Uma das conversas de acampamento. Gratidão, Flávio! |
Ontem, meu caçula fez
16 anos. Antes de apagar o bolo, recebemos a notícia da morte de
Flávio
Gameleira. Meus pais entristeceram. Eu, também. “Quem é
Flávio?”, perguntou o aniversariante. O irmão mais velho disse
logo: “O médico que fez o parto da vovó quando ela teve a mamãe
e o tio.” E eu completei: “E que auxiliou no seu nascimento e de
seu segundo irmão”. E aí comecei a pensar no que este homem
representava pra minha família. Eu o conheci como um amigo dos meus
pais, ginecologista da minha mãe. Cresci e ele foi o meu primeiro
ginecologista. Como médico, esteve presente em muitas (senão todas)
situações difíceis da família. Mas ele também gostava de
acampar, de viver, de conversar, de se divertir, de estar com os
amigos e com a família. E assim, aproveitamos muito da sua
companhia.
Entrei no Facebook. Um
dos filhos tinha postado um comunicado e as mensagens não paravam de
chegar. Comecei a sentir menos tristeza e uma profunda gratidão de
ter convivido com esse homem. Como médico, viu metade dos moradores
de Campo Grande (estimativa modesta?) chegarem a este mundo. Suas
pacientes não confiavam em outro “doutor”. Como a minha mãe,
havia muitas outras que retardaram sua aposentadoria. Como amigo, era
igualmente carismático. Tanto que, recém-casada, vi meu marido
rapidamente transformar-se em mais um de seus amigos. E foi seu
jeitinho de conversar que fez com que eu tivesse meu primeiro trailer
e voltasse a acampar, ainda que o marido não gostasse muito da vida
de campista. Acho que ele gostava mais das conversas com Flávio do
que do camping.
Ontem à noite fui
relembrando os muitos momentos em que ele esteve ao nosso lado como
profissional e amigo: firme, leal, sincero, cuidadoso, atencioso,
divertido, bom de papo. Há muito pouco tempo, minha mãe, numa
internação de emergência, pediu: “liga pra Flávio”. Ele não
poderia fazer nada, até porque a área de especialidade era outra,
mas ouvi-lo confortava e dava segurança. Difícil é dissociar
Flávio de sua companheira Cilu, uma pessoa carinhosa, amiga,
acolhedora e, pra mim, um grande exemplo de vida. É pra ela que,
agora, desejo que o conforto e o amor que ele nos dispensou em vida
retornem e pacifiquem seu coração sereno. E rezo pra que a tristeza
de seus familiares possa ser abrandada pela beleza de ver tantas
pessoas gratas por terem desfrutado e compartilhado da vida de Flávio
Gameleira. Obrigada, Senhor!
9 comentários:
Grande comentário, convivi muito esta época, que Deus o receba .......
Foi também meu primeiro ginecologista e quem descobriu que minha mãe estava grávida aos 6 meses e meio de gravidez. Era sem dúvida cheio de vida.
Saudades.
Belo e confortante comentário.
Obrigada! Escrevi com o coração porque foi a forma que encontrei de homenagear uma pessoa tão significativa para mim e minha família.
Tenho muito orgulho de ter nascido pelas mãos do melhor pai do mundo! Fará muita falta. Mas é muito bom ver que esse pai maravilhoso que eu tive também foi bom para muitas outras pessoas!
Bela descrição do Flavao e de suas muitas qualidades. Como sobrinho, pude partilhar de cafés e bons papos a cada encontro. Deixa bons exemplos em muitos sentidos.
Mônica, seus pais foram muito atenciosos neste momento. A emoção de ouvir Osmir falando do meu pai será inesquecível.
Obrigado pelo carinho.
bj
Lindo! Gostei de ler e sentir o quanto ele foi importante também para você, de uma geração mais nova, como médico e amigo, pois a amizade que o Sr. Fernando Gameleira, pai de Flávio, tinha com meu avô Caldeira, eu e seu pai tivemos o privilégio de continuar, com toda sua família. E, desde que você e seu irmão Marcelo nasceram, Flávio e Cilu,sempre com muito carinho, foram muito presentes em nossas vidas, em todas as ocasiões: alegres ou tristes. Vai ser difícil, para todos, prosseguir sem ele...........ELIANA ALVARENGA
Só agora vi seu post e me emocionei com a homenagem e veio a lembrança do meu pai trazendo a minha filha Fernanda no colo para eu vê-la, assim que ele a colocou no mundo.
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