Grupo da Flotilha Barra Vela, onde velejei por dois anos |
Velejar tem me possibilitado o contato com o que há de mais essencial e verdadeiro em mim mesma. Parece exagero? Mas não é! A emoção que sinto quando consigo controlar meu barco e entender-me entre cabos, bolina e leme, integrando-me ao vento e às ondas é indescritível. Ver o sol se pôr a bordo do Laser e poder velejar em seu reflexo até que ele desapareça por completo produz bem estar tão grande que as idéias por si só vão encontrando seu rumo.
Homenagem que fizeram à única mulher que velejava regularmente no grupo |
O resultado de todo esse blá-blá-blá é uma delícia: aos 35 anos e depois de três filhos, renasço e descubro (ou redescubro) novos horizontes. Revejo valores, posições e objetivos que fazem com que eu sinta orgulho – por que modéstia? - de mim mesma após cada velejada. Vencer as dificuldades de conciliar a vela com a vida pessoal, profissional e familiar tem se justificado. Os novos amigos que faço só reiteram a crença de estar no caminho certo. Nos locais onde tenho velejado – lagoas de Araruama e Marapendi - ainda não descobri como colocar e retirar o barco da água sem ajuda e sem fazer muita força, mas isso virá com o tempo. Com o tempo também virão novas descobertas. Mas, por enquanto, o que me importa é aproveitar ao máximo essa nova paixão que não é nem de longe tão impossível quanto eu imaginara. Já sei velejar...“agora só me resta sonhar!”.
* Quando escrevi esse texto – em 2003 - era sócia do CCB e participei da XXII Transararuama, na categoria Laser Dupla. Publico-o hoje para lembrar que estamos sempre ganhando novas oportunidades de encantamento da vida. Não velejo mais, mas ainda conservo esse amor pelo esporte e um desejo enorme de voltar a praticá-lo.
3 comentários:
Que lindo...
Para voce amiga:
“Tanto mar, invés de nos separar, nos uniu. Em 141 dias de ausência, do início ao fim, o Paratii fez a sua volta e retornou a Jurumirim. A Terra é mesmo redonda. Ao longo do caminho, pensando bem, nem vento, nem ondas, nem gelo tão ruins, porque no fim, nada impediu meu veleiro de voltar inteiro à sua baía. E nada foi melhor do que voltar para descobrir, abraçando as três, que o mar da nossa casa não tem mesmo fim.
Pior do que passar frio, subindo e descendo ondas ao sul do oceano Índico, seria não ter chegado até aqui. Ou nunca ter deixado as águas quentes e confortáveis de de Parati. Mesmo que fosse apenas para descobrir o quanto elas eram quentes e confortáveis. Eu senti um estranho bem estar ao contornar gelos tão longe de casa.
Hoje entendo bem o meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é, que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.
“Mar Sem Fim”, de Amyr Klink
Beijos,
Li.
Você é gente que faz. Continue fazendo, amiga.
E nos contando...
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