Já tive uma coleção
linda de violetas. Aquela planta que a gente compra baratinho no
supermercado, coloca na mesa e quando morre joga fora, com vaso e
tudo. Pois é, eu gosto delas a ponto de, quando a minha coleçãozinha
estava no auge, comprar livros pra me instruir. Multiplicava,
adubava, entre outros cuidados. Até que uma praga bobinha exterminou
algumas. Fiquei tão chateada, sem tempo para os cuidados que a tal
da praga exigia, que descuidei nas regas, e, assim, perdi minhas
plantinhas. No ano passado, resolvi voltar a cuidar do meu jardim,
que andava muito abandonado. Na onda, comprei novos vasinhos de
violeta, comecei a regar, a replantar e elas estão indo. A primeira
mudinha nova já começa a vingar. Olho pra elas todos os dias, rego
alguns dias e fico muito feliz com os resultados, que me fazem pensar
que as violetas reproduzem exatamente o que acontece nos demais
aspectos da minha vida.
Sucesso profissional,
por exemplo, carece da mesma gama de cuidados que as minha violetas.
Contínuos, regulares, em volume e intensidade adequados. A aquisição
de conhecimentos nutre a nossa carreira, tanto quanto bons contatos e
conversas que deixam nossas mentes mais férteis. Transferência do
que se aprende, é como a multiplicação das minhas violetas, só
amplia o que já se tem. Participar de palestras e demais eventos que
tenham afinidade com a área de atuação escolhida, são tão
saudáveis quanto ler livros e revistas, acompanhar sites e ler
artigos sobre assuntos que trazem frescor ao que o já sabemos. Exige
tempo, é claro, assim como as minhas plantas, no entanto, mais
importante que o tempo é a regularidade. Quando incorporamos esses
cuidados à nossa rotina, os efeitos aparecem imediata e
significativamente em nosso desempenho profissional.
E o que dizer dos
relacionamentos? Filhos, amigos, cônjuges, pais, namorados: para
manutenção de relacionamentos prazerosos, profícuos e
satisfatórios, todos demandam cuidados, nos mesmos padrões das
violetas. Não há forma de ver uma relação crescer e vingar senão
pelos cuidados regulares. Digo aos meus filhos, diariamente, como um
mantra, que os amo. E, ás vezes, pergunto se eles já sabem desse
amor. São todos homens, mas, nessa hora, olham-me com ternura,
fingindo aquele enfado próprio da adolescência, e dizem, “claro,
né mãe”. Mas penso que esta é uma forma de não deixá-los
esquecer e de alimentar esse amor, para que eles possa multiplicá-lo
pela vida. Com seus amigos e com as figuras femininas que passarem
por suas vidas: das namoradas às avós.
Há relacionamentos que
começam despretensiosamente, mas que recebem tantos cuidados que vão
crescendo, estruturando-se, ganhando corpo e quando vemos já estão
lá, ocupando uma parte importante da nossa vida. Só porque foram
regados e adubados, tal qual minhas violetas. Parece bobagem dizer
“eu te amo” todos os dias, ligar pra saber como foi a reunião ou
o trajeto de casa pro trabalho, se o outro chegou no horário na
consulta de rotina. De novo, não é o tempo, mas a regularidade, que
promove o crescimento saudável. A falta deles é exatamente como a
falta da rega para as plantas: faz as relações murcharem até se
deteriorarem de vez.
Poderia falar de tantos
outros aspectos da vida, como o espiritual, o físico e o financeiro
cuja vitalidade depende de cuidados com as mesmas características.
Em nenhum aspecto, no entanto, tanto cuidado impede o surgimento de
pragas. Elas estão por toda a parte e podem dizimar não só uma
coleção de plantas, mas também uma carreira ou uma relação.
Nessa hora, não tem jeito: há que se priorizar e dedicar mais tempo
aquilo que se pretende recuperar. Aceitando o fato de que, às vezes,
o caminho é simplesmente deixar ir e aceitar a transformação... da
carreira, do emprego, da relação, da planta, da própria vida. A
despeito de nossos cuidados, a despeito de nossos quereres.
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