Sinto muito pela
menina e pela violência que sofreu. Mas sinto muito pelos
meninos-homens também, e chego a me culpar por sentir isso. Sou mãe
e muitos daqueles meninos poderiam ser meus filhos. Tenho uma
compaixão profunda desses que certamente não nasceram monstros.
Hoje, alguns deles seriam capazes de cometer atrocidades que eu
sequer ouso imaginar, mas são seres humanos. Como eu. Sinto amor e
compaixão por esses jovens, que a nossa sociedade relegou à margem.
Que eu, de alguma forma, também contribuí para marginalizar.
Seria mais fácil se
eu conseguisse me imaginar diferente deles. Eles e eu. Mas não
consigo. Sou tão parte disso tudo que tenho evitado os jornais para
não me doer ainda mais. Tento fugir dessa realidade que abomino.
Quero construir outra realidade, mas não dá para fazer isso
mantendo meus olhos fechados a esse lado obscuro. Peço perdão a
essa menina e a esses meninos-homens. Nenhum deles deveria estar em meio ao
tráfico, às drogas, aos abusos sexuais, à falta de oportunidades e
a tantas outras perversões sociais.
Neste momento, penso
em formas de substituir essa culpa improdutiva que sinto - que quase
me fez apagar esse post – por ações possíveis, capazes de fazer alguma
diferença na vida de algum jovem. Eu continuo com a crença de que
posso mudar o mundo… Se eu conseguir ignorar as vozes que dizem que
isso não depende de mim e que o mal é tão grande que não pode ser
combatido.
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