tivesse saído pelo portão. Assim, passou-se muito tempo e eu não saberia dizer quanto, porque nessa matéria, dias podem ser anos e anos viram dias, facilmente.
Foi uma surpresa para os vizinhos, e para própria senhora, quando um carro de floricultura estacionou em frente ao portão. De dentro dele, saiu um rapaz que carregava uma linda cesta de rosas vermelhas, como aquelas que um dia enfeitaram regularmente a casa. Entrega feita, recebida pela própria dona. Havia um cartão, mas nunca se soube o que estava escrito nele. Talvez o responsável por aquilo que certamente seria um presente também jamais tenha sabido dos efeitos reais do seu agrado. A alegria da senhora foi óbvia, mas não se pode dizer o mesmo sobre o que aquele arranjo representou.
Recuperar a alegria das flores na sala, o ritual da entrega no portão, trouxe de volta todos os sentimentos que fizeram com que o serviço da floricultura fosse mantido por tantos anos. Não seria difícil retomar. Havia telefone e endereço naquele belo arranjo e este detalhe não escapou à senhora, que retirou a etiqueta cuidadosamente do arranjo e guardou-a com cuidado na gaveta próxima ao telefone. Seria muito útil na próxima semana, quando as flores começassem a perder a sua vitalidade. Quanto à pessoa que enviou o presente, dessa nunca se teve outra notícia, que o cartão, guardado em algum lugar da casa, novamente florida!

domingo, abril 08, 2012

Amor próprio de Páscoa pra mim e pra você!

https://www.facebook.com/lucianaluna.bolosartisticos
Às vezes, acho que a vida prega peças e que alguém, em algum lugar, sorri quando alguns dos meus planos desfazem-se pela vida, especialmente os do campo afetivo. Para falar a verdade, quando consigo deixar de lado as expectativas, até eu sorrio e acho mesmo graça das improbabilidades que eu teimo em transformar em certezas. Mas como também acredito que nada acontece por acaso, sigo confiante de que há um propósito escondido em cada acontecimento. Na área afetiva, entre tantos encontros e desencontros, sempre achei que o Universo tinha planos muito nobres pra mim, mas me aborrecia porque nenhum deles satisfazia os meus caprichos.
Hoje, lendo uma coluna sobre o “vazio do amor próprio” no jornal, me dei conta do quanto progredi em relação a mim mesma. Continuo perdida entre encontros e desencontros, aproveitando os aprendizados de cada experiência, mas há algo diferente em mim. Já não me importo se aquela companhia potencial, ideal na minha fantasia, perde para sempre o número do meu telefone e nem responde quando timidamente digo “oi” no Facebook. Há algo, hoje, que me faz escolher o que parecia inusitado há algum tempo atrás. Nunca pensei em declinar o convite para uma balada para ficar em casa com meus filhos num sábado a noite, mas aconteceu!
Se aquela companhia, que parecia tão agradável na madrugada de sexta, desapareceu, com certeza não é tão bacana assim. Claro que ainda faço birra, especialmente quando minha criança mimada se revela, e diz “quero porque quero”. No entanto, entender que caprichos, mesmo quando realizados, não dão conta de me fazer feliz faz parte desse pacote novo que vejo crescer em mim. Tenho certeza que o propósito do Universo tem a ver com essa coisa maravilhosa chamada amor próprio. Sinto, agora, que cada encontro é uma celebração da vida, minha e do outro! Não preciso, mesmo, de alguém que me complete ou que faça algo por mim: quero apenas estar ao lado de pessoas que possam desfrutar da vida tanto quanto eu, busquem o seu próprio caminho e celebrem, ao meu lado, cada minuto de vida que nos é concedido.
Desejo uma vida leve, simples, onde qualquer relação seja importante pelo que oferecemos um ao outro, pela verdade das intenções, e não pelo tempo de duração ou pelas mensagens e telefonemas das semanas seguintes. Afinal de contas, não é a quantidade que torna os contatos relevantes. Quando a sementinha do amor próprio vai florescendo, o “follow up” das relações torna-se desnecessário e a caixinha particular de fantasias e expectativas fica guardada com os brinquedos daquela criança mimada e birrenta, que vai aprendendo que, para amar, de fato, alguém, é preciso, primeiro, conhecer o verdadeiro amor por si mesmo! Um domingo de Páscoa com muito amor próprio pra você!

sábado, abril 07, 2012

Só porque acordei feliz!

Hoje acordei feliz e precisava contar isso pra você. Não que eu precise que se orgulhe de mim, mas porque sempre acho que a felicidade compartilhada cresce e fica mais vistosa e mais sentida. Não pense que a compartilho hoje porque é coisa rara que ela amanheça comigo. Nada disso; é bem ao contrário. Esse é um sentimento que me tem sido muito comum. Está certo que continuo com aqueles momentos em que choro, bato o pé e peço a gentileza de um colo amigo, mas eles não desmerecem nem atenuam o brilho desse estado de ser que me pertence agora.
Tenho um amigo, que você não conhece, que acha graça quando falo de felicidade e me associa, de forma zombeteira, a escritores de autoajuda. Eu não ligo. Acho que sou um pouco assim mesmo, mais pela beleza da vida do que pelas lentes com que escolhi enxergá-la. Aliás, “escolher” é mesmo a palavra chave desse meu estado de espírito que não passa! Quando vejo que a minha conta bancária encolheu ou quando me sinto só e acho que estes são motivos para meu aborrecimento, sinto que tudo o que experimento é fruto de minhas escolhas e isso de alguma forma me deixa muito feliz.
Afinal, escolher não significa, de forma alguma, acertar sempre. Nem saberia dizer se mais acerto ou erro, mas o que sei e o que me faz feliz é que escolho. Escolho por mim mesma e assumo todas as consequencias das minhas escolhas, ainda que algumas sejam mais difíceis de aceitar. Sou responsável por minha vida, tanto quando você é responsável pela sua. E isso me tira todas as chances de ser vítima de alguma situação ou de alguém. Escolho a todo momento, inclusive agora, quando decidi compartilhar o que sinto. Não estou rindo às gargalhadas, tenho muitas coisas a fazer, engordei dois quilos, tenho roupas pra lavar, mas consigo sentir o coração cheio, pleno. E nele, “que não é tão simples quanto pensa, cabe o que não cabe na despensa...” Um beijo e um dia amoroso ê feliz pra você também!
Web Statistics