Depois do primeiro banho... |
Nasceu Flora! Filha de
sobrinha por afinidade e não por consaguinidade, ocupou um espaço
no meu coração que sequer sabia existir. Bastou vê-la para que ela
marcasse território como minha sobrinha-neta e me relembrasse que
amor não depende de regras, de condições, de permissões e pode
ser renovado todos os dias. Ainda na barriga da mãe, sentia, daquele
jeito que as mulheres sentem sem explicar como nem porque, que ela
viria ao mundo tranquilamente, de um jeito que só ela sabia como
seria. Pois bem, a mãe aguardou pacientemente umas duas semanas,
depois de um alarme falso, o tempo da menina. Vieram as primeiras
contrações, a confirmação do início do trabalho de parto, a
internação marcada para 20h para acompanhamento pela obstetra e...
a mãe foi para sala de parto às19h25m e Flora nasceu às 19h35m do
dia 1 de outubro! “Parto meteórico”, conta a mãe.
Eu fiquei maravilhada!
Minha sobrinha havia sido agraciada com um parto maravilhoso, tão
rápido que mal teve tempo de sentir dor. Por pouco a obstetra perde
a chance de acompanhar o nascimento. No dia seguinte, ambas estavam
ótimas e a mãe, se não havia conhecido “sofrimento” do parto,
também foi poupada de dores no pós-parto. Eu vibrei: tive três
filhos e nunca consegui ter um parto normal. Quando engravidei do
primeiro filho, achava que parir era uma coisa tão natural que
poderia fazê-lo assistida por qualquer médico. Assim foi que não
valorizei a escolha do obstetra e acreditei cegamente quando a médica
disse-me que não poderia ter o sonhado parto normal e agendou a
cesárea de acordo com a disponibilidade de sua agenda.
Descobri depois que a
história talvez pudesse ter sido diferente, mas conformei-me porque
amamentei meus três meninos que nasceram com muita saúde! Minha
sobrinha foi mais esperta e me colocou a par de algo que desconhecia:
o quanto é difícil arranjar um obstetra que trabalhe pelo plano de
saúde e que faça parto normal. Passou por vários médicos, até
achar uma profissional em que tivesse confiança e que trabalhasse
respeitando o tempo da vida que suas pacientes gestam. Optou por
atendimento particular. Parir, pelo visto, não é mais tão natural,
pelo menos aqui no Rio.
Fui visitar Flora na
clínica e saí de lá pensando em meu primeiro parto. Se minha
sobrinha, inteligente, advogada, não perguntasse aos médicos que
visitou, na primeira consulta, a real disposição deles para fazer o
parto normal, talvez tivesse perdido a chance de ser abençoada com
esse parto “meteórico”, saudável pra mãe e filha. Tivesse ela
agendado o parto, como muitas mães fazem modernosamente para
comodidade e “alegria” de médicos, familiares e demais
envolvidos, teria perdido a oportunidade de fazer essa transição de
vida com sua filha, que parece ser tranquila, embora nada me tire da
cabeça que esta menina será assertiva, resoluta e de temperamento
bem definido.
O pai não teve tempo
de filmar direito o nascimento da menina, mas, certamente terá uma
filha mais saudável em muitos aspectos somente pelo tipo de parto
escolhido. Minha sobrinha ficou pouquíssimo tempo na maternidade,
onde entregou às visitas as lembrancinhas que ela mesma fez. Não
teve festa, doces especiais e bebidas para recepcionar os convidados
na clínica. Nem daria tempo para aderir à “moda” (?) que cerca
nascimentos badalados no Rio. Se Flora nasceu de um jeito “fora de
moda”, certamente foi pra nos lembrar que a vida é natural e que
pagamos um custo alto sempre que esquecemos isso.
2 comentários:
Se superou. Mais uma vez.
Emocionante. Minha sobrinha está em uma ótima família...aquela de sangue e a que a vida nos trouxe.
Obrigado, TIA MÔNICA!
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