Alheio a tudo, ele segue seu curso... |
“A
vida tem seu fluxo e absolutamente nada acontece por acaso. O que, a
princípio, pode parecer uma experiência ruim, pode ser exatamente o
que a gente precisa pra evoluir, andar pra frente, virar páginas,
enxergar a vida com todas as suas possibilidades. Recuar, estancar ou
avançar são opções individuais, feitas de acordo com as condições
pessoais de cada um.”
Postei
essa reflexão no Facebook, porque me esqueço com frequência de que
a vida é processual e quando me percebo, aqui e ali, reclamando (no
meu caso, chorando seria mais adequado, porque sou chorona demais) de
algumas experiências, preciso me lembrar de que tudo passa. O
caminho do meio é sempre uma busca. Falamos do desapego, mas
esquecemos que isso inclui não tentar reter o que é bom, porque as
boas experiências também são finitas e, tanto quanto aquelas que
não apreciamos, têm a sua função em nossas vidas. Com
isso em mente, fica mais fácil viver. Tudo passa sempre.
E essa mesma tecnologia que me permite compartilhar reflexões,
maravilhosamente propicia também interações que promovem novas e
producentes reflexões e aqui estou a escrever pensando num
comentário que fala das “experiências desnecessárias”. Parei
pra pensar no que é desnecessário e imediatamente me veio a imagem
de um rio, correndo com seu fluxo, em seu leito. Nem ele pode evitar
as pedras: às vezes, abraça-as, sem estardalhaço; mas, outras,
choca-se produzindo espirros de água, para depois seguir seu curso
normalmente. Penso que somos assim. Se a experiência acontece, é
porque ainda não podemos evitá-la, precisamos senti-la para
aprender algo que nos falta e seguir nosso fluxo de vida.
Há algumas que procuramos, guiados por nossos desejos ou caprichos,
alheios às advertências do senso comum ou da nossa própria
sabedoria interior. Não conseguimos evitar e, de novo, penso que
seja porque ainda temos algo para aprender, e, às vezes, para
ensinar, nestas situações a que somos impelidos simplesmente pelo
desejo. Não se trata de ver a vida com lentes “cor de rosa”, mas
só agimos de acordo com as nossas possibilidades e abrir mão do
julgamento a nosso próprio respeito é também um grande e
importante aprendizado. Aos poucos, nessa busca, vou me permitindo o
inevitável: errar. Ser compassiva comigo é o primeiro passo para
exercitar a compaixão com o outro. E se o resultado das minhas ações
respingarem como a água do rio que se joga contra as pedras, saberei
que cada respingo é precioso, advindo de mais uma necessária
experiência.
Fico alerta, rogo por proteção e auxílio, mas meu caminho é
construído por cada uma dessas experiências e lá vou eu, como um
rio estabanado, seguindo o meu fluxo, esbarrando e abraçando pedras.
Dizem que bons pais não furtam aos filhos as experiências da vida,
mas acodem-nos quando precisam. Comigo, o Universo generoso tem
funcionado assim: não me impede lágrimas, mas seca-as, todas, a seu
(ou melhor dizendo, ao MEU) tempo.
Lembrei de Fernando Pessoa...
MAR
PORTUGUÊS
Ó
mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
2 comentários:
Ótima reflexão, belas palavras. A pura verdade diante dos nossos olhos.
Eduardo, só hoje vi seu comentário! Obrigada! Grande abraço.
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